Friday, March 13, 2009

HOJE É CARNAVAL

Pronto ela se fudeu! Deixou tudo pra última hora e teve que passar o Carnaval em São Paulo mesmo, sem blocos na rua, sem trio-elétrico, sem escola de samba e sem camarote de graça no Anhembi. Se fudeu! E o pior de tudo é que ainda iria estar sozinha.
Suas resoluções não foram muito originais mas, com certeza foram pra lá de inteligentes. Ela comprou alguns DVD's, dois livros, algumas comidinhas intessantes, um pacotinho de "blondor" enfim, coisas pra se ocupar, e não sofreu.
O Carnaval estava indo de vento em popa... Ótimo! Um tempo pra ela era o que ela precisava. Numa hora de angústia, foi até a casa vazia da mãe, que como o Brasil inteiro também estava viajando, roubou o video-game do irmão e começou a matar Zumbis. Matou muitos, vários, todos eles... e foi.
Estava se virando bem, até faltar leite de coco e ela precisar ir dar uma passadinha no Santa Luzia na tarde de segunda. Entre o corredor de geléias e a parte de temperinhos ela encontrou uma amiga que ela não via faz muito:
- Não acredito!
- Nem eu! Não acredito que você está passando o Carnaval em São Paulo.
- Tô! E tô feliz! Pensei que ia ser solitário, mas tô bem...
- Você está em São Paulo sozinha? Para! Isso tem nome?
- Não! Não tem não... Não é homem não!
- A gente tem que sair hoje! Você vai numa festinha comigo! Tem que sair! Vai ser ótimo!
E na hora marcada ela estava pronta esperando a amiga passar na casa dela. A festa era doidinha, monte de gente que não combinava. Sobreviventes de um Carnaval em São Paulo. No meio deles estava ele. Ela olhou, ele olhou. Conversaram... Ela não prestou muita atenção, já estavam bêbados. Transaram loucamente a noite toda. Ela adorou, ele também afinal era Carnaval. Quando ela acordou na casa dele na terça, percebeu que tinha tido uma das melhores transas da sua vida, com o cara mais chato do mundo.
Não isso não era brincadeira, ele era realmente a pessoa mais chata do mundo. Ele tinha um emprego bom, era bonito, educado, mas era chato. Muito chato, chatíssimo. Se a chatice dele fosse uma personalidade, ela seria a Madonna. Quando ele pediu o telefone, ela deu um número. Não o dela, um outro. E ela finalmente começou a entender os homems... Graças a um Carnaval em São Paulo.

Monday, February 16, 2009

PEQUENOS ENCONTROS

A Adriana estava conversando com o Silvio fazia tempo na internet, papo vai, testemunhal no orkut vem, volta uma piadinha no msn e os dois começaram a pensar em se conhecer. Ligaram a camera e foi só alegria, ambos não mentiram, nem usaram o Photoshop e pra uma sexta enfim, marcaram a data do encontro.
Iriam se encontrar numa baladinha que a Adriana sempre ia com as amigas, se o cara fosse péssimo ela teria outras opções, se fosse bom ela beijaria e se fosse um maníaco as amigas estariam lá pra ajudar. Na hora e no dia marcado a Adriana posava de sentinela, com o olho vidrado na balada procurando o Silvio.
Como o Silvio estava demorando a aparecer, e as amigas da Adriana já estavam se dando bem ela resolveu pegar um drink, que logo se transformou em dois, três, cinco... até que ela sentiu um puxão no braço: "Adriana!?". Ela virou louca pra achar ali o cara que fazia tempo ela queria encontrar, mas não viu nada, até olhar pra baixo...
Sim o Silvio era uns 25 centímeros mais baixo que ela... Não que a Adriana fosse alta, e nem que homens mais baixos fossem um problema pra ela, não eram, até ela encontrar o Silvio. Como pode ser tão tapada! Nunca tinha perguntado a altura dele! O sorriso amarelo foi a única resposta que o cérebro dela achou naquela hora:
- Ahhh! Já sei! Você não gostou...
- Eu? Não, imagina Silvio... Não é isso não!! Adorei!
- Puxa que bom!! Eu também adorei você! - e já veio abraçando...
- Que legal! - disse a Adriana tentando se livrar do abraço. - Que bom que a gente se gostou né? Mas eu estou tão cansada hoje...
- Tudo bem, eu também estou... Podemos sair daqui e ir tomar alguma coisa...
- Melhor não eu já tomei demais.
- Um café.
- Melhor não!
- Poxa eu vim de tão longe pra te encontrar...
- É verdade... Liliput fica mesmo do outro lado do mundo.
Ao dizer isso a Adriana levou as mãos a boca, mas já era tarde demais. As palavras e a piada sairam sem pensar direto pro coração do jovem doende, que virou as costas e saiu sem deixar vestígios, sem nem mesmo precisar dizer seu nome ao contrário...
A Adriana ficou uns 15 minutos parada, tentando entender o motivo da sua frieza e da maldade da sua piada. Não entendeu, tentou se desculpar sem sucesso e até agora está pensando de que parte dela que saiu aquela flecha. Vai entender...

Tuesday, February 10, 2009

QUANTO TEMPO FAZ

Eu sei que é feio escutar conversa dos outros, mas tem horas que não dá... Quando o papo é baixaria, eu me torno uma espécie de minha mãe e vou embora no papo alheio. Duas mulheres, até que bonitas, sentadas na minha frente no avião:
- Nossa!
- Nossa o que?
- Meu só de entrar em avião eu penso em quanto tempo faz que eu não vejo um pinto!
- O que isso tem a ver?
- A última vez que eu vi um pinto foi quando eu fui pra Nova York, em novembro.
- Ishhh, nem te falo da minha vida então.
- Por que, faz mais tempo?
- Lembra quando eu fui a Espanha em outubro? Outubro? Estamos em fevereiro, faça as contas...
- Affff... Bom, ando tão desesperada que tem certos momentos que eu penso em pagar um cara. Pagar mesmo, um daqueles bem fetiche. Só pra ele me mostrar, deixar eu pegar e eu falar tchau.
- Ahhh não, se eu estiver pagando ainda tem que dizer que me ama.
- É! Boa! Tem que dizer que me ama... Depois ir embora e me ligar no dia seguinte. Só pra dizer que está com saudade.
- Posso falar? Isso eles não fazem nem pagando.
- Mas eu ia fazer assim: Pagava primeiro pela pegada, vistoria e diálogo e depois pagava pela ligação do dia seguinte.
- Boa tática!
- Eu sou boa nisso!
- Mas, agora sério... Você teria coragem?
- Só pra zerar o cronometro? Sim, acho que teria...
- É?
- É. Acho que sim... Quer dizer, sei lá... Se eu estivesse desesperada.
- Mas você não disse que estava desesperada?
- Mas não a esse ponto! Muito deprê!
- Também acho.
- Antes disso eu toparia até ligar pro Chicão!
- Credo!!
- Ahh sei lá, pelo menos eu não teria que pagar pra ele dizer que me ama!
Depois disso as moças foram em silêncio absoluto até o Rio de Janeiro. Se a viagem fosse até Palmas, eu acho que saberia mais...

Monday, February 02, 2009

PARAR NO MEIO

Tem certas coisas na vida que não podemos dessitir de fazer depois de um determinado momento. Saltar de paraquedas, andar em uma montanha russa alucinate ou pintar sozinho o seu apartamento são algumas delas... Não dá pra desistir, começou tem que ir até o fim. Deviam ter contado isso pro Guilherme!
A Paula conheceu o Guilherme num desses momentos da vida que era melhor continuar sozinha do que conhecer alguém. Mas fazer o que? Ela o conheceu e pronto. Ficaram uma, duas, dúzias de vezes e tiveram dezenas, centenas e milhares de problemas. Tudo que no começo dos dois foi bacana, depois de um tempo azedou, estragou ou virou merda... Eles não davam certo e pronto! Sempre que tentavam, que se encontravam ou ficavam, o final era sempre o pior.
O tempo passou, não se viram por um par de anos, um namorou umas, outra outros e numa bela noite a Paula tava lá: toda se esfregando na parede da boate com um peguete, quando o Guilherme apareceu!
Entre um beijo e outro a Paula olhava pra ver se o Guilherme continuava lá, pra ver se ele tinha visto ela com o cara, e sim, ele ainda estava lá e sim, estava olhando pra ela com o cara. Foi num segundo que o peguete deu um tempo que o Guilherme se aproximou e comprimentou a Paula e o cara. Conversaram civilizadamente, o Guilherme se afastou, mas continuou olhando... Foi num golpe de mestre do destino o peguete saiu de cena e a Paula se viu com o Guilherme sozinha... Conversando com um gin tônica na mão, o terceiro da noite:
- Tanto lugar na balada, e você tinha que ficar aqui do meu lado?
- É que eu queria atrapalhar.
- Conseguiu. O que mais você quer agora?
- Ir embora com você...
Nesse momento um filme com a história dos dois passou na cabeça da Paula, mas ela não prestou atenção, estava beijando o Guilherme...
No carro indo pra casa dele a tensão e o tesão eram enormes, finalmente eles iam fazer o que sabiam fazer muito bem, sem culpa sem problemas e sem pensar no amanhã... Ia ser ótimo e ambos iam lavar a alma de um passado conturbado e nem se ligar no dia seguinte.
Ia ser ótimo... Ia, no passado mesmo, vocês entenderam bem! Sim, porque no meio da coisa, com tudo conturbado como estava sendo, ela de calcinha, ele de cuecas, a Paula escuta um:
- Vai começar tudo de novo, né? Se veste. Eu vou te levar pra casa!
- Que? - isso só podia ser ou efeito do gin, ou o fato de ele ter achado que ela engordou.
- Eu não quero que comece de novo, eu vou te levar embora. Se veste!
Foi mais ou menos nessa hora que tudo ficou preto, e a Paula bateu no Guilherme. Bateu não! Ela socou o Guilherme. Socou mesmo, sem dó e pra valer.
Numa mistura de choro e gritos irados eu fiquei sabendo dessa história as 5h da manhã, com a Paula pendurada no telefone, enquanto provavelmente, em algum lugar de São Paulo o Guilherme pensava em como curar um olho roxo. A Paula jura que esse foi o fim da história deles, mas com certeza o Guilherme agora está sabendo que pra certas coisas , é melhor chegar ao fim do que parar no meio...

Wednesday, January 21, 2009

SÃO PAULO FASHION WICKED

Eis que está tudo bem e tranquilo. Você consegue sair as 6h sem pegar trânsito, consegue chegar à academia com tempo, consegue ir aos restaurantes legais sem fazer reservas, consegue entrar num café bacanudo num domingo à tarde e fumar um cigarro conversando sobre futilidades até que, aparecem elas: As Bruxas do Fashion Week.
Me desculpe quem trabalha com moda, mas esse povo não dá. Eu gosto de moda, amo! Gasto com isso, sou consumidor, entendo um pouco e eu até dou meus pitacos, mas por que elas são assim? As mulheres da moda são as Bruxas da sociedade moderna! Elas metem o pau em todo mundo, acabam com as coleções dos estilistas, falam que as modelos estão gordas, dizem que a carreira de não sei quem acabou, te olham de cima abaixo e esquecem de se olhar no espelho...
Sim, por que o que são aquelas mulheres?
Sempre descabeladas, sempre com alguma coisa pendurada de tecido como se tivessem saído de um atelier faz pouco, as gordas sempre com coisas amarradas, as magras sempre parecendo drogadas, todas sempre de saco cheio, sempre mal-humoradas, sempre de cara fechada e sempre te medindo, como se você tivesse vestido igual a elas.
E então, desde o dia que isso tudo começa, você não consegue mais continuar jantando gostosinho no Spot depois do final do último desfile. Porque elas entram, montadas em suas bolsas maiores que elas, com as sobrancelhas arquedas e ancoradas num séquito em formação de pato, que se prostra do lado da sua mesa e além de provavelemente te criticarem pela sua roupa, vão te recriminar por comer.
Aguardo asiosamente o final da temporada das Bruxas, que deve se dar lá pelo domingo... Mas então será a semana dos duendes voltarem às aulas, e aí adeus tranquilidade!

Friday, January 16, 2009

A MINHA FAVORITA

Quem mora sozinho adquire certos vícios que são difíceis de largar. Atualmente o meu vício é chegar da academia, acender um cigarro e ver a Flora fazer maldade na TV. Sou fã da Flora, gosto dela, seria amigo dela, e fiquei morrendo de dó quando a Gordatella disse que não gostava dela e rasgou a Maria Balinha.
Obviamente não é o fato da Flora ser uma assassina que me faz gostar dela, e sim o fato de ela ser o único ser pensante em uma novela com quase 300 personagens. Se eu vivesse como ela cercado de gente burra e estúpida eu também mataria as pessoas como se elas fossem formigas. É compreensível! Ninguém suportaria tanta ignorância, tanta burrice, tanta falta de comunicação sem ter uma atitude de no mínimo violência perante as antas.
Só sei que à partir de amanhã vou ter que viver sem a Floreta e tentar me ocupar com alguma coisa que tenha um visgo a mais de cultura, e que de alguma forma não me faça ir dormir com raiva da estupidez que os autores de novela resolvem imputar em seus personagens.
Mas eu estou sendo injusto, João Emanuel Carneiro foi um autor genial, que na minha leiga opinião mudou o jeito de se fazer novela não mostrando quem era a vilã logo de cara, fazendo o público parar o que estava fazendo pra ver o julgamento da Gordatella, a morte do Gonçalo e o dia da vingança... Hoje Beijinho Doce toca em pistas de dança de todo o país e não sai da cabeça de mais ninguém, e quando aparece em algum lugar é possível ver todas "as boquinhas mexendo" enquanto a música toca.
Enfim, não queria que a Flora morresse mas acho que a minha Favorita não vai escapar desse final... Só sei que pensando como a Flora, bem que ela poderia levar junto com ela, o Zé Bobo, a Véia Tarada, a Gordatella e o Cassianjo pra ver se aumenta o Q.I. do horário nobre no Brasil. Ahhh eu também não posso me esquecer de pedir pra Flora levar com ela a Lara, porque na boa, "ô menina pra gritar"...

Thursday, January 15, 2009

DOR DE BOLSO

Já aconteceu de você pensar em comprar alguma coisa, tirar um extrato e reparar que você não tem nenhum centavo? Pois é, isso me aconteceu hoje! E não é nenhum centavo assim no figurativo... É nenhum centavo mesmo! Nem pra remédio, nem pro cigarro, nem pra encher a cara no bar, nem pra uma uma última esbórnea antes do mundo acabar... Dinheiro pra nada! Aí perguntam:
- Nossa!! Mas você gastou os tubos nas férias?
- Não!
- Tá comprando apartamento?
- Não!
- Comprou carro? Moto? IPhone? Computador novo? Tá pagando alguma viagem? Fazendo algum tratamento estético? Fez plástica?
- Não, não, não, não, não, não, não!!! Não fiz nada disso e estou pobre! Em ruinas! Falido!
- Como assim? Olha direito! Você deve ter gastado em alguma coisa e não percebeu...
- Tô olhando! Veja, aluguel, supermercado, plano de saúde, professora de inglês, material de limpeza, tv a cabo, internet, telefone, luz, IPTU, empregada, parcela da bicicleta, duas idas ao cinema, dois janteres baratinhos, nada de extra...
- Credo!
- Credo o que?
- Credo, ué!
- Eu te falo que estou abrindo concordata e você me fala "credo"?
- Claro! Isso é pobreza! Pobreza séria! Pobreza de terceiro grau! Se você cortar alguma dessas coisas, vai mudar de classe social e aí já viu...
- Já viu o que?
- Nós vamos ter que deixar de ser amigos! Ou você acha que eu vou ficar andando com gente de nível mais baixo?
Agora aguenta essa, além de ir pra base da pirâmide, ainda tenho que trocar as amizades!

Tuesday, September 30, 2008

O NADA

Tudo que sobe, desce, tudo que é quente um dia esfria e tudo que começa, acaba... e dá lugar ao nada.
Simples assim, como uma verdade absoluta, um dia eu levanto da cama disposto a acabar com tudo. Se alguém me traiu? Não que eu saiba. Se a gente brigou? Não que eu tenha notado... O que foi então? Nada... Acho que é justamente isso, não foi nada! O nada chegou no meio da gente e disse "oi, eu vim pra ficar".
O nada é um negócio sério, faz perecer um relacionamento em segundos. Quando eu dei por mim, já não me interessava em contar nada, em compartilhar nada e o que é pior em escutar nada. O nada me cegou de tal maneira que eu só enchergava ele, fato que me deixou até um pouco apático, diante do que estava acontecendo:
- O que é que você tem?
- Nada.
- O que você quer fazer?
- Nada.
- Você comeu alguma coisa?
- Nada.
Acho um pouco óbvio que as duas pessoas são culpadas quando o nada se instala no meio da relação delas, mas na maior parte do tempo, acho que eu que o estava convidando a entrar... Se eu entendo por que fiz isso? Não! Se eu entendo ao menos o que me aconteceu? Também não!
A única coisa que eu vejo é uma série de pequenas fissuras que um dia deixaram o vaso quebrar e espalhar nada por todo que é lugar!
Faltou assunto eu acho. Faltou referência e admiração, o resto a gente tinha. Mas pensando bem... quem não tem assunto, tem alguma coisa? Acho que nada...

Thursday, August 28, 2008

AGENDAS

Hora do almoço, uma quinta-feira comum, o celular toca:
- Oi, nega!
- Oi amor... Tudo bem? Quer ir almoçar comigo?
- Não posso. Tenho aquela reunião que eu te falei... Ainda tenho que entregar uns arquivos no fim da tarde e arranjar um tempo pra ir ao banco.
- Hoje é o aniversário da sua amiga né?
- É. Lá pelas dez horas eu te encontro na frente do teu curso e a gente vai de lá. Tô tão cansado... Esse fim-de-semana nós vamos ficar tranquilos né? Só nós dois?
- Vamos claro! Mas amanhã tem a despedida da Bia sua amiga e depois o aniversário do meu chefe.
- Ahh é! E minha mãe está me cobrando um almoço, vou almoçar com ela no Sábado. Sábado você trabalha?
- Trabalho, mas é só até as cinco. Depois a gente não vai no lancamento do livro do meu amigo? A gente pode ficar sem fazer nada a noite...
- A noite não vai dar... Tem o aniversário do Thales e a festa do João que vai chegar de viagem.
- Domingo então...
- Domingo você vai almoçar com a sua mãe e eu vou no churrasco do pessoal da faculdade...
- Isso sem contar que domingo a noite é a última apresentaçnao da peça do Bruno e ele mata a gente se não aparecermos por lá.
- E segunda?
- Segunda você tem inglês e eu tenho curso de novo...
- E dezembro? Em dezembro vamos conseguir ficar só nós dois?
- É... acho que sim... Pra dezembro eu não tenho nada marcado.
- Que bom, até lá a gente pode se ver nos intervalos das séries de musculação na academia.
- Boa! Falando nisso, já que você não vai almoçar comigo eu vou à academia na hora do almoço. Beijo gato! Até a noite.
- Beijo!
Começo a entender quem tem icompatibilidade de agendas... Sorte que ainda estamos nos encaixando um na agenda do outro.

Thursday, August 14, 2008

NÃO SEI

Então em um belo dia, acontece tudo como sempre acontece, só que com uma diferença: você passa a ir às festinhas acompanhado, sempre com a mesma pessoa. Isso não aconteceu por pressão, nem por falta de locomoção... Você começa a ser visto em público sempre com alguém que você não conhecia antes, que passou a conhecer e que passou a dormir com você, te contar o dia dela, mandar mensagens bonitinhas... Essa sua nova companhia além disso gosta de alguns defeitos seus, acha o seu beijo incrível, acha bonitinho você tremer o pé pra dormir, gosta da sua comida, te liga do nada pra falar nada e você acha legal, dorme no seu peito quando não entende o filme e te chama de um apelido que só vocês entendem. É mais ou menos nessa hora, que entram os amigos:
- Oooooooooi - dizem os amigos, sempre encompridando o "o".
- Oi - você responde, depois de fingir que ninguém está te olhando com cara de eu-sei-que-vocês-estão-namorando-mas-ainda-não tiveram-aquela-conversa. Até que alguém pergunta...
- Escuta - como se fosse falar do tempo - Vocês estão namorando?
- Não sei - você responde com medo.
- Não sei também - do outro lado a insegurança também é clara.
- Ahhh, ainda não tiveram aquela conversa?
- Não! Quer dizer, que conversa? Não, acho que não... Ou já? Já tivemos?
- Não, acho que não! Conversa?
- Ahh então está na hora de ter! Vamos lá! Tenham! Não doi nada ter "a conversa". Vamos nós não temos a festa toda! - e seus amigos, como uma corja de idiotas, se prostram na sua frente e se montam como uma platéia de circo de horror, só que com os olhinhos apaixonados.
Você resolve que não há saída e pergunta:
- A gente tá namorando?
- Não sei! Acho que estamos... Estamos?
- Não sei, acho que estamos... Então vamos dizer que estamos?
- Vamos?
- Ahhh, namora comigo então?
- Tá! Namoro!
Preciso dizer a cara dos amigos nessa hora? Não, né? Se bem que se for pensar bem, eu não sei. Porque estava olhando pra outro lugar!

Thursday, July 10, 2008

JUNTAR AS ESCOVAS

Tarde de sábado, dia lindo e frio, você arrumando umas gavetas, toca seu telefone:
- Oi!
- Oi! Tudo bem? Você tá ocupado?
- Um pouco, mas pode falar... Estou arrumando umas gavetas.
- Arrumando gavetas? Com um dia desses? Só você mesmo... O que aconteceu? Colocaram as meias no lugar errado?
- Não... É que a moça passou as camisetas diferente do que estão na pilha... Acho que ela esqueceu de usar o gabarito que eu dei pra ela... Estou dobrando todas do mesmo tamanho... Ahh vc me conhece. Mas fala! Tá tudo bem?
- Tá sim... Quer dizer... Eu queria conversar com você...
- Ai que medo desse "quer dizer"! Conversa! Aconteceu alguma coisa? Quer vir pra cá?
- Bom, na verdade quero sim... Foi por isso que eu liguei...
- Então vem. Vem agora! Você está me deixando preocupado...
- Agora eu não vou... Posso ir daqui uns 20 dias?
- Que?
- É... Ir daqui uns 20 dias e ficar por seis meses?
- QUE? Como assim? Quer pelo amor de Deus dizer coisa com coisa? Você tomou algum remédio forte? Bateu a cabeça? Sua vista está escura?
- Péra Zagaia... Vou te explicar... Meu contrato de aluguel acabou, eles subiram muito o preço de onde eu estou morando. O apartamento que eu estou comprando só fica pronto em janeiro. Eu queria que você me deixasse morar com você por 6 meses... É isso...
- Nossa! Hãaa! Claro! Tudo bem... Mas como assim? Desculpa, você me pegou muito desprevinido. Morar comigo? Você sabe como eu sou neurótico? Eu arrumo gavetas em um dia como hoje! Eu tenho uma esponja pra cada tipo de louça! Eu separo meias e cuecas por cor, eu lavo todas as roupas separadas de acordo com que está escrito na etiqueta, eu faço arroz e feijão pra semana inteira as 3 horas da manhã, eu faço tortas e bolos quando eu estou com tédio, meu guarda-roupa é em degradê, eu uso o vaporeto no sofá, eu tiro o pó antes de a moça vir porque eu acho que ela não liga pra isso, eu muitas vezes refaço o trabalho dela e eu fico doente quando tiram minhas coisas do lugar! Você tem certeza que quer morar comigo? Eu vou transformar sua vida em um inferno!
- Tudo bem...
- Tudo bem? Eu te conto minhas piores manias e você fala "tudo bem"?
- Ah Zá... Tudo bem... Eu quero assim mesmo...
- É?
- É...
- Mesmo tendo tudo isso de ruim?
- Sim. Sabe por que?
- Porque você bebe?
- Não. Porque você é meu amigo e a gente vai superar isso tudo.
Fofo né? Primeiro de agosto eu vou ter um roommate.

Friday, June 13, 2008

A CUECA FANTASMA

Semana passada eu tive um hóspede, um amigo estava reformando o apartamento dele e resolveu trocar o horror de uma obra, por uma boa companhia e risadas até cair no sono. Eu nunca tinha hospedado ninguém na vida e não sabia como me portar, o que oferecer, então fiz como a minha mãe, enchi a geladeira de doces, tortas, e bolos e achei que estava tudo bem. Nem preciso dizer que sobrou muita comida ao final dessa semana e que nós pouco nos vimos, há não ser pelas risadas que realmente rolavam até cairmos no sono.
Essa semana, o anjo que trabalha em casa foi lá no dia de costume, pra botar em ordem a casa depois que dois homens dividiram o apartamento. Quando eu cheguei do trabalho havia um bilhete com uma cueca em cima da cama: "seu amigo deve ter esquecido essa cueca", dizia o bilhete. Sim obviamente aquela cueca não era minha, ainda bem que o Anjo tem noção, ela não entraria nem na minha coxa. Liguei pro meu amigo e falei:
- Oi Nego, você esqueceu uma cueca aqui em casa.
- Eu? Eu não senti falta de nada...
- É mas tá aqui... É uma preta, com uma etiqueta da bandeira da Suiça.
- Bandeira da Suiça?
- É... Quando a gente se encontrar eu te levo a cueca.
- Como bandeira da Suiça?
- Como assim? Uma bandeira da Suiça, na etiqueta... Uma cueca preta com a bandeira da Suiça!
- Zagaia... - houve uma pausa dramática - Essa cueca não é minha...
Sim, eu me senti como naqueles episódios das histórias de terror que o Mário Lago apresentava no Fantástico, onde a "mãe da Berenice" levava flores pra alguém e uma outra pessoa acabava dizendo que a "mãe da Berenice" já havia morrido.
- Como não é sua? Como que uma cueca que não é minha veio aparecer na minha casa? Se a "moça" que trabalha aqui estivesse lavando roupa pra outros moradores do meu prédio ela não ia se denunciar me mostrando a cueca... e isso também não pode ter caido na minha área de serviço... tem uma rede lá!
- É Zagaia, eu sei... Você não levou ninguém aí? Alguém pode ter esquecido...
- Como assim? Você está achando que eu organizei uma suruba na minha casa? E alguém por acaso acabou esquecendo a cueca? Isso é impossível, ninguém entrou aqui nesses dois meses! Que juízo você está fazendo de mim?
- O de alguém que se diverte... Bom, deixa eu desligar que eu estou entrando na academia... Boa sorte com o "mistério da cueca".
Pode? O cara mora comigo por uma semana e ainda duvida da minha boa reputação? Até o final desse post, o Mistério da Cueca Fantasma ainda não teve solução...

Friday, May 16, 2008

QUEM RECLAMA...

Faz algum tempo, postei uma história sobre o barulho que meus vizinhos do 81 faziam ao transar no meio da madrugada. Achei que isso me incomodava... Ledo engano.
Os antigos vizinhos foram perturbar outros mortais com suas noites de sexo alucinantes, o 81 ficou desalugado meses, passando por reformas que tiravam o meu sono aos sábados de manhã, até que um novo casal mudou para o famigerado apartamento em cima do meu. Nos primeiros dias claro, eles tinham acabado de mudar, era normal fazerem muito barulho, dei um desconto. Aí veio o feriado, eu viajei, nem liguei se eles pularam até cair dentro da miha sala, mas ao chegar na segunda a noite senti que o barulho de 'estamos mudando' ainda se fazia presente.
Manhã de terça, 7h15: Um saltinho frenético passeava em cima da minha cabeça. Não é analogia não, é em cima da minha cabeça mesmo. Toc, toc, toc, algum tempo no lugar, toc, toc, toc, outra paradinha. Eu podia saber onde a desgraçada estava. Se estava no banheiro, na sala, cozinha, quarto. De repente ela deixou cair alguma coisa no banheiro, sim porque ela é estabanada, e eu a escutei catar coisa por coisa do que parecia ser um estojo de maquiagem.
Quando deu mais ou menos 15 para as 8 ela começou a corrrer, a maldita devia estar atrasada. E não parou mais de correr até as 8h15 mais ou menos. Sim eu acordo as 8, mas quem disse que eu gosto de acordar com um terremoto acontecendo no andar de cima? Isso vem se repetindo diariamente.
Além disso, quando eu chego da academia, morto de mal humor porque eu odeio ser obrigado pela sociedade a malhar, deve ser a hora que a desalmada treina com bolas de golf no chão da sala, sem me deixar ouvir o a Dra. Grey está dizendo na TV.
Sinto que meus dias de 'vizinho bacana' estão chegando ao fim, a 'Bruxa do 71' vai nascer com fúria e será odiada por 10 entre 10 moradores desse edifício. Quem mandou reclamar dos vizinhos que transavam? Pelo menos era divertido...

Friday, May 09, 2008

CLASSIFICAÇÃO DE FILMES

Tarde chuvosa, nenhuma vontade de trabalhar, por volta das 5h. A conversa com um amigo rolava solta no MSN:

Amigo: Você lembra de uma seriado que tinha uma bruxa? Que quando ela estava pra baixo, abria uma porta de onde saíam vozes gritando: "Linda! Gostosa!"? Gente assobiando? E de onde também vinham flashes de câmeras?
Eu: Não! Mas bem que eu queria uma porta dessas em casa.
Amigo: Com todo mundo te chamando de gostoso? Só pra se jogar lá dentro né?
Eu: Ou pra puxar alguém pra fora. Eu não preciso de muito não. Uma pessoa só basta.
Amigo: Aí no dia seguinte você abre de novo a porta e troca, né?
Eu: Não... Eu pego amor! Eu sou daqueles que nunca devolvem os filmes no dia certo na locadora! Sempre devolvo com atraso.

E foi aí que começou uma das melhores analogias que eu já tive com um amigo em uma conversa de MSN.

Amigo: Quando devolve, né? Se o filme for muito do seu interesse você nem devolve.
Eu: É. Mas as vezes o filme foge. E volta pra prateleira, de onde nunca deveria ter saído. Tem filme que nasceu pra prateleira.
Amigo: Também tem aqueles que você assite uma vez, acha maravilhoso, e depois de 10 vezes não aguenta mais.
Eu: É! E tem filme fácil de esquecer, filme trash, filme melado demais, filme com mensagem subliminar.
Amigo: É tem mesmo! E tem também uns que são bem ruinzinhos, que a gente passa longe e aqueles que achamos tão bons que temos medo de ver!
Eu: Tem aqueles que você se apaixona, aqueles que você nunca mais esquece...
Amigo: Tem os de comédia, os de aventura... Os pornozinhos, que não são nada ruins, os tristes que te fazem chorar muito, os que te dão medo, os que te fazem rir. Tem os de arte, que você tem que colocar o óculos pra entender. Tem os clássicos, os mudos. Tem aqueles que o trailler é muito bom, mas quando você vai assistir não tem conteúdo nenhum. Tem aqueles que do nada, você nem sabia que ia assistir e te surpreendem...
Eu: Tem aqueles que são previsíveis, que você já sabe onde vai dar. Tem os com muito efeito especial. Tem os filmes de viagem, os que duram um dia, os em tempo real...
Amigo: Tem aqueles que você não entende nada...
Eu: Tem os com final feliz...
Amigo: Tem aqueles que não tem final, os que tem continuação...
Eu: É, e que viram trilogias...
Amigo: Tem aqueles que você começa a assistir num dia, depois continua na outra semana e só vai terminar de ver depois de um mês.
Eu: Eu acho que já fui um desses, mas deixa pra lá... E tem também aquele que só serve pra te fazer esquecer o último filme que você viu. Aquele que volta lá sempre só pra dar uma assistidinha nas melhores partes.
Amigo: Tem mesmo! E tem também aqueles que está tudo pronto, pipoca comprada mas não tem filme.
Eu: E tem sempre aquele que ninguém nunca ouviu falar, ou não sabe o nome...
Amigo: É mas tem também aquele que todo mundo já viu! Os blockbusters!
Eu: Ahhh esses sempre vão existir... Mas outros que também vão sempre existir são os filmes da nossa vida. Aqueles que a gente não esquece nunca, que sempre vai lembrar com carinho...

Ruim catalogar seus relacionamentos como se catalogam filmes? Pois é, mas muitas vezes eles não são mais do que isso... Histórias pra contar.

Monday, November 12, 2007

ENCONTRO ÀS CLARAS

Domingo a noite. Lá pelas 10h30 da noite. Um casal de amigos ultra-apaixonado, com um papo engraçado. Uma pizzaria. Uma Coca Zero bem geladinha. E na sua frente, uma visão que você preferia não ter tido nem quando chegar ao inferno.
Você se transfigura, seus amigos notam, você sua frio, quer ir embora, mas é inevitável que algum deles olhe pra trás e também veja sua ex-namorada se pegando com um cara na mesa a sua frente. Tenha dó né? Com tanta pizzaria em São Paulo!
O casal amigo tenta desviar o assunto, falar de outras coisas mas você não vê mais nada além daquilo, nem mesmo o garçom com a sua pizza queimando a mão dele.
Depois de se distrairem com suas línguas e mãos em plena claridade, eles pagam a conta e ela finalmente te vê. Vem caminhando em sua direção seguida peo cara e diz:
– Oi!!! Absurdo!! Sumido! – ela está linda, muito mais que há um ano e meio atrás. Vocês se abraçam. Sua pele está um pouco verde, mas algumas pessoas preferem acreditar que é reflexo da escarola da pizza – Meu onde é que você andava, garoto? Faz séculos que eu não te vejo! Quando foi a última vez? A gente se encontrou no shopping né?
– Foi, isso mesmo! Tudo bem? E aí? Como vai a Marrie? – você retribui o abraço rezando pro cara ter explodido.
– Ahhh ela está bem... Fofa né? Isso é jeito de falar da sócia? A gente mudou de escritório agora, contratamos mais umas 3 meninas pra trabalhar com a gente. Tá indo super bem! E você? Como vai a sua empresa? E a... Roberta? – o cara chega e dá a mão pra ela no melhor estilo, xixi-pra-marcar-território. Ele também é lindo e você dá uma ligeira medida pra ver se a bebedeira do fim de semana aumentou seu peso.
– Tá bem... Tudo bem graças a Deus! Mudei de casa, tô morando aqui perto agora.
– Meu que legal! Perto do escritório também!! Sorte!
– É... Qualidade de vida! Muito bom! – o silêncio fica grande demais. Vem a hora que você temia...
– Ahhh esse é o Sergio, meu namorado – você aperta a mão do sujeito, e ele devolve o apertão bem apertado. Dessa vez é como se ele marcasse território no seu pé.
– Oi, tudo bem? – você diz.
– Esse é que é o Zagaia. – ela completa.
– Ahhhh sei... Tudo bom cara?
"Esse é que é o Zagaia"? Como assim "esse é que é"? Como assim "ahhh sei"? Dá vontade de gritar: "o que vocês andaram comentando de mim?". Mas você não grita. Nem bate nele, nem nela, nem joga Coca Zero na cara deles, nem muito menos taca fogo na pizzaria. Você simplesmente sorri. Sorri amarelo. E volta a sentar com seus amigos. O que dizer em uma hora dessas? Melhor sorrir.

Wednesday, October 31, 2007

IGUARIA SEM IGUAL

E então chega a hora do almoço no sábado eu estou sem nada para fazer. Um amigo me liga e diz que está indo com umas amigas cariocas à Liberdade, passear e almoçar por lá. No geral o programa já cheira a roubada, mas eu acabei aceitando, nem imaginando que aquele almoço iria mudar minha vida para sempre.
Depois de almoçar num daqueles restaurantes japoneses sujinhos, em meio a passeios por lojas que não vendiam nada que eu estivesse com vontade comprar e mercadinhos que não oferecessem nenhum alimento facilmente identificado, uma das amigas do seu amigo começa desesperadamente a perguntar em alguns lugares por um tal de: sorvete de melão.
Era o que me faltava né? Ter que rodar no meio daquele monte de gente, procurando um sorvete de melão! Com o Sol a pino, a garganta já seca e os sashimis recém comidos, boiando no meio do misoshiro que eu arrematei no final do almoço. A essa altura eu já estava completamente arrependido de ter aceito o convite e pensava seriamente em me jogar do viaduto ou em rolar pela calçada dando gargalhadas histéricas. Desisti de rolar pela calçada, porque os ratos somados ao cheiro de peixe e lixo eram capazes de me transformar em alguma espécie mutante de besta mal-humorada. Foi aí que a amiga do meu amigo, chegou com notícias:
– Olha pessoal! Osh carash (ela era carioca!), alí daquela lanchonete disseram que o carregamento deles já vai chegar, que é só a gente esperar um pouquinho.
Ficamos parados então na frente do botequinho. As cariocas animadas, o meu amigo fazendo o meio de campo e eu com um bode preto amarrado na perna, louco de vontade de deitar e dormir, até que, eu vejo de longe um "chinezinho" carregando mais ou menos o dobro da altura dele em caixas. Ele entra no boteco, nós entramos também e imediatamente atrás de nós se formou uma imensa fila de gente desesperada perguntando: "Vocês estão na fila? É pro sorvete?".
Preciso falar que eu fiquei abobado? Um monte de viciados em sorvete de melão, que deviam estar rodando a Liberdade inteira, começaram a tirar dinheiro sabe Deus de onde e gritar na fila que já não cabia no lugar! Minha primeira reação obviamente, foi tirar 5 reais da carteira e provar o motivo que deixava aquelas pessoas tão loucas. Claro que tive que fazer uso de cotoveladas, tentar impor respeito com meu tamanho para finalmente colocar em minhas mãos, o Melona.
Sim, esse era o nome do sorvete. Melona. A embalagem era bonita, transmitia confiança, a fabricação é coreana e o formato era mais ou menos parecido com aquele sorvetão de Itú, só que quadrado dos lados e ele tinha mais ou menos a cor de um creme de abacate fresquinho.
Quando eu coloquei o Melona na boca, o mundo parou de existir ao meu lado.


Dei um espaço a mais, porque realmente uma lacuna no tempo se abriu enquanto aquela massa gelada se desmanchava na minha boca. O sabor era... Como eu posso descrever...? Era como se Deus, depois de ter criado flores, pássaros, rios, humanidade e tudo mais, tivesse criado algo realmente perfeito, uma fruta divina, um néctar da existência e depois disso fizesse um sorvete com essa fruta. Era indescritível. Era o mais puro gosto do melão que alguém já podia ter provado. Aquele sabor justificava tudo. Minha única idéia quando aquele sorvete acabou, era que eu só seria feliz se um dia eu nadasse em uma piscina de Melona.
Tentamos comprar mais, mas já estava acabando e a fila estava cada vez pior. Então decidimos voltar para casa e no caminho acho que todos sentimos um mesmo vazio, precisarímos ter o Melona ao nosso lado para sempre.
E pelo visto não fomos só nós que nos sentimos assim... Isso aconteceu mais ou menos há uns dois meses e hoje o Melona já ficou famoso, conhecido entre os absurdinhos e pode ser comprado até no Conjunto Nacional. Se eu soubesse que seria assim hoje em dia, com certeza não teria perdido tempo com meus amigos, bolando o sequestro do chinezinho que carrega o Melona.

Tuesday, October 23, 2007

TETO TEM LIMITE

Todo mundo que tem uma vida sexual ativa e movimentada, ou simplesmente só ativa, sabe o quanto é bom tudo que envolve uma boa noite de intensa atividade. E quando essa noite rola, o bom mesmo é não ligar pra ninguém, fazer o que se tiver vontade, sem regras, sem padrões e sem vergonha, sempre com muita responsabilidade. Se alguém escutar alguma coisa dane-se, se a janela estiver um pouquinho aberta também dane-se, se alguém começar a se divertir a suas custas, ahhhh... pense que você está se divertindo muito mais, certo?
Certíssimo, quando se trata de uma noite de sexo selvagem aqui e outra alí, mas não quando o casal resolve por em prática as mil e uma noites do Kama Sutra. Digo isso, porque não aguento mais ser acordado quatro a cinco vezes por semana com o lustre do meu quarto balançando, gemidos altos e os toc-toc's repetidos vindos do teto. E quando tudo isso parece terminar, ainda vem uns gritos mais altos ainda de "ahhhhhhhhhhhhhhhgh meu Deus".
Será que eles acham que ninguém escuta? A sonoplastia é perfeita! O designer de som devia ser premiado com o próximo Oscar do cinema pornô. Eles deviam gravar se tem tanto orgulho disso! Gravar e colocar no youtube, como a Cicarelli fez.
O pior é que fico um pouco mal humorado quando sou acordado, imaginem então quando rola uma invejinha. Tenho vontade de passar a mão no interfone e ligar lá, de dar vassouradas no teto, mas tenho medo de parecer a bruxa, sendo que já moro no 71. Sim, porque quando se pensa em tomar uma atitude pra reprimir, é preciso arcar com as consequências e é isso que eu temo, sendo o morador novo do prédio. Morro de medo de ficar visto como aquele que está se corroendo de inveja porque não tem isso em casa... Aí pra saír de uma desse estígma, só se gravando no ato e jogando no cirquito interno de tv do condomínio. E eu não pretendo fazer isso tão cedo.
Tenho pensado ultimamente em concorrer com eles, mas para isso minha agenda de telefones vai precisar pelo menos dobrar de tamanho, e eu ainda vou ter que esquecer o passado e superar tudo que eu já passei na mão de certas pessoas, sim porque vai ser necessário repetir figurinhas. Foi assim que, de uma semana pra cá, decidi que vou apenas fingir que concorro com eles, vou baixar uns pornozinhos pesados, comprar uns apetrechos de percussão e umas caixas de som super-ultra-blaster potentes e mandar ver no gemido abafado, e nas puladas na cama. Me recuso a perder essa sendo taxado de careta invejoso e reprimido. Na pior das hipóteses, quando eu encontrar no elevador com o pessoal do 81, eles vão pensar que ainda existe gente à altura para uma competição.

Friday, October 19, 2007

AUMENTAR PRA NÃO TERMINAR

É assim ó: eu aumento um ponto! Sabe aquele ditado que diz que quem conta um conto aumenta um ponto? Pois é, sou eu que aumento! Sempre aumentei! E se for pensar bem um ponto só não, aumento vários, páginas de pontos, uma infinidade de laudas. Na verdade acho que tenho uma visão muito própria sobre a minha própria vida.
Isso não quer dizer que eu minta. Não suporto mentiras, nem tenho paciência com gente mentirosa. Mas vamos dizer que, quando eu conto alguma coisa eu dou uma romanceada em tudo, em tudo mesmo. Até uma simples ida à padaria no domingo de manhã tem um clima, uma roupa, um detalhe sórdido e um monte de adjetvos. Tenho uma amiga que diz que eu sou hiperbólico, mas é óbvio que ela é a pessoa mais louca do mundo inteiro.
Acho que essa arte de acrescentar às pequenas narrativas do dia-a-dia é a grande responsável de, na grande maioria das vezes, eu não conseguir terminar nada do que eu começo a contar. Sempre coloco tantos detalhes, situo tanto o ouvinte, coloco tantos hiperlinks, que como um assunto puxa o outro a história principal sempre fica perdida e eu nunca lembro como cheguei até ali. E essa semana eu percebi que é de família.
Ontem, jantando na casa da minha mãe, com minha irmã, meu cunhado, meu pai e minha própria mãe, eu ouvi mais ou menos umas 20 histórias e hoje ainda não consegui saber o final de nenhuma. Gente louca! Era um tal de "e por falar nisso" pra cá, um tal de "ahh lembrei" pra lá, que ninguém conseguia chegar ao final de nada. Comecei a me lembrar de todo mundo que reclama que eu não termino assunto nenhum, e pensei que vindo daquele meio é realmente impossível.
No fim do jantar eu me dei conta disso, e falei que aquilo estava me angustiando, que eu precisava saber o final de alguma história pelo menos. Foi nessa que meu cunhado deu um sorriso e perguntou: "Ué! Desaprendeu a conversar com a sua família? Vocês sempre conversaram assim".
O silêncio durou um tempo, todos olhando pra minha cara. Pouco depois e mais que depressa voltaram a falar correndo sem terminar assunto nenhum novamente.
É, acho que quando eu morava com eles não percebia toda aquela quantidade de informação ao mesmo tempo, ou se percebia talvez soubese lidar com o fato. Era muita gente, se tinha muito a dizer, muito a compartinhar em tão poucas 24 horas. Saí da casa da minha mãe com dois sentimentos muito claros: o primeiro que só agora eu consigo olhar de fora para minha família e amar aquela confusão toda; e o segundo é que mesmo olhando de fora, tem certas certas coisas que sempre me farão ser um deles.

Tuesday, October 09, 2007

A ARTE DE SE TORNAR VINTAGE

Tem coisas na vida da gente, que nos acostumamos e aprendemos a amar como se elas tivessem feito parte da nossa existência desde que pusemos o pé por aqui. É comum inclusive mudar lembraças e desconfigurar o cérebro todo só achando que quando seu avô bateu o carro em 1986, ele ligou no celular da sua mãe pra avisar. Sim eu não imagino como era a minha vida sem o celular, sem o Xbox, sem o laptop, sem DVD, sem baixar música na internet e principalmente sem iPod.
A gente sofria demais! Alguém lembra o que era andar com ficha telefônica e pegar fila no orelhão? E jogar Enduro no Atari com aquele controle duro que dava calo na dedo? E ainda existia coisa pior! Como por exemplo, ter que ir à casa daquela sua prima chata só bater um trabalho no computador de tela verde, ou mesmo rebubinar a fita antes de entregar, ou comprar um CD por causa de uma música que você só vai escutar uma vez na vida. Olha, ainda bem que a humanidade evoluiu viu? Se não, eu não ia aguentar!
Mas pra mim, ainda está para nascer quem vai inventar uma coisa melhor que o iPod. O iPod, como diria meu avô é uma benção. O iPod é a máxima do poder de síntese, com o máximo de capacidade. É a liberdade de poder andar por aí com todos os seus cd's, carregando algo bem menor que um só deles. Além disso tudo, é lindo, fácil de usar, tem tudo que é meu lá, um verdadeiro absurdo. O meu iPod é máximo, ou melhor, era...
Sim era, porque duas semanas atrás ele se suicidou. Se suicidou mesmo, sem arrependimento, sem misericórdia e sem pensar nem um pouquinho na falta que eu ia sentir dele. Meu iPod se jogou no fosso do elevador. Se jogou de maneira clara, direta e certinha para caber naquele buraquinho tão desgraçado, se jogou para nunca mais voltar num vôo de sete andares, sem volta, em direção ao térreo. Sim, eu me desesperei, chorei, chamei o porteiro, abri o elevador e resgatei seu corpo intácto, mas já sem vida. No iPod Hospital eles não me deram nenhuma esperança e eu fiquei aqui, sem o meu amigo para dividir as canções. Praticamente um Xitãozinho, sem o Xororó.
Ontem cançado de tanto sofrer e parecer um louco pela rua cantando em direção ao trabalho, tentando lembrar de como era a minha vida sem meu querido amigo, eu gravei um cd com o que eu queria ouvir e coloquei no diskman velho que eu já tinha aposentado há muito tempo. E foi aí nesse momento que eu me senti vintage, resgatando uma moda antiga e fingindo que eu não estou nem aí comm isso. Se alguém me ver andando com pochete, sapato uísque com cinto combinando ou ombreira no casaco, saiba que me dando um iPod novo, tudo vai passar...

Thursday, June 21, 2007

HOME ALONE

E então um dia você o acha! E ele está lá, lindo, branco, conservado, todo estiloso e com um piso de madeira, daquele de taquinho dos anos 60 de fazer inveja a muita mansão da vizinhança. Você de primeira não acredita, pensa que é mentira que finalmente alguma coisa que você gosta, cabe no seu orçamento. Mas é verdade e como num passe de mágica, tudo que conspirava contra até então, vai por um caminho sem buracos que culmina na entrega das chaves do seu apartamento perfeito.
A cerimônia de entrega das chaves da sua nova casa começa com você sozinho comendo uns polvilhos no chão sujo da sala, e termina com alguns amigos e familiares tomando coca light no mesmo chão sujo. A primeira faxina é nojenta, o primeiro banho é medonho, a primeira noite estranha, mas é tudo lindo, tudo poético, tudo solucionável.
Até que chega a hora de mudar de verdade e o seu primeiro final de semana se resume à uma arrumação que parece nunca mais ter fim. E não tem mesmo. Nessa hora, tudo que era lindo, poético e solucionável, vira pó. Literalmente.
Além disso, a quantidade de transeuntes dentro do seu lar é algo inimaginável. Tem o cara do fogão, os entregadores da geladeira, o pessoal que veio montar a cama, o homem do vidro, o maluco das chaves, o porteiro te explicando a política do prédio, a síndica, os vizinhos da frente com um bolo, a mãe empolgada, os amigos que passam pra "conhecer", o sobrinho, os irmãos, o cunhado e o pai instalando algumas coisas, entre outras milhares de pessoas.
É tanta gente, tanto barulho, tanta confusão e sujeira, que quando todo mundo vai embora, e você fica sozinho em casa o melhor que se tem a fazer é acender um cigarro, pegar uma latinha de qualquer coisa bem gelada, um resto de pão com alguma gororoba e sentar na frente da máquina de lavar pra assistir um ciclo completo. E essa com certeza será uma das melhores lembranças do dia que você foi morar sozinho. Você tomando a sua cerveja, fumando seu cigarro, comendo seu pão com gororoba e assistindo a sua máquina de lavar trabalhar na sua casa.

Tuesday, June 12, 2007

A CASA DOS GATOS

Faz um tempo já. Na verdade parece que faz mais tempo ainda. Sabe aquilo que faz tempo, mas que por ser outra fase, parece que faz mais tempo do que realmente faz? Pois é... Essa história é dessas histórias. Era por coincidência dia dos namorados também, como hoje. E quatro amigos revoltados com a data foram comemorar o fato de serem solteiros, de passarem o mundo na cara e de se divertirem com desaventuras.
Nessa noite, na noite de rir de sí próprio, foi que esses amigos criaram um lugar muito especial. Nessas de "pra onde a gente vai?", "o que vamos fazer agora que estamos bêbados?", uma das meninas sugeriu a Casa dos Gatos. No cenário meio non sense que aquela noite estava virando, não foi estranho o fato daquela amiga começar a se abrir.
Ela disse que apesar da companhia se sentia só, que apesar das risadas se sentia triste e que apesar da bebida sentia medo. Um medo diferente, um medo de futuro que se aproximava do presente, um medo que a levasse à um fim na Casa dos Gatos.
A Casa dos Gatos dos pesadelos dessa amiga era um lugar escuro, onde provavelmente povoada por clichês da infância, a garota colocou a velha solteirona, de 73 anos, que cansada de ser sozinha, criava gatos pra amenizar a solidão. Não 1 nem 2 gatos não, coisa de 23, 47 bichanos loucos de fome e miando sem parar. E a velha conhecia cada um, pelo nome, cada mania, cada cicatriz e cada desafeto dos bichinhos.
Nem preciso dizer a cara dos outros 3 na mesa, passada a descrição do pesadelo de velhice infame que assolava a quarta integrante do grupo. Se fez silêncio por um tempo até que um dos 3 soltou um: "Relaxa, a gente vai te fazer companhia lá". E então, à partir desse momento, a Casa dos Gatos se tornou menos pesada, menos fúnebre e ganhou uma TV de plasma, uma mesa de carteado, uma infinidade de cd's, muitos passaportes carimbados e muita, mas muita mesmo bebida em estoque.
Desse dia em diante, todos os happys, todos os dias, esses amigos celebravam a idéia de que a Casa dos Gatos era um porto seguro, um lugar pra onde correr quando tudo desse errado, um lugar não tão ruim assim porque a gente tinha a gente.
Mas a vida separou a gente, a amiga assombrada hoje está cada dia mais longe da Casa dos Gatos, e numa saída recente com as duas com as quais ainda tenho contato dia desses uma delas soltou: "a gente se bastava né?". E era isso mesmo, a Casa dos Gatos perdeu seu poder de assustar porque a gente se bastava.
Óbvio que ainda hoje, às vezes eu ainda tenho medo da Casa dos Gatos, como nesse dia dos namorados sozinho, até porque na minha casa não teriam gatos, que são animais aos quais sou alérgico. Mas então, de lá de dentro vem um pensamento: "Será que eu me basto?", e aí vem a resposta: "Acho que sim..." e tudo fica mais tranquilo.

Monday, December 11, 2006

COISAS QUE AMAMOS

Se tem uma coisa que eu adoro quando chega o verão é usar protetor 4. Se esse é o protetor certo pro meu tipo de pele? Óbvio que não, mas é aí que está a graça! Não que eu devesse usar um protetor 30, porque aí eu com certeza saio branco depois daquelas horas de sol, mas pelo menos um 15 eu deveria usar. Deveria, leu bem. Mas não uso, sempre acabo usando o 4.
Adoro sair do Sol com aquele tostadinho de quem usou um bom protetor 4, com aquele cheirinho de pele tostada. Adoro o leve ardor depois que eu tomo banho e o alívio que um bom aloe vera traz. Adoro a marca da sunga definida, a cor por igual, o ruborizado do rosto e principalmente adoro a cor que eu fico depois de 3 dias de esforço.
Usar protetor 4 pra mim tem um ar de rebeldia, me sinto jovem, inconsequente, sem medo do perigo, sem noção do futuro negro que está por vir, rompendo paradigmas. Sinto que os outros são uns idiotas de usar um protetor mais forte, me sinto herói e digno de uma pele tostada usando o meu amado 4. Enfim, usando protetor 4 eu me sinto de volta a adolescência.
Hoje eu fui à dermatologista e ela colocou minha cara numa desgraçada duma luz roxa. Meu rosto é uma mancha só. Não é força de expressão não! É uma mancha só mesmo, sem emendas, uma mancha que começa na testa e termina no queixo. Eu sou um sério candidato a ter um câncer de pele antes dos 40 anos se continuar usando o protetor 4. Além disso ainda terei que fazer um tratamento de pele medonho e também terei que usar protetor 60 durante todo o verão, todo dia! Existe esse fator de proteção? Sessenta!? Onde usam isso?! Em Mercúrio?
Me sinto traído pela minha pele, difícil a idéia de chegar aos 30 e já ser privado de fazer uma das coisas que eu mais gosto por causa da saúde. Imagine então, o tamanho da revolta quando me proibirem de comer doce?

Wednesday, December 06, 2006

IF YOU'RE GOING TO SAN FRANCISCO

Assim ó, de verdade? Não esperava! Apesar de ter sido avisado por todo mundo que eu estava indo para a cidade mais "mente aberta" dos Estados Unidos, não acreditei logo de cara não. Até porque, pra mim americano "mente aberta", é aquele que recicla lixo, tem noção que o Bush é um escroto e sabe a capital correta de algum país da América Latina.
Logo ao chegar em San Francisco já me espantei com a simplicidade e a despretenciosidade com a qual as pessoas me tratavam, no hotel, na van, no aeroporto e na lojinha de eletronicos... O melhor é que não era algo arranjado, realmente dava a impressão que aquelas pessoas eram fofas porque queriam, porque se não quisessem facilmente poderiam não ser, ou poderiam também procurar algo melhor com o que gastar o seu tempo. O estilo low-profile era tanto, que cheguei ao cúmulo de pagar menos em uma jaqueta por ser brasileiro, pagar ingresso com desconto por estar indo sozinho e ganhar massagem por ser bonitinho. Nunca pensei em viver situações como essas nos Estados Unidos, essa coisa de dar "jeitinho" é trabalho de brasileiro, de australiano e não de americano.
Em San Francisco achei comum as pessoas te ajudarem, serem simpáticas, saberem da onde você vem, te tratarem pelo nome, darem festinha pra você, te receberem bem, te levarem pra conhecer lugares. Mas San Francisco não é só um mar de rosas, lá também tem muito mendigo, muita gente sofrida e muitas, muitas esquisitices mesmo, dentre elas: a cidade é um lugar onde homens andam de mãos dadas, as mulheres se beijam no supermercado, os caras com chifres de titânio implantados são funcionários públicos e as lumpa-lumpas coreanas parecem estar escondidas em todos os lugares, prontas para dizer algo com sotaque inintendível. Mas tudo é tão simpático e tratado com tanta naturalidade, que todas essas esquisitices passam a ser simpáticas também.
Aliás, o welcome de San Francisco é algo tão marcante, tão gostoso e tão acolhedor, que você chega a pensar que vai ser difícil, algum dia, alguma outra cidade ficar com o título de Miss Simpatia.

Sunday, November 05, 2006

MINHAS FÉRIAS

Foi nas redações da escola com esse título típico de volta às aulas, que a Mônica pensou quando fechou a viagem com as amigas pra Fernando de Noronha. O pacote não foi barato, na verdade ela teria preferido Nova Iorque, mas suas amigas fizeram tanta pressão que no final a Mônica acabou topando, pois tudo que envolvia suas outras quatro amigas era divertido e acabava rendendo histórias para a vida toda. Além de tudo ia ser bom a Mônica viajar só com as meninas sem o Edu, seu namorado, ia ser uma despedida de solteira, já que eles estavam na beira do altar, só que sem os go-go boys.
Logo ao chegar, Fernando de Noronha lhe custou mais ou menos uns 8 cartões de memória da câmera, o lugar era lindo, com paisagens que elas nunca jamais tinham visto ao vivo. A preservação, a vida marinha e a precariedade do local também faziam parte do que era legal e parece que conspirava para criar o clima de descanso e beleza.
Nos dois primeiros dias as meninas nadaram com golfinhos, fizeram trilhas incríveis, viram tartarugas, tomaram sol em praias desertas e chegaram mortas de cansadas ao hotel, prontas para dormir a noite toda. O problema foi que nos outros 5 dias da viagem, as meninas também nadaram com golfinhos, fizeram trilhas incríveis, viram tartarugas, tomaram sol em praias desertas e também chegaram mortas de cansadas ao hotel. Pra concluir, na última noite em Fernando de Noronha, a Mônica e as outras meninas preferiam ver o capeta, à uma gangue de golfinhos ou tartarugas fofas.
Foi da Rêzinha a idéia de perguntar alguma coisa pra monga lesada que ficava na recepção da pousada. A moça indicou uma "gafieira simplezinha", onde os locais da região iam se divertir aos sábados. E lá foram as moças aventureiras achando que nada seria pior do que ficar olhando umas para as caras das outras, num sábado a noite.
Não era difícil se sentir como a Brigitte-Jones-vestida-de-coelha-da-Playboy, sendo loira, linda e entrando num lugar como aquele. O público literalmente parou. Não se deixando intimidar pela situação a Mônica foi ao bar, pediu algo, tentou relaxar e se divertir.
Além da cara de Letícia Spiller, a atitude da Mônica deve ter mexido com a libido do poderosão da balada, o Carlão chegou rápido, decidido e cheio de marra pra tirar a moça pra dançar. Como não é de bom tom "dar tábua", e além de tudo dessa resposta dependia como todas as outras seriam tratadas pelo resto da noite, a Mônica aceitou o convite do Carlão, mesmo sabendo que aquilo tinha aquela cara que não ia terminar bem.
O Carlão era a personifição do fetiche do pescador errante, de toda moça solteira e descompromissada com a vida, que vai sozinha a uma praia deserta. O rapaz se tratava de um negão retinto, bonito e trincado, vestido de branco e cheirando a colônia de tirar o chapéu. Os dentes de um branco e o molejo de jeito que qualquer outra das suas amigas, que não tivesse namorado, ia querer conferir de perto nem que fosse somente pra poder contar contar depois.
Ao puxar a Mônica pra pista, o Carlão se mostrou "respeitador", ela disse que tinha namorado e ele se colocou a dançar com a mão na cintura dela, com o um adolescente de 11 anos. Lá pelo meio da música o Carlão relaxou, deu lá suas encoxadas na Mônica e começou a debruçar mais e mais o seu corpo sobre o dela.
Como aquela música já quase se mostrava um "Faroeste Caboclo" do forró, o Carlão teve tempo suficiente pra começar a suar feito um louco e pressionar a cintura da Mônica contra seus dotes, já não tão "respeitadores" assim. Essa atitude serviu pra coroar o final da viagem da moça, aquilo era o que bastava pra ela ter a certeza de Nova Iorque teria sido sem dúvida nenhuma uma idéia melhor.
Saturada daquele bate-coxa, da falta de respeito e coberta pelo suor do Carlão, a Mônica chegou ao ouvido dele e disse: "- Você sua muito!". Não é preciso nem contar a cara que ela fez quando o Carlão abriu um sorriso e respondeu: "Eu também vô sê seu todinho!".
Depois disso só restou pra ela passar a mão nas amigas e sair voada de lá, deixando o cara sem entender nada na pista e rezando pra ninguém descobrir onde elas se escondiam. A Mônica só saiu da pousada no dia seguinte, na hora de ir embora, e até hoje ela ainda arrepia ao pensar que o Edu, andou falando por aí em passar a lua-de-mel em Fernando de Noronha.

Monday, October 23, 2006

OTIMIZANDO

O pior de tudo em ter sua própria empresa, é que as vezes você se pega completante escravo de você mesmo. Você é na maior parte do tempo seu próprio boy, seu próprio departamento comercial full time, sua própria secretária, moça do café e muitas vezes, mesmo tendo empregada é você que tem que parar tudo o que está fazendo pra dar um "tapa" no seu local de trabalho.
Além disso você fica também completamente obsecado por números, contas, porcentagens, orçamentos e DARFS, coisas que até pouquíssimo tempo atrás você nem tinha idéia que possuia talento pra administrar.
São tantos detalhes, tantas indas e vindas e batidas de cabeça, que você acaba nem tendo tempo de fazer aquilo que você abriu o escritório pra fazer. Mesmo achando péssimo o termo "otimizar o tempo", você começa a perceber que essa palavra vai se tornar cada vez mais necessária.
Você toma banho passando fio dental, dirige falando sobre briefings no celular, anota idéias no cartão do estacionamento e faz brainstorm na fila do banco. A correria é tanta, que sua família que te ligava e ficava batendo papo em outros tempos, hoje em dia só te vê de fim-de-semana enquanto você ronca alto no sofá durante o filme do domingo.
No fim você sabe que é difícil, bem mais do que você esperava, mas no fim do dia, quando você já está arrasado de tanto trabalhar e com a maior preguiça de passar perto da academia, ao apagar a luz daquele escritório que começou do nada e que já está germinando e cheio de vida própria, te dá uma onda de orgulho tão grande que logo da vontade de voltar na manhã seguinte.

Saturday, October 21, 2006

QUE PARTE QUE EU PERDI?

Foi assim: passeando de carro em um sábado tranquilo, na eterna busca do apartamento perfeito me deparei com um pensamento medonho. O pensamento de que este blog estava sendo invadido por traças, baratas, caranguejos e pernilongos, o que não deixa de ser verdade.
Como consegui ficar tanto tempo sem escrever, é um mistério até pra mim, mas eu pretendo me redimir.
O bom disso tudo é que depois da calmaria vem a tempestade, e eu espero que vocês estejam preparados, porque além do mais isso aqui agora é o blog de um empresário balzaco, que entre um ISS e outro arranja um tempinho pra escrever.
Senti muita falta de todos, Isa, Mc, Mh, Leo, Lala, Ceiça, Cláudia, Renatas, Dani, Lia, Vivi e de outros tantos que eu esqueço (sem perdão) os nomes agora. Sinto muuuuuuita falta também da Ju, minha musa inspiradora pra começar a escrever, que agora pegou a chata mania de colocar seus multi-blogs em manutenção.
Enfim, meninos isso é só o começo!

Sunday, July 30, 2006

COISA DE MÃE

- Filho?
- Hum?
- O que é uma dor que começa aqui assim, depois vem pra cá, e dá uma adormecida aqui assim e depois vem pra cá que nem um pontada fuuuuunda?
- Não sei mãe.
- Como não sabe?!
- Não sabendo ué! Eu não sou médico mãe.
- Eu sei que você não é médico! Mas não saber que dor é essa? Você tá é de má vontade, não quer me ajudar.
*
- Oi filho! Você veio almoçar?
- Ahh eu estava aqui perto, se tiver comida eu almoço sim!
- Tem claro que tem! Na minha casa não falta comida! Por que você não ligou avisando que vinha?
- Eu não sabia, estava aqui perto...
- Da próxima vez avisa.
- Tá... O que tem pra comer?
- Bom eu e seu pai estamos de regime, não tem muita coisa...
- Tá bom mas o que tem?
- Lasanha.
- Lasanha?! Mas você não disse que estava de regime?
- Mas eu só comi um pedaço, seu pai que comeu o resto... Ahh a Maria tb comeu! Acabou!! Ahhh filho... e agora? Quer bolo de cenoura que eu fiz pra sobremesa?

Tuesday, July 11, 2006

DE REPENTE 30

Ai você entra inesperado, meio que no meio de mundanças, meio transitório, meio crítico e um pouco esbaforido. Entra bombando e inegavelmente, e por fim enfia os dois pés lá dentro, profetizando novos tempos. Você se desanima, sente o impulso de mentir por mais um tempo, de adiar por pelo menos mais um ano a idéia de colocar o 3 na frente da sua idade e de deconversar. Você definitivamante entrou na casa dos trinta.
Como diz o Luís Fernando Veríssimo, a sua vontade é de voltar, dizer que não aproveitou muito bem a casa dos vinte, que lá a festa ainda está rolando, que lá o pessoal dorme mais tarde, que quer outra chance, finge que esqueceu alguma coisa por lá, mas não tem jeito. Não há saída da casa dos trinta anos. Pensando bem há sim, mas é para a casa dos quarenta e dessa você nem quer passar perto.
Na casa dos trinta as roupas parecem mais formais, os bonés foram abatidos à tiros e uma certa barriguinha é permitida, afinal você já tem idade e não é mais garoto pra ficar andando sem camisa por aí. Da casa dos trinta também não é possível mais ver a vitrine de algumas lojas que eram muito visíveis da janela da sala da casa dos vinte. Talvez se você espremer os olhos e fizer aquela força a mais na visão, olhando de cantinho pelo respiro do banheiro, de pra enchergar alguma coisa, mais você nem tenta, na casa dos trinta a sua preguiça é maior.
Maior também é a sua necessidade de conforto na casa dos 30, as plotronas são maiores, as viagens mais interessantes, os banheiros são limpos e os colchões ortopédicos. Na casa dos 30 todo mundo sente dores na coluna. A garagem também é mais ampla, assim como o armário de remédios em cima da pia do banheiro. Por mais que ainda não se tenha filhos a casa dos 30 os espera, por isso as "minivans" e as "offroads" são sempre bem-vindas.
Olhando bem entre as pessoas da casa dos trinta você percebe todo tipo de gente, conhecidos, amigos, chatos, mancos, zarolhos... Óbvio que tem também aqueles que parecem não ter saído da casa dos vinte, e esses você decide nem se aproximar. Então, num cantinho, perto da saída da varanda que dá pro fumódromo você repara num pessoalzinho. Uma galera bacana, cheia de conhecidos, gente boa, gente que parece estar sobrevivendo bem lá dentro. Você vai se achegando e pra eles você ainda reflete o mesmo olhar que refletia na casa dos vinte. Pronto, é alí que você decide aproveitar a festa dos próximos dez anos, bebendo um pouco, saindo pra fumar um pouco, se apaixoando um pouco, galinhando um pouco... Mas tudo um pouco e bem moderado, porque afinal, como eu já disse, agora você já tem idade.

Friday, June 23, 2006

O CRAVO E A ROSA

A Marcinha é assim mesmo, se apaixona por histórias que ela mesma inventa. Gosta da cena, da imaginação, do que cerca um caso de amor. Muitas vezes a Marcinha gosta até de pegar trânsito, só pra no caminho ir imaginando uma paquera ou talvez uma vida inteira com o cara do carro do lado.
Mês passado a Marcinha mudou de estacionamento, um começou a cobrar caro demais e do lado da delegacia, tinha outro que era bem mais barato. Todas as manhãs, ou a maioria delas, quando deixava o carro pra ir ao trabalho a Marcinha via um homem parado na frente da delegacia ou falando no celular, ou conversando com alguém, ou fumando um cigarro. O cara não um garoto, nem um franguinho, era um homem mesmo, com letra maiúcula, desses que, segundo a Marcinha, tem jeito de ter "pegada". Não demorou muito pra Marcinha começar a chamar o moço de "Delegado" e ficar ansiosa todas as manhãs pra ver se o danado do cara olhava pra ela.
Gostava de imaginar que um dia o "Delegado" iria chegar bem malandro, dizer alguma graça e convida-la pra sair. Que um dia ela iria ver que aquele jeito de "broncão" do "Delegado" era só fachada, que na verdade ele era um homem sensível, que gostava de música clássica, apreciava bons vinhos e cuidava do afilhado no fim-de-semana prolongado.
Pensar no delegado se tornou o passatempo predileto da Marcinha. Ela imaginava histórias com ele de manhã, no cinema, quando alguém no trabalho começava a discutir e até mesmo vendo Belíssima. A Marcinha tentou tirar fotos do Delgado com o celular, simulou tomar um tombo na frente da delegacia, entrou no D.P. pra fazer um B.O. falso e ver se cruzava com o cara e nada. Nada mudava na história da Marcinha.
Semana passada, por causa de um trabalho da agência, a Marcinha teve que acordar super cedo, ir até a Dr. Arnaldo e comprar uma cacetada de cravos. Como todas as manhãs ela estacionou o carro, pegou tudo que era seu e foi em direção a agência, só que desta vez ela levava com ela as 7 dúzias de cravos coloridos necessários para o job. Passou em frente a delegacia e nada do "Delegado", não podia acreditar numa coisa dessas. Justo hoje ele não estava! Justo hoje que ela tinha tudo pra chamar a atenção... Virou a cabeça, deu uma última olhada por cima do ombro e... PUMBA!!! Foi difícil não sentir o tranco daquele "homão" batendo de frente com ela.
Os cravos cairam todos pelo chão, e a Marcinha não podia acreditar no que via. O delegado bem ali na sua frente, olhando pra ela e pro monte de cravos. Era a chance dele! A chance dela! Nada podia ser mais perfeito que isso! Ela, o "delegado" e cravos pelo chão, ele agora podia dizer qualquer coisa... qualquer coisa já teria tornado sua fixação realidade. Foi então que ele abriu a boca e disse: "Soooooooorrryyyyyy dear!!!" na mais perfeita entonação de Clodovil que que a Marcinha pode entender. E ainda saiu saltitando sem nem mesmo ajudar a menina a recolher os destroços.
Até hoje, passar na delegacia ainda é motivo de vergonha interna pra Marcinha. Mas como é que ela poderia imaginar, sendo que a imaginação era tão mais divertida?

Tuesday, June 06, 2006

O CAMINHÃO DA GRANEIRO CHEGOU

Pronto, sei que agora eu demonstrei a idade, mas a vida é assim mesmo uma hora tudo vira verdade. Essa frase era de um comercial velho, mas bem velho mesmo, onde tinham umas crianças brincando numa laje e de repente chegava o caminhão da Graneiro, uma empresa de mudanças muito famosa na época, e o menino gritava: "Mãe, o caminhão da Graneiro chegou!".
Lembro que isso me dava uma angústia, pois nunca fui muito fã de mudanças e sempre achava esquisito o aquelas pessoas começarem a empacotar as coisas felizes da vida. Foi essa mesma angústia que senti quando notifiquei a equipe que eu trabalho que eu os estava deixando, depois de quase 8 anos juntos.
Pensei na hora no pessoal da Graneiro chegando pra carregar as minhas coisas, vindo embrulhar meus pertences, meu Santo António, minha tabela Pantone, as fotos do meu afilhado, e eu senti a mesma angústia. Aquela bem chata, lá no fundo do peito.
É estranho mudar, é estranho ver que tudo vai continuar depois que você for, que as pessoas vão continuar seguindo seus rumos. Tudo bem que umas vão sentir mais do que outras, mas a verdade é que nada vai mudar muito pros outros. Sem querer ser tétrico, é mais ou menos como morrer.
Só sei que hoje, fazendo as vezes de mocinho da Graneiro e levando embora as coisas aos poucos, pra não sentir muito a porrada, eu percebi que nesses 8 anos, cumpri a minha parte. Fiz grandes trabalhos, fiz grandes amigos, ganhei jogo de cintura, perdi papas na língua e principalmente acreditei no que eu fiz durante todo esse tempo.
Enfim, mudar é estranho mas quando é num caso como o meu, um caso de livre e espontânea vontade, gera também um frio na barriga e uma vontade de ver no que vai dar. O que vai ficar mesmo é a saudade de conviver com as pessoas que eu aprendi a viver todo esse tempo e que querendo ou não, se tornaram minha família, mas essa saudade eu pretendo curar num chope.

Tuesday, May 09, 2006

NÃO É VOCÊ

Já era tarde, e se fez silêncio na mesa do Rocket's. Um daqueles silêncios, que duram mais que o aceitável, que se tornam grandes demais pra poder suportar. Foi então, que depois de muito ensaiada, veio a pergunta:
- Gé?
- Hum?
- Posso te perguntar uma coisa?
- Fala.
Se fez outro silêncio grande. Não foi proposital dessa vez, foi só pra respirar. Foi pra olhar pra frente vendo pela última vez, as coisas como eram até aquele momento.
- Por que você me convidou pra ir à Ópera com você hoje?
E então ele abriu um sorriso, e tomou um gole da limonada rosa:
- Você não me entende, é isso?
- Não, nem um pouco.
- Eu não posso mesmo querer que você me entenda, sendo que nem eu me entendo. Falei muito de você na terapia. Muito.
- Você também foi assunto na minha.
- É que quando eu vejo que as coisas estão engrenando, eu fujo. Sempre foi assim. Eu faço isso sem querer. Quando eu vejo a possibilidade de alguma coisa ir adiante, eu arrego.
- Tá. Tudo bem. Essa parte que eu já sei você pode pular. Mas por que você me convidou pra sair com você hoje? Qual é a sua?
Outro sorriso, daqueles desconcertantemente lindos.
- Não sei - disse ele e agora foi ela que sorriu - Não sei mesmo o que eu quero. Eu gosto de estar com você, gosto de dividir as coisas com você, de te levar nos lugares, de ir com você nos lugares que você quer que eu conheça, mas eu também gosto de estar sozinho, de não ter compromisso, de não precisar ligar.
- Mas aí você acaba me deixando confusa. Eu nunca sei o que fazer, como você vai acordar no dia seguinte. Eu não sei se posso contar com você.
- Me desculpa? Eu não queria te deixar assim. E eu também quero que você saiba que não existe outra pessoa, e que você foi a última menina que eu beijei. E que também você não fez nada, pra eu me afastar da última vez, nenhuma atitude, conversa ou atributo seu fez com que eu me afastasse. Eu gosto de estar com você, já disse. Por isso eu voltei a te ligar mesmo achando que você ia me achar um louco.
- E eu achei mesmo.
- Me desculpa?
- Tudo bem. Mas eu precisava dessa conversa. Precisava colocar os pingos nos is. Precisava te falar que eu não te acho normal..
- E eu não sou!
- ...e que eu deixei bem claro o que eu queria com você. E eu ainda preciso saber o que você quer de mim. Pena que nós dois não conseguimos fazer isso. Vamos pedir a conta?
Ela foi embora com a desculpa mais clichê do mundo, a boa e velha "não é você, sou eu", não serviu mais uma vez pra acalmar um coração. Quando ela desceu do carro ele disse que a conversa ainda não tinha acabado, mas ele nem ligou. Ela com certeza nunca mais iria ligar pra ele. E ele certamente iria tentar mais alguma coisa, mas talvez ela não fosse. Tempos depois, talvez eles se reencontrassem, mas aí, seriam outras pessoas,

Thursday, April 20, 2006

DEPOIS DAQUELA VÍRGULA

É impressionate a quantidade de acontecimentos que sucedem uma vírgula!
Depois da vírgula ela ligou. Depois da vírgula a gente saiu pra jantar em lugar bacana, e em lugar boqueta também. Depois da vírgula nós fomos ao cinema, assistimos filmes na quarta, no sábado e de terror. Depois da vírgula a gente se falou muito, 3 vezes por dia, logo ao acordar, antes de dormir e enquanto faziamos compras em supermercados diferentes.
Depois da vírgula ela fez aniversário e ganhou presente, entregue discreto com cartão bonitinho. Depois da vírgula falamos de trabalho, trocamos idéias, nos incentivamos. Depois da vírgula rompemos barreiras, conhecemos os amigos, os colegas e uma parte do passado.
Depois da vírgula ela me viu rindo, orgulhoso, carente, pilhado, ansioso, gozando, dormindo, sonhando, abraçado e beijando. Depois da vírgula ela me conheceu, e soube meio que sem mais nem menos o que eu queria por entre tantas vírgulas.
Mas talvez, tantas vírgilas não tenha sido o que ela queria. Talvez entre uma vírgula e outra ela tenha deixado escapar que não queria tantas, mas talvez eu na ansia de colocar a próxima não tenha parado pra prestar atenção. Talvez quando ela tenha visto a montoeira de vírgulas ela tenha se assustado, e talvez tenha desejado trocar tudo por um ponto final. Mas isso, o que se passou na cabeça dela, eu nunca vou saber e nem quero.
O que eu quero, é colocar muito mais vírgulas, seja nesse ou no próximo parágrafo, porque assim, eu posso demonstrar pra minha vida que eu espero muito mais dela,

Thursday, April 06, 2006

COISAS ESTRANHAS

A Didica sempre foi assim. Sempre gostou da coisa mais do que qualquer outra, e nunca fez questão de esconder isso de ninguém. Passou um tempo sozinha, o que quase a levou ao desespero. E foi numa dessas, num casamento onde era madrinha, que a Didica conheceu o Nivaldo.
Quando a noiva falou pra Didica que ela ia entrar com um cara chamado Nivaldo na igreja, que era primo dela, que vinha do interior só para a ocasião, a pobre desesperada já viu sua festa afundando. O que ela poderia esperar de um cara chamado Nivaldo? Provavelmente era um bonachão, um tio querido e solteirão que cheirava a cerveja e jogava truco nas tardes de sábado. O que a Didica, que gostava tanto da coisa, iria fazer com um Nivaldo?
Foi só ver o Nivaldo que a cabeça da Didica já começou a pipocar em um monte de idéias de o que fazer com ele. Se bobear o Nivaldo, de tão lindo, chamou atenção até do padre e de uma tia velhota do noivo que não largava o andador. A Didica só praguejava o nome do cara. Como tentar transar com um Nivaldo? Que ainda por cima devia estar hospedado em um hotel com a família? E ainda a família da amiga dela?
Na verdade, nem foi tão difícil assim. Exatamente entre New York, New York e Y.M.C.A., a Didica fez a conversa mole chegar a mão na bunda sem o menor esforço. Quando o funk entrou em cena, foi mais fácil ainda pra Didica convencer o Nivaldo a leva-la a "um lugar mais tranquilo". O difícil mesmo, foi na hora do lance, dizer coisas como "aí Nivaldo", "ui, Nivaldo" ou "uau!! Nivaldo"! Mas depois da sexta vez, ninguém mais prestava atenção nisso e a Didica acabou relaxando. Relaxando tanto, que dormiu, sem tirar a maquiagem, sem desfazer o panetone que ela tinha na cabeça, e sem nem mesmo tirar o espartilho, que na igreja tanto incomodava.
Ao acordar pela manhã, revigorada e com a visão de um monumento dormindo ao seu lado, Didica sorriu. Feliz, tranquila, apaziguada. Levantou cambaleante, e foi até o banheiro. Meu Deus! Aquilo que refletia no espelho não era ela! O Alice Cooper devia ter trocado de reflexo! E o que era aquilo no cabelo dela? Aquele mafuá tortuoso que ela equilibrava na cabeça, só ajudava a piorar todo o resto. O Nivaldo, mesmo com aquele nome, não poderia ve-la daquele jeito. Então Didica saiu correndo dali.
Foi bem estranho quando as tias da noiva, que por acaso estavam no mesmo hotel, trombaram com aquele monstro que a Didica tinha virado no elevador. E mais estranho ainda foi dividir o taxi com elas, vestida daquele jeito, desmantelada daquele jeito e cheirando a sexo daquele jeito.
Se foi uma boa idéia ela sair correndo daquela maneira eu não sei, mas que até hoje ela e o Nivaldo ainda namoram, namoram... Se as tias acham uma boa idéia? Acham. São elas que estão montando o chá de cozinha da Didica, mas com certeza elas não colocarão álcool no cardápio.

Sunday, March 26, 2006

CELULAR

Como diz a Fernanada Young, não existe nada mais patético do que uma pessoa olhando pra um celular que não toca. Afinal, os celulares foram justamente inventados pra que nenhum palhaço precise ficar plantado do lado do telefone esperando uma ligação. Mas adianta falar?
O tipo de coisa mais detestável é quando alguém fala: "Só vou fazer não sei o que e te ligo lá pelas tantas, aí a gente combina direito". Você pode ter certeza, se está realmente interessado na ligação, que não vai fazer nada, absolutamente nada mesmo, a não ser ficar esperando a ligação antes e depois do horário marcado. É deplorável o estado que se fica.
Você olha a cada minuto pra janelinha esperando ve-la piscar, acender, vibrar, ficar azul, verde, amarela, furta-cor e nada! Olha pro lugar onde costuma ficar o ícone de mensagem, na esperança de ver que a pessoa ligou e o celular não pegou, nada de novo. Liga na caixa postal, e a voz feminina diz: "Não há novas mensagens em sua caixa postal". Vaca da mulher da caixa postal, responsável por tantos desapontamentos a cada dia.
Você vai fumar um cigarro, pensa em levar o celular, mas desiste, se ele tocar enquanto você estiver longe vai ser melhor, durante alguns segundos é gratificante pensar em fazer a pessoa passar pela mesma agonia que você.
Durante o cigarro o telefone toca, você sobe as escadas correndo e atende sem olhar quem é, com um alo esbaforido. Não é quem você queria e você se arrepende de ter jogado o o cigarro fora antes de acabar. O convite pro cinema do domingo com os amigos é recusado de primeira, e você desliga já pensando em conferir as ligações não atendidas. Nada.
Vai fumar outro cigarro. Esse acaba rápido demais. Confere o celular, nada! Você pensa em ligar outra vez e dizer: "Oi, desculpe não ter te ligado na hora como eu prometi, sei lá o que...", mas para o seu próprio bem, acha a idéia ridícula em segundos.
Confere tudo novamente. Cor, vibração, ligações perdidas, ícone de mensagens. Nada.
Você sente vontade de vomitar, mas passa. De ir ao banheiro, mas também passa. De comer um chocolate, e dessa vez não passa. Devora o chocolate e se arrepende. Pensa em ir dar uma corrida pelo quarteirão, mas desiste por causa da chuva. Então você entra no banho, e se arrepende de não ter aceitado o convite pro cinema com os amigos, pelo menos você estaria fazendo alguma coisa, se ocupando. Poderia deixar o celular no vibra call e atender fora da sala do cinema, mas não... Tinha que ter a certeza de que o telefone ia tocar? Se odeia por ser tão otimista. Sente raiva da sua estupidez e ansiedade.
Decide tomar um banho, se não for pra sair com o motivo da ligação, pelo menos vai servir pra matar o tempo. Sai do banho e nada. Nada de toque, nada de luzes, nada de ícones, nada de ligações perdidas, nada de nada!
Nesse momento você toma a única resolução sã que poderia tomar pra não enlouquecer de vez - desliga o celular, sai pra dirigir pela cidade e decide terminar o post com uma vírgula, porque depois da vírgula, só Deus sabe o que pode acontecer,

Tuesday, March 21, 2006

MANIAS, UMA CORRENTE DIVERTIDA

"Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs aviso do recrutamento. Ademais, cada participante deve reproduzir este regulamento no seu blog."
1. Eu passo fio dental. Não como um ser humano comum de boca saudável. Não! Eu demoro horas passando fio dental, é quase um hobby. Além disso eu passo fio dental umas 6 vezes por dia, e fazendo as mais diferentes coisas, como conversar no msn, assistir televisão ou mesmo tomar banho.
2. Eu tiro rótulos e adesivos de embalagens. Não posso ficar conversando um minuto a mais na mesa que todos os adesivos e rótulos de refrigerentes, potes de maionese, copos de requeijão vão pelos ares em segundos. Quando a conversa tá muito boa mesmo, começo a arrancar a cola deles com a unha também.
3. Eu fumo um cigarro quando estou atrasado. Se eu acordo atrasado, ou por algum motivo me atraso pra algum compromisso e a ordem é sair correndo, antes de tudo, antes mesmo de me arrumar, tomar banho ou notificar alguém do meu atraso, eu tenho que fumar um cigarro, por mais absurdo que isso possa parecer.
4. Eu falo no telefone andando pela casa. Falar no telefone sentado ou deitado numa cama, pra mim, é algo inimaginável! Eu falo andando e também sempre fazendo o mesmo percurso pela casa. Se mudar o caminho é capaz de eu perder a linha de raciocínio da conversa.
5. Eu tenho sempre a mesma ordem pra me ensaboar no banho. Isso é algo que nunca vai mudar, a ordem do sabão é sagrada. Primeiro a cabeça com shampoo, depois com o sabonete eu começo pela barriga, tórax, braço 1, ombro 1, braço 2, ombro 2, costas, pinto, bunda, perna e pé 1, perna e pé 2, aí eu mudo o sabonete e lavo o rosto. Coisa de gente louca.
E você? Quais são as suas manias? Vamos tentar levar a corrente pra frente!
Recebi isso da Lala, como não poderia deixar de ser, e vou passar pra Dani, pro Leo, pra Isa, pra Mc e pra Renata. Boa sorte galera!

Sunday, March 19, 2006

A LENDA

Ahh os prazeres da vida... Você sai sereno, andando por aí como quem não quer nada, fazendo suas coisinhas, beijando um alguém aqui outro ali, comprando artefatos supérfulos, trabalhando legal, labutando por uma reputação bacana, fazendo novos amigos, cuidando bem dos velhos e num belo dia você fica sabendo que o "pessoal do financeiro" criou uma lenda sobre você.
No começo tudo parece um pouco estranho, por que os "aliens" estão te difamando? Inventando histórias a seu respeito? Espalhando por aí que você não passa de um garoto lindo, rico, fútil, hedonista e hiperbólico? Construindo um enredo com começo, meio e fim no qual não existe nem uma pequena parte de verdade? Por que alguém teria feito isso?
Aí você pensa em se vingar, inventar uma história sobre eles, porque afinal você é muito mais criativo, ou colar post it em baixo do mouse de todo mundo, ou mesmo esconder maconha no cachorrinho dos tadinhos. Mas aí o pensamento passa, você cai na real e se liga que "alguém" criou uma lenda sobre você. Olha que louco...
Meu pensa bem!! Alguém acordou de manhã, foi trabalhar e mesmo tendo um zilhão de continhas, ou planilhas de exel pra fazer, essa pessoa parou tudo e "inventou" uma história sobre você! Olha o tempo que ela perdeu! E depois de toda essa elaboração, ela ainda perdeu mais tempo e empenho espalhando sua obra pros coleguinhas. E tudo isso só pensando única e exclusivamente em você, que nem o nome deles sabe. Na boa, quantas pessoas vocês conhecem que tem uma lenda? Não é pra achar que não existe homenagem maior que essa?
Agora, o melhor de tudo é que mesmo sabendo que a realidade não é tão generosa quanto a mente de quem inventou sua lenda, você sabe que todo mundo vai passar eternamente por aquelas mesas, cheias de pessoas acoadas sobre HP´s e jamais saberá quem é o autor de tão preciosa obra, mas sempre vai se lembrar do seu lindo, rico, fútil, hedonista e hiperbólico protagonista.

Tuesday, March 07, 2006

O GRINGO

Segunda no MSN, lá pelas 9 da noite:
Amiga: Oi você viu que eu te liguei?
Eu: Não! Que horas?
Amiga: Lá pelas 5 não sei... Ninguém te dá recado no seu trabalho?
Eu: Não..
Amiga: Que merda de trabalho! E se fosse importante?
Eu: Você ia ligar de novo!
Amiga: Mas era importante...
Eu: Era? Por quê? Não é mais?
Amiga: É, lógico que é! Eu tô sofrendo um absurdo! O Andrew foi embora...
Eu: Por Deus... Quem é Andrew?
Amiga: O gringo que eu conheci no carnaval...
Eu: Ahhh então você conheceu um gringo no carnaval do Rio? Que original!
Amiga: Conheci, me apaixonei, dormi no hotel com ele até hoje as 4 da tarde, quando o maldito pegou um taxi pro aeroporto. Não fui nem trabalhar! Voltei do Rio na quinta, com o Andrew colado em mim e só desgrudei hoje. Me ajuda?
Eu: Te ajudar? Como? Quer que eu te sustente no estrangeiro enquanto você procura o grande amor? Como eu poderia te ajudar? Foi pra isso que você me ligou as 5 horas?
Amiga: Foi, você tem experiência em se apaixonar por pessoas de outros paises... e eu precisava conversar com alguém que entendesse a minha dor.
Eu: Olha nega... Só tenho duas coisas pra te falar...
Amiga: O que?
Eu: Primeira, sorte a sua que ninguém me deu o recado hoje a tarde, porque se eu te ligasse e você ainda me viesse com esse problema, com a tarde que eu tive, com certeza eu te matava! E segunda, vou passar aí na porta do seu prédio agora pra te arrebentar a cara, e me espera na rua porque eu não vou subir!
Amiga: Credo!! Vexame!! Ainda vou ter que apanhar na rua?
Eu: Vai! Só pra largar a mão de ser tonta! Aproveita e veste uma roupa decente, que eu te levo pra tomar um café depois da surra! Mas se tocar no assunto do gringo, apanha de novo!
Amiga: Tá bom... dá um toque no meu celular que eu desço... Bjo
Eu: Té já!
Era só o que me faltava virar consultor para "relacionamentos importados com data de validade vencida"! Tem coisas que só com um tratamento de choque resolve pra manter a amizade, mas sei lá, as vezes a gente faz por merecer...

Wednesday, March 01, 2006

NEW YORK ADVENTURES III - MONEY, MONEY, MONEY

Pra viajar sem dinheiro é melhor nem ir, pra viajar com dinheiro contado é melhor nem olhar pro lado, mas pra viajar com algum dinheiro, eu descobri que é preciso de mais dias pra não se afobar e decidir o que levar.
Vamos supor que você tenha uma certa quantia a gastar. Uma quantia até que boa, bem razoável de onde você deve tirar dinheiro para os presentinhos da família, encomendas de amigos e "mimos próprios".
E é aí mesmo, no quesito de "mimos próprios" que você se vê na maior enrascada! O que levar para você mesmo? O que você, que já está viajando e feliz da vida, vai querer do destino que você mesmo foi? O que levar pra agradar esse seu ego enjoado e mimado, que já está cheio de sí e duro de inflado por realizar muitos desejos ao mesmo tempo?
Bom, em resumo, toda e qualquer quantia se torna pouca. Pensando bem, muito pouca ou melhor, quase nula. Nada é o bastante pra te satisfazer! Você se sente meio que um alcoólatra no departamento de bebidas do freeshop.
Seu ego se torna cada vez mais ganancioso e perverso e judia dos cartões de crédito, com requintes de crueldade. Cada nova loja é uma nova tortura, um novo sonho de consumo e uma nova sacola. Os finais dos dias são cheios de pacotes pesados, recheados de desejos supérfulos, caros, passageiros, e pequenos desfiles na frente de um espelho conhecido. Você perde completamente a noção, e a cada dia o buraco negro que tem dentro de você parece estar maior.
Você compra, compra, compra como se não houvesse amanhã, mas o amanhã existe. Um amanhã cinzento, envolto em faturas negras, com valores em duas moedas distintas. Agora não há o que fazer, só te resta esperar a tempestade passar, ponderar mais suas novas despesas, e trabalhar. Trabalhar muito, pra poder pagar essa orgia e quem sabe até entrar em uma outra, num futuro bem próximo.

Friday, February 24, 2006

NEW YORK ADVENTURES II - IT'S BEGINNING TO SNOW

- Ahhh. Pena que você vai pra Nova Iorque em fevereiro. Não tem neve...
- É muito difícil nevar em fevereiro. Quase impossível!
- Bom se você chegar a ver neve, vai ser bem pouca. Afinal, o inverno deles já está acabando...
Pois é meus caros, mesmo sendo difícil, mesmo sendo quase impossível e mesmo em se tratando das chances de se ver neve em fevereiro em Nova Iorque serem quase nulas, eu peguei uma nevasca. Bom, uma nevasca só, não! Eu peguei simplesmente a maior nevasca em 180 anos.
Quando os primeiros flocos começaram a cair, num fim-de-tarde de compras no Soho, achei interessante, bonito, diferente, fiquei emocionado, abri a boca pra sentir o gosto, tirei muita foto, liguei pra casa pra contar, e isso tudo pra mim, na boa, teria bastado.
Mas a cidade resolveu me dar mais um presente, mais histórias pra contar, e na manhã seguinte, quando eu coloquei o pé pra fora, estava tudo coberto de um branco bem branco, que chegava mais ou menos até a metade das minhas coxas.
Parecia que o Natal tinha chegado novamente. Parecia que eu era parte de um filme, de uma dessas comédias romanticas que lançam sempre no fim do ano, ou de algum seriado que eu sempre assisti.
Mais uma vez, o caipira do sítio que mora em mim não se contentou apenas com visão, e teve que tocar, apertar, deitar e rolar na neve ainda limpa, pra sentir se era de verdade, meio que pra ver que o "filme" era real e meio que pra guardar aquilo sempre na memória.
No final todo molhado e gelado, louco pra tomar um banho quente, me agasalhar e voltar a sentir os meus dedos, eu gostei de pensar que já podia riscar um daqueles itens de "coisas para fazer nessa vida". "Brincar na neve" agora já tem um visto, do lado.

Friday, February 17, 2006

NEW YORK ADVENTURES - LET'S PAINT THE TOWN

Mal podia esperar as 9 horas de vôo para poder aterrisar logo em solo americano, mal consgui dormir nas duas cadeiras da economica que eu tinha conseguido arrebatar e mal pensava em tudo que eu tinha para fazer. Era uma emoção esquisita, uma sensação "caipira" de quem parece que nunca saiu do sítio, misturada a um certo medo de não saber o fazer, o que dizer ou até mesmo o que pensar!
A primeira coisa que eu fiz quando cheguei em Nova Iorque, foi passar pela imigração americana, até porque é o que todo mundo que não é americano faz quando chega lá, e eu não podia fugir dessa...
Não sei se por muita empolgação ou carga energética demais na minha cabeça, na hora que ficamos só eu e o chefe de polícia para as averiguações e a "carimbada" do infame papelzinho, o sistema "inexplicavelmente" saiu do ar. É isso mesmo, o sistema de checagem das pessoas que chegam no aeropoto deu "tilt". Justo na minha vez! Bem em mim que estava querendo tanto entrar e ficar tranquilo na Big Apple!
Juro que na hora pensei que tivesse aparecido alguma coisa estranha na tela, como: "Segurem esse cara" ou "ele não tem crédito no banco", mas não. Notei que em todas as cabininhas tinha gente parada olhando, como eu pro chefe de policia. Perguntei pro cara se isso sempre acontecia, e ele disse que, pelo que ele sabia, aquela era a primeira vez! Os minutos na frente do homem foram intermináveis. Também pudera, foram mais de vinte longos minutos parado na frente do cara, com uma tela branca entre a gente, em total silencio.
Quando o sistema finalmente voltou o homem perguntou: "Quantos dias você vai ficar?" e eu respondi "Dez". Ai ele disse: "dedo direito", apontando a maquininha na minha frente, e eu coloquei o dedo esquerdo. Então ele falou: "aperta forte cara" e eu troquei de dedo. Foi então que ele disse com a cara mais novairquina possível, e no mais perfeito palavreado do Bronx: "Você não vai durar nem 3 dias por aqui, irmão", me entregando o cartão com validade até agosto.
Saí de lá pensando: "Não vou durar nem 3 dias? Você que me aguarde guardinha... Vou chegar aqui nesse aeroporto com uma banda pedindo que eu fique". Será que esse cara não sabe que eu confundo direita e esquerda até mesmo em português? Vai se danar!
Peguei uma van e sai do aeroporto sentido Downtown... Na minha cabeça só tinha mais um pensamento agora: "Será que eu vou encontrar a Nova Iorque que eu espero? Ou será que em 3 dias a cidade iria mostrar que nao era bem o que eu vinha procurar, e me engoliria como fez com tantos outros?". Não sei, só sei que três dias, por enquanto, era ainda muito tempo.