Monday, December 11, 2006

COISAS QUE AMAMOS

Se tem uma coisa que eu adoro quando chega o verão é usar protetor 4. Se esse é o protetor certo pro meu tipo de pele? Óbvio que não, mas é aí que está a graça! Não que eu devesse usar um protetor 30, porque aí eu com certeza saio branco depois daquelas horas de sol, mas pelo menos um 15 eu deveria usar. Deveria, leu bem. Mas não uso, sempre acabo usando o 4.
Adoro sair do Sol com aquele tostadinho de quem usou um bom protetor 4, com aquele cheirinho de pele tostada. Adoro o leve ardor depois que eu tomo banho e o alívio que um bom aloe vera traz. Adoro a marca da sunga definida, a cor por igual, o ruborizado do rosto e principalmente adoro a cor que eu fico depois de 3 dias de esforço.
Usar protetor 4 pra mim tem um ar de rebeldia, me sinto jovem, inconsequente, sem medo do perigo, sem noção do futuro negro que está por vir, rompendo paradigmas. Sinto que os outros são uns idiotas de usar um protetor mais forte, me sinto herói e digno de uma pele tostada usando o meu amado 4. Enfim, usando protetor 4 eu me sinto de volta a adolescência.
Hoje eu fui à dermatologista e ela colocou minha cara numa desgraçada duma luz roxa. Meu rosto é uma mancha só. Não é força de expressão não! É uma mancha só mesmo, sem emendas, uma mancha que começa na testa e termina no queixo. Eu sou um sério candidato a ter um câncer de pele antes dos 40 anos se continuar usando o protetor 4. Além disso ainda terei que fazer um tratamento de pele medonho e também terei que usar protetor 60 durante todo o verão, todo dia! Existe esse fator de proteção? Sessenta!? Onde usam isso?! Em Mercúrio?
Me sinto traído pela minha pele, difícil a idéia de chegar aos 30 e já ser privado de fazer uma das coisas que eu mais gosto por causa da saúde. Imagine então, o tamanho da revolta quando me proibirem de comer doce?

Wednesday, December 06, 2006

IF YOU'RE GOING TO SAN FRANCISCO

Assim ó, de verdade? Não esperava! Apesar de ter sido avisado por todo mundo que eu estava indo para a cidade mais "mente aberta" dos Estados Unidos, não acreditei logo de cara não. Até porque, pra mim americano "mente aberta", é aquele que recicla lixo, tem noção que o Bush é um escroto e sabe a capital correta de algum país da América Latina.
Logo ao chegar em San Francisco já me espantei com a simplicidade e a despretenciosidade com a qual as pessoas me tratavam, no hotel, na van, no aeroporto e na lojinha de eletronicos... O melhor é que não era algo arranjado, realmente dava a impressão que aquelas pessoas eram fofas porque queriam, porque se não quisessem facilmente poderiam não ser, ou poderiam também procurar algo melhor com o que gastar o seu tempo. O estilo low-profile era tanto, que cheguei ao cúmulo de pagar menos em uma jaqueta por ser brasileiro, pagar ingresso com desconto por estar indo sozinho e ganhar massagem por ser bonitinho. Nunca pensei em viver situações como essas nos Estados Unidos, essa coisa de dar "jeitinho" é trabalho de brasileiro, de australiano e não de americano.
Em San Francisco achei comum as pessoas te ajudarem, serem simpáticas, saberem da onde você vem, te tratarem pelo nome, darem festinha pra você, te receberem bem, te levarem pra conhecer lugares. Mas San Francisco não é só um mar de rosas, lá também tem muito mendigo, muita gente sofrida e muitas, muitas esquisitices mesmo, dentre elas: a cidade é um lugar onde homens andam de mãos dadas, as mulheres se beijam no supermercado, os caras com chifres de titânio implantados são funcionários públicos e as lumpa-lumpas coreanas parecem estar escondidas em todos os lugares, prontas para dizer algo com sotaque inintendível. Mas tudo é tão simpático e tratado com tanta naturalidade, que todas essas esquisitices passam a ser simpáticas também.
Aliás, o welcome de San Francisco é algo tão marcante, tão gostoso e tão acolhedor, que você chega a pensar que vai ser difícil, algum dia, alguma outra cidade ficar com o título de Miss Simpatia.

Sunday, November 05, 2006

MINHAS FÉRIAS

Foi nas redações da escola com esse título típico de volta às aulas, que a Mônica pensou quando fechou a viagem com as amigas pra Fernando de Noronha. O pacote não foi barato, na verdade ela teria preferido Nova Iorque, mas suas amigas fizeram tanta pressão que no final a Mônica acabou topando, pois tudo que envolvia suas outras quatro amigas era divertido e acabava rendendo histórias para a vida toda. Além de tudo ia ser bom a Mônica viajar só com as meninas sem o Edu, seu namorado, ia ser uma despedida de solteira, já que eles estavam na beira do altar, só que sem os go-go boys.
Logo ao chegar, Fernando de Noronha lhe custou mais ou menos uns 8 cartões de memória da câmera, o lugar era lindo, com paisagens que elas nunca jamais tinham visto ao vivo. A preservação, a vida marinha e a precariedade do local também faziam parte do que era legal e parece que conspirava para criar o clima de descanso e beleza.
Nos dois primeiros dias as meninas nadaram com golfinhos, fizeram trilhas incríveis, viram tartarugas, tomaram sol em praias desertas e chegaram mortas de cansadas ao hotel, prontas para dormir a noite toda. O problema foi que nos outros 5 dias da viagem, as meninas também nadaram com golfinhos, fizeram trilhas incríveis, viram tartarugas, tomaram sol em praias desertas e também chegaram mortas de cansadas ao hotel. Pra concluir, na última noite em Fernando de Noronha, a Mônica e as outras meninas preferiam ver o capeta, à uma gangue de golfinhos ou tartarugas fofas.
Foi da Rêzinha a idéia de perguntar alguma coisa pra monga lesada que ficava na recepção da pousada. A moça indicou uma "gafieira simplezinha", onde os locais da região iam se divertir aos sábados. E lá foram as moças aventureiras achando que nada seria pior do que ficar olhando umas para as caras das outras, num sábado a noite.
Não era difícil se sentir como a Brigitte-Jones-vestida-de-coelha-da-Playboy, sendo loira, linda e entrando num lugar como aquele. O público literalmente parou. Não se deixando intimidar pela situação a Mônica foi ao bar, pediu algo, tentou relaxar e se divertir.
Além da cara de Letícia Spiller, a atitude da Mônica deve ter mexido com a libido do poderosão da balada, o Carlão chegou rápido, decidido e cheio de marra pra tirar a moça pra dançar. Como não é de bom tom "dar tábua", e além de tudo dessa resposta dependia como todas as outras seriam tratadas pelo resto da noite, a Mônica aceitou o convite do Carlão, mesmo sabendo que aquilo tinha aquela cara que não ia terminar bem.
O Carlão era a personifição do fetiche do pescador errante, de toda moça solteira e descompromissada com a vida, que vai sozinha a uma praia deserta. O rapaz se tratava de um negão retinto, bonito e trincado, vestido de branco e cheirando a colônia de tirar o chapéu. Os dentes de um branco e o molejo de jeito que qualquer outra das suas amigas, que não tivesse namorado, ia querer conferir de perto nem que fosse somente pra poder contar contar depois.
Ao puxar a Mônica pra pista, o Carlão se mostrou "respeitador", ela disse que tinha namorado e ele se colocou a dançar com a mão na cintura dela, com o um adolescente de 11 anos. Lá pelo meio da música o Carlão relaxou, deu lá suas encoxadas na Mônica e começou a debruçar mais e mais o seu corpo sobre o dela.
Como aquela música já quase se mostrava um "Faroeste Caboclo" do forró, o Carlão teve tempo suficiente pra começar a suar feito um louco e pressionar a cintura da Mônica contra seus dotes, já não tão "respeitadores" assim. Essa atitude serviu pra coroar o final da viagem da moça, aquilo era o que bastava pra ela ter a certeza de Nova Iorque teria sido sem dúvida nenhuma uma idéia melhor.
Saturada daquele bate-coxa, da falta de respeito e coberta pelo suor do Carlão, a Mônica chegou ao ouvido dele e disse: "- Você sua muito!". Não é preciso nem contar a cara que ela fez quando o Carlão abriu um sorriso e respondeu: "Eu também vô sê seu todinho!".
Depois disso só restou pra ela passar a mão nas amigas e sair voada de lá, deixando o cara sem entender nada na pista e rezando pra ninguém descobrir onde elas se escondiam. A Mônica só saiu da pousada no dia seguinte, na hora de ir embora, e até hoje ela ainda arrepia ao pensar que o Edu, andou falando por aí em passar a lua-de-mel em Fernando de Noronha.

Monday, October 23, 2006

OTIMIZANDO

O pior de tudo em ter sua própria empresa, é que as vezes você se pega completante escravo de você mesmo. Você é na maior parte do tempo seu próprio boy, seu próprio departamento comercial full time, sua própria secretária, moça do café e muitas vezes, mesmo tendo empregada é você que tem que parar tudo o que está fazendo pra dar um "tapa" no seu local de trabalho.
Além disso você fica também completamente obsecado por números, contas, porcentagens, orçamentos e DARFS, coisas que até pouquíssimo tempo atrás você nem tinha idéia que possuia talento pra administrar.
São tantos detalhes, tantas indas e vindas e batidas de cabeça, que você acaba nem tendo tempo de fazer aquilo que você abriu o escritório pra fazer. Mesmo achando péssimo o termo "otimizar o tempo", você começa a perceber que essa palavra vai se tornar cada vez mais necessária.
Você toma banho passando fio dental, dirige falando sobre briefings no celular, anota idéias no cartão do estacionamento e faz brainstorm na fila do banco. A correria é tanta, que sua família que te ligava e ficava batendo papo em outros tempos, hoje em dia só te vê de fim-de-semana enquanto você ronca alto no sofá durante o filme do domingo.
No fim você sabe que é difícil, bem mais do que você esperava, mas no fim do dia, quando você já está arrasado de tanto trabalhar e com a maior preguiça de passar perto da academia, ao apagar a luz daquele escritório que começou do nada e que já está germinando e cheio de vida própria, te dá uma onda de orgulho tão grande que logo da vontade de voltar na manhã seguinte.

Saturday, October 21, 2006

QUE PARTE QUE EU PERDI?

Foi assim: passeando de carro em um sábado tranquilo, na eterna busca do apartamento perfeito me deparei com um pensamento medonho. O pensamento de que este blog estava sendo invadido por traças, baratas, caranguejos e pernilongos, o que não deixa de ser verdade.
Como consegui ficar tanto tempo sem escrever, é um mistério até pra mim, mas eu pretendo me redimir.
O bom disso tudo é que depois da calmaria vem a tempestade, e eu espero que vocês estejam preparados, porque além do mais isso aqui agora é o blog de um empresário balzaco, que entre um ISS e outro arranja um tempinho pra escrever.
Senti muita falta de todos, Isa, Mc, Mh, Leo, Lala, Ceiça, Cláudia, Renatas, Dani, Lia, Vivi e de outros tantos que eu esqueço (sem perdão) os nomes agora. Sinto muuuuuuita falta também da Ju, minha musa inspiradora pra começar a escrever, que agora pegou a chata mania de colocar seus multi-blogs em manutenção.
Enfim, meninos isso é só o começo!

Sunday, July 30, 2006

COISA DE MÃE

- Filho?
- Hum?
- O que é uma dor que começa aqui assim, depois vem pra cá, e dá uma adormecida aqui assim e depois vem pra cá que nem um pontada fuuuuunda?
- Não sei mãe.
- Como não sabe?!
- Não sabendo ué! Eu não sou médico mãe.
- Eu sei que você não é médico! Mas não saber que dor é essa? Você tá é de má vontade, não quer me ajudar.
*
- Oi filho! Você veio almoçar?
- Ahh eu estava aqui perto, se tiver comida eu almoço sim!
- Tem claro que tem! Na minha casa não falta comida! Por que você não ligou avisando que vinha?
- Eu não sabia, estava aqui perto...
- Da próxima vez avisa.
- Tá... O que tem pra comer?
- Bom eu e seu pai estamos de regime, não tem muita coisa...
- Tá bom mas o que tem?
- Lasanha.
- Lasanha?! Mas você não disse que estava de regime?
- Mas eu só comi um pedaço, seu pai que comeu o resto... Ahh a Maria tb comeu! Acabou!! Ahhh filho... e agora? Quer bolo de cenoura que eu fiz pra sobremesa?

Tuesday, July 11, 2006

DE REPENTE 30

Ai você entra inesperado, meio que no meio de mundanças, meio transitório, meio crítico e um pouco esbaforido. Entra bombando e inegavelmente, e por fim enfia os dois pés lá dentro, profetizando novos tempos. Você se desanima, sente o impulso de mentir por mais um tempo, de adiar por pelo menos mais um ano a idéia de colocar o 3 na frente da sua idade e de deconversar. Você definitivamante entrou na casa dos trinta.
Como diz o Luís Fernando Veríssimo, a sua vontade é de voltar, dizer que não aproveitou muito bem a casa dos vinte, que lá a festa ainda está rolando, que lá o pessoal dorme mais tarde, que quer outra chance, finge que esqueceu alguma coisa por lá, mas não tem jeito. Não há saída da casa dos trinta anos. Pensando bem há sim, mas é para a casa dos quarenta e dessa você nem quer passar perto.
Na casa dos trinta as roupas parecem mais formais, os bonés foram abatidos à tiros e uma certa barriguinha é permitida, afinal você já tem idade e não é mais garoto pra ficar andando sem camisa por aí. Da casa dos trinta também não é possível mais ver a vitrine de algumas lojas que eram muito visíveis da janela da sala da casa dos vinte. Talvez se você espremer os olhos e fizer aquela força a mais na visão, olhando de cantinho pelo respiro do banheiro, de pra enchergar alguma coisa, mais você nem tenta, na casa dos trinta a sua preguiça é maior.
Maior também é a sua necessidade de conforto na casa dos 30, as plotronas são maiores, as viagens mais interessantes, os banheiros são limpos e os colchões ortopédicos. Na casa dos 30 todo mundo sente dores na coluna. A garagem também é mais ampla, assim como o armário de remédios em cima da pia do banheiro. Por mais que ainda não se tenha filhos a casa dos 30 os espera, por isso as "minivans" e as "offroads" são sempre bem-vindas.
Olhando bem entre as pessoas da casa dos trinta você percebe todo tipo de gente, conhecidos, amigos, chatos, mancos, zarolhos... Óbvio que tem também aqueles que parecem não ter saído da casa dos vinte, e esses você decide nem se aproximar. Então, num cantinho, perto da saída da varanda que dá pro fumódromo você repara num pessoalzinho. Uma galera bacana, cheia de conhecidos, gente boa, gente que parece estar sobrevivendo bem lá dentro. Você vai se achegando e pra eles você ainda reflete o mesmo olhar que refletia na casa dos vinte. Pronto, é alí que você decide aproveitar a festa dos próximos dez anos, bebendo um pouco, saindo pra fumar um pouco, se apaixoando um pouco, galinhando um pouco... Mas tudo um pouco e bem moderado, porque afinal, como eu já disse, agora você já tem idade.

Friday, June 23, 2006

O CRAVO E A ROSA

A Marcinha é assim mesmo, se apaixona por histórias que ela mesma inventa. Gosta da cena, da imaginação, do que cerca um caso de amor. Muitas vezes a Marcinha gosta até de pegar trânsito, só pra no caminho ir imaginando uma paquera ou talvez uma vida inteira com o cara do carro do lado.
Mês passado a Marcinha mudou de estacionamento, um começou a cobrar caro demais e do lado da delegacia, tinha outro que era bem mais barato. Todas as manhãs, ou a maioria delas, quando deixava o carro pra ir ao trabalho a Marcinha via um homem parado na frente da delegacia ou falando no celular, ou conversando com alguém, ou fumando um cigarro. O cara não um garoto, nem um franguinho, era um homem mesmo, com letra maiúcula, desses que, segundo a Marcinha, tem jeito de ter "pegada". Não demorou muito pra Marcinha começar a chamar o moço de "Delegado" e ficar ansiosa todas as manhãs pra ver se o danado do cara olhava pra ela.
Gostava de imaginar que um dia o "Delegado" iria chegar bem malandro, dizer alguma graça e convida-la pra sair. Que um dia ela iria ver que aquele jeito de "broncão" do "Delegado" era só fachada, que na verdade ele era um homem sensível, que gostava de música clássica, apreciava bons vinhos e cuidava do afilhado no fim-de-semana prolongado.
Pensar no delegado se tornou o passatempo predileto da Marcinha. Ela imaginava histórias com ele de manhã, no cinema, quando alguém no trabalho começava a discutir e até mesmo vendo Belíssima. A Marcinha tentou tirar fotos do Delgado com o celular, simulou tomar um tombo na frente da delegacia, entrou no D.P. pra fazer um B.O. falso e ver se cruzava com o cara e nada. Nada mudava na história da Marcinha.
Semana passada, por causa de um trabalho da agência, a Marcinha teve que acordar super cedo, ir até a Dr. Arnaldo e comprar uma cacetada de cravos. Como todas as manhãs ela estacionou o carro, pegou tudo que era seu e foi em direção a agência, só que desta vez ela levava com ela as 7 dúzias de cravos coloridos necessários para o job. Passou em frente a delegacia e nada do "Delegado", não podia acreditar numa coisa dessas. Justo hoje ele não estava! Justo hoje que ela tinha tudo pra chamar a atenção... Virou a cabeça, deu uma última olhada por cima do ombro e... PUMBA!!! Foi difícil não sentir o tranco daquele "homão" batendo de frente com ela.
Os cravos cairam todos pelo chão, e a Marcinha não podia acreditar no que via. O delegado bem ali na sua frente, olhando pra ela e pro monte de cravos. Era a chance dele! A chance dela! Nada podia ser mais perfeito que isso! Ela, o "delegado" e cravos pelo chão, ele agora podia dizer qualquer coisa... qualquer coisa já teria tornado sua fixação realidade. Foi então que ele abriu a boca e disse: "Soooooooorrryyyyyy dear!!!" na mais perfeita entonação de Clodovil que que a Marcinha pode entender. E ainda saiu saltitando sem nem mesmo ajudar a menina a recolher os destroços.
Até hoje, passar na delegacia ainda é motivo de vergonha interna pra Marcinha. Mas como é que ela poderia imaginar, sendo que a imaginação era tão mais divertida?

Tuesday, June 06, 2006

O CAMINHÃO DA GRANEIRO CHEGOU

Pronto, sei que agora eu demonstrei a idade, mas a vida é assim mesmo uma hora tudo vira verdade. Essa frase era de um comercial velho, mas bem velho mesmo, onde tinham umas crianças brincando numa laje e de repente chegava o caminhão da Graneiro, uma empresa de mudanças muito famosa na época, e o menino gritava: "Mãe, o caminhão da Graneiro chegou!".
Lembro que isso me dava uma angústia, pois nunca fui muito fã de mudanças e sempre achava esquisito o aquelas pessoas começarem a empacotar as coisas felizes da vida. Foi essa mesma angústia que senti quando notifiquei a equipe que eu trabalho que eu os estava deixando, depois de quase 8 anos juntos.
Pensei na hora no pessoal da Graneiro chegando pra carregar as minhas coisas, vindo embrulhar meus pertences, meu Santo António, minha tabela Pantone, as fotos do meu afilhado, e eu senti a mesma angústia. Aquela bem chata, lá no fundo do peito.
É estranho mudar, é estranho ver que tudo vai continuar depois que você for, que as pessoas vão continuar seguindo seus rumos. Tudo bem que umas vão sentir mais do que outras, mas a verdade é que nada vai mudar muito pros outros. Sem querer ser tétrico, é mais ou menos como morrer.
Só sei que hoje, fazendo as vezes de mocinho da Graneiro e levando embora as coisas aos poucos, pra não sentir muito a porrada, eu percebi que nesses 8 anos, cumpri a minha parte. Fiz grandes trabalhos, fiz grandes amigos, ganhei jogo de cintura, perdi papas na língua e principalmente acreditei no que eu fiz durante todo esse tempo.
Enfim, mudar é estranho mas quando é num caso como o meu, um caso de livre e espontânea vontade, gera também um frio na barriga e uma vontade de ver no que vai dar. O que vai ficar mesmo é a saudade de conviver com as pessoas que eu aprendi a viver todo esse tempo e que querendo ou não, se tornaram minha família, mas essa saudade eu pretendo curar num chope.

Tuesday, May 09, 2006

NÃO É VOCÊ

Já era tarde, e se fez silêncio na mesa do Rocket's. Um daqueles silêncios, que duram mais que o aceitável, que se tornam grandes demais pra poder suportar. Foi então, que depois de muito ensaiada, veio a pergunta:
- Gé?
- Hum?
- Posso te perguntar uma coisa?
- Fala.
Se fez outro silêncio grande. Não foi proposital dessa vez, foi só pra respirar. Foi pra olhar pra frente vendo pela última vez, as coisas como eram até aquele momento.
- Por que você me convidou pra ir à Ópera com você hoje?
E então ele abriu um sorriso, e tomou um gole da limonada rosa:
- Você não me entende, é isso?
- Não, nem um pouco.
- Eu não posso mesmo querer que você me entenda, sendo que nem eu me entendo. Falei muito de você na terapia. Muito.
- Você também foi assunto na minha.
- É que quando eu vejo que as coisas estão engrenando, eu fujo. Sempre foi assim. Eu faço isso sem querer. Quando eu vejo a possibilidade de alguma coisa ir adiante, eu arrego.
- Tá. Tudo bem. Essa parte que eu já sei você pode pular. Mas por que você me convidou pra sair com você hoje? Qual é a sua?
Outro sorriso, daqueles desconcertantemente lindos.
- Não sei - disse ele e agora foi ela que sorriu - Não sei mesmo o que eu quero. Eu gosto de estar com você, gosto de dividir as coisas com você, de te levar nos lugares, de ir com você nos lugares que você quer que eu conheça, mas eu também gosto de estar sozinho, de não ter compromisso, de não precisar ligar.
- Mas aí você acaba me deixando confusa. Eu nunca sei o que fazer, como você vai acordar no dia seguinte. Eu não sei se posso contar com você.
- Me desculpa? Eu não queria te deixar assim. E eu também quero que você saiba que não existe outra pessoa, e que você foi a última menina que eu beijei. E que também você não fez nada, pra eu me afastar da última vez, nenhuma atitude, conversa ou atributo seu fez com que eu me afastasse. Eu gosto de estar com você, já disse. Por isso eu voltei a te ligar mesmo achando que você ia me achar um louco.
- E eu achei mesmo.
- Me desculpa?
- Tudo bem. Mas eu precisava dessa conversa. Precisava colocar os pingos nos is. Precisava te falar que eu não te acho normal..
- E eu não sou!
- ...e que eu deixei bem claro o que eu queria com você. E eu ainda preciso saber o que você quer de mim. Pena que nós dois não conseguimos fazer isso. Vamos pedir a conta?
Ela foi embora com a desculpa mais clichê do mundo, a boa e velha "não é você, sou eu", não serviu mais uma vez pra acalmar um coração. Quando ela desceu do carro ele disse que a conversa ainda não tinha acabado, mas ele nem ligou. Ela com certeza nunca mais iria ligar pra ele. E ele certamente iria tentar mais alguma coisa, mas talvez ela não fosse. Tempos depois, talvez eles se reencontrassem, mas aí, seriam outras pessoas,

Thursday, April 20, 2006

DEPOIS DAQUELA VÍRGULA

É impressionate a quantidade de acontecimentos que sucedem uma vírgula!
Depois da vírgula ela ligou. Depois da vírgula a gente saiu pra jantar em lugar bacana, e em lugar boqueta também. Depois da vírgula nós fomos ao cinema, assistimos filmes na quarta, no sábado e de terror. Depois da vírgula a gente se falou muito, 3 vezes por dia, logo ao acordar, antes de dormir e enquanto faziamos compras em supermercados diferentes.
Depois da vírgula ela fez aniversário e ganhou presente, entregue discreto com cartão bonitinho. Depois da vírgula falamos de trabalho, trocamos idéias, nos incentivamos. Depois da vírgula rompemos barreiras, conhecemos os amigos, os colegas e uma parte do passado.
Depois da vírgula ela me viu rindo, orgulhoso, carente, pilhado, ansioso, gozando, dormindo, sonhando, abraçado e beijando. Depois da vírgula ela me conheceu, e soube meio que sem mais nem menos o que eu queria por entre tantas vírgulas.
Mas talvez, tantas vírgilas não tenha sido o que ela queria. Talvez entre uma vírgula e outra ela tenha deixado escapar que não queria tantas, mas talvez eu na ansia de colocar a próxima não tenha parado pra prestar atenção. Talvez quando ela tenha visto a montoeira de vírgulas ela tenha se assustado, e talvez tenha desejado trocar tudo por um ponto final. Mas isso, o que se passou na cabeça dela, eu nunca vou saber e nem quero.
O que eu quero, é colocar muito mais vírgulas, seja nesse ou no próximo parágrafo, porque assim, eu posso demonstrar pra minha vida que eu espero muito mais dela,

Thursday, April 06, 2006

COISAS ESTRANHAS

A Didica sempre foi assim. Sempre gostou da coisa mais do que qualquer outra, e nunca fez questão de esconder isso de ninguém. Passou um tempo sozinha, o que quase a levou ao desespero. E foi numa dessas, num casamento onde era madrinha, que a Didica conheceu o Nivaldo.
Quando a noiva falou pra Didica que ela ia entrar com um cara chamado Nivaldo na igreja, que era primo dela, que vinha do interior só para a ocasião, a pobre desesperada já viu sua festa afundando. O que ela poderia esperar de um cara chamado Nivaldo? Provavelmente era um bonachão, um tio querido e solteirão que cheirava a cerveja e jogava truco nas tardes de sábado. O que a Didica, que gostava tanto da coisa, iria fazer com um Nivaldo?
Foi só ver o Nivaldo que a cabeça da Didica já começou a pipocar em um monte de idéias de o que fazer com ele. Se bobear o Nivaldo, de tão lindo, chamou atenção até do padre e de uma tia velhota do noivo que não largava o andador. A Didica só praguejava o nome do cara. Como tentar transar com um Nivaldo? Que ainda por cima devia estar hospedado em um hotel com a família? E ainda a família da amiga dela?
Na verdade, nem foi tão difícil assim. Exatamente entre New York, New York e Y.M.C.A., a Didica fez a conversa mole chegar a mão na bunda sem o menor esforço. Quando o funk entrou em cena, foi mais fácil ainda pra Didica convencer o Nivaldo a leva-la a "um lugar mais tranquilo". O difícil mesmo, foi na hora do lance, dizer coisas como "aí Nivaldo", "ui, Nivaldo" ou "uau!! Nivaldo"! Mas depois da sexta vez, ninguém mais prestava atenção nisso e a Didica acabou relaxando. Relaxando tanto, que dormiu, sem tirar a maquiagem, sem desfazer o panetone que ela tinha na cabeça, e sem nem mesmo tirar o espartilho, que na igreja tanto incomodava.
Ao acordar pela manhã, revigorada e com a visão de um monumento dormindo ao seu lado, Didica sorriu. Feliz, tranquila, apaziguada. Levantou cambaleante, e foi até o banheiro. Meu Deus! Aquilo que refletia no espelho não era ela! O Alice Cooper devia ter trocado de reflexo! E o que era aquilo no cabelo dela? Aquele mafuá tortuoso que ela equilibrava na cabeça, só ajudava a piorar todo o resto. O Nivaldo, mesmo com aquele nome, não poderia ve-la daquele jeito. Então Didica saiu correndo dali.
Foi bem estranho quando as tias da noiva, que por acaso estavam no mesmo hotel, trombaram com aquele monstro que a Didica tinha virado no elevador. E mais estranho ainda foi dividir o taxi com elas, vestida daquele jeito, desmantelada daquele jeito e cheirando a sexo daquele jeito.
Se foi uma boa idéia ela sair correndo daquela maneira eu não sei, mas que até hoje ela e o Nivaldo ainda namoram, namoram... Se as tias acham uma boa idéia? Acham. São elas que estão montando o chá de cozinha da Didica, mas com certeza elas não colocarão álcool no cardápio.

Sunday, March 26, 2006

CELULAR

Como diz a Fernanada Young, não existe nada mais patético do que uma pessoa olhando pra um celular que não toca. Afinal, os celulares foram justamente inventados pra que nenhum palhaço precise ficar plantado do lado do telefone esperando uma ligação. Mas adianta falar?
O tipo de coisa mais detestável é quando alguém fala: "Só vou fazer não sei o que e te ligo lá pelas tantas, aí a gente combina direito". Você pode ter certeza, se está realmente interessado na ligação, que não vai fazer nada, absolutamente nada mesmo, a não ser ficar esperando a ligação antes e depois do horário marcado. É deplorável o estado que se fica.
Você olha a cada minuto pra janelinha esperando ve-la piscar, acender, vibrar, ficar azul, verde, amarela, furta-cor e nada! Olha pro lugar onde costuma ficar o ícone de mensagem, na esperança de ver que a pessoa ligou e o celular não pegou, nada de novo. Liga na caixa postal, e a voz feminina diz: "Não há novas mensagens em sua caixa postal". Vaca da mulher da caixa postal, responsável por tantos desapontamentos a cada dia.
Você vai fumar um cigarro, pensa em levar o celular, mas desiste, se ele tocar enquanto você estiver longe vai ser melhor, durante alguns segundos é gratificante pensar em fazer a pessoa passar pela mesma agonia que você.
Durante o cigarro o telefone toca, você sobe as escadas correndo e atende sem olhar quem é, com um alo esbaforido. Não é quem você queria e você se arrepende de ter jogado o o cigarro fora antes de acabar. O convite pro cinema do domingo com os amigos é recusado de primeira, e você desliga já pensando em conferir as ligações não atendidas. Nada.
Vai fumar outro cigarro. Esse acaba rápido demais. Confere o celular, nada! Você pensa em ligar outra vez e dizer: "Oi, desculpe não ter te ligado na hora como eu prometi, sei lá o que...", mas para o seu próprio bem, acha a idéia ridícula em segundos.
Confere tudo novamente. Cor, vibração, ligações perdidas, ícone de mensagens. Nada.
Você sente vontade de vomitar, mas passa. De ir ao banheiro, mas também passa. De comer um chocolate, e dessa vez não passa. Devora o chocolate e se arrepende. Pensa em ir dar uma corrida pelo quarteirão, mas desiste por causa da chuva. Então você entra no banho, e se arrepende de não ter aceitado o convite pro cinema com os amigos, pelo menos você estaria fazendo alguma coisa, se ocupando. Poderia deixar o celular no vibra call e atender fora da sala do cinema, mas não... Tinha que ter a certeza de que o telefone ia tocar? Se odeia por ser tão otimista. Sente raiva da sua estupidez e ansiedade.
Decide tomar um banho, se não for pra sair com o motivo da ligação, pelo menos vai servir pra matar o tempo. Sai do banho e nada. Nada de toque, nada de luzes, nada de ícones, nada de ligações perdidas, nada de nada!
Nesse momento você toma a única resolução sã que poderia tomar pra não enlouquecer de vez - desliga o celular, sai pra dirigir pela cidade e decide terminar o post com uma vírgula, porque depois da vírgula, só Deus sabe o que pode acontecer,

Tuesday, March 21, 2006

MANIAS, UMA CORRENTE DIVERTIDA

"Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs aviso do recrutamento. Ademais, cada participante deve reproduzir este regulamento no seu blog."
1. Eu passo fio dental. Não como um ser humano comum de boca saudável. Não! Eu demoro horas passando fio dental, é quase um hobby. Além disso eu passo fio dental umas 6 vezes por dia, e fazendo as mais diferentes coisas, como conversar no msn, assistir televisão ou mesmo tomar banho.
2. Eu tiro rótulos e adesivos de embalagens. Não posso ficar conversando um minuto a mais na mesa que todos os adesivos e rótulos de refrigerentes, potes de maionese, copos de requeijão vão pelos ares em segundos. Quando a conversa tá muito boa mesmo, começo a arrancar a cola deles com a unha também.
3. Eu fumo um cigarro quando estou atrasado. Se eu acordo atrasado, ou por algum motivo me atraso pra algum compromisso e a ordem é sair correndo, antes de tudo, antes mesmo de me arrumar, tomar banho ou notificar alguém do meu atraso, eu tenho que fumar um cigarro, por mais absurdo que isso possa parecer.
4. Eu falo no telefone andando pela casa. Falar no telefone sentado ou deitado numa cama, pra mim, é algo inimaginável! Eu falo andando e também sempre fazendo o mesmo percurso pela casa. Se mudar o caminho é capaz de eu perder a linha de raciocínio da conversa.
5. Eu tenho sempre a mesma ordem pra me ensaboar no banho. Isso é algo que nunca vai mudar, a ordem do sabão é sagrada. Primeiro a cabeça com shampoo, depois com o sabonete eu começo pela barriga, tórax, braço 1, ombro 1, braço 2, ombro 2, costas, pinto, bunda, perna e pé 1, perna e pé 2, aí eu mudo o sabonete e lavo o rosto. Coisa de gente louca.
E você? Quais são as suas manias? Vamos tentar levar a corrente pra frente!
Recebi isso da Lala, como não poderia deixar de ser, e vou passar pra Dani, pro Leo, pra Isa, pra Mc e pra Renata. Boa sorte galera!

Sunday, March 19, 2006

A LENDA

Ahh os prazeres da vida... Você sai sereno, andando por aí como quem não quer nada, fazendo suas coisinhas, beijando um alguém aqui outro ali, comprando artefatos supérfulos, trabalhando legal, labutando por uma reputação bacana, fazendo novos amigos, cuidando bem dos velhos e num belo dia você fica sabendo que o "pessoal do financeiro" criou uma lenda sobre você.
No começo tudo parece um pouco estranho, por que os "aliens" estão te difamando? Inventando histórias a seu respeito? Espalhando por aí que você não passa de um garoto lindo, rico, fútil, hedonista e hiperbólico? Construindo um enredo com começo, meio e fim no qual não existe nem uma pequena parte de verdade? Por que alguém teria feito isso?
Aí você pensa em se vingar, inventar uma história sobre eles, porque afinal você é muito mais criativo, ou colar post it em baixo do mouse de todo mundo, ou mesmo esconder maconha no cachorrinho dos tadinhos. Mas aí o pensamento passa, você cai na real e se liga que "alguém" criou uma lenda sobre você. Olha que louco...
Meu pensa bem!! Alguém acordou de manhã, foi trabalhar e mesmo tendo um zilhão de continhas, ou planilhas de exel pra fazer, essa pessoa parou tudo e "inventou" uma história sobre você! Olha o tempo que ela perdeu! E depois de toda essa elaboração, ela ainda perdeu mais tempo e empenho espalhando sua obra pros coleguinhas. E tudo isso só pensando única e exclusivamente em você, que nem o nome deles sabe. Na boa, quantas pessoas vocês conhecem que tem uma lenda? Não é pra achar que não existe homenagem maior que essa?
Agora, o melhor de tudo é que mesmo sabendo que a realidade não é tão generosa quanto a mente de quem inventou sua lenda, você sabe que todo mundo vai passar eternamente por aquelas mesas, cheias de pessoas acoadas sobre HP´s e jamais saberá quem é o autor de tão preciosa obra, mas sempre vai se lembrar do seu lindo, rico, fútil, hedonista e hiperbólico protagonista.

Tuesday, March 07, 2006

O GRINGO

Segunda no MSN, lá pelas 9 da noite:
Amiga: Oi você viu que eu te liguei?
Eu: Não! Que horas?
Amiga: Lá pelas 5 não sei... Ninguém te dá recado no seu trabalho?
Eu: Não..
Amiga: Que merda de trabalho! E se fosse importante?
Eu: Você ia ligar de novo!
Amiga: Mas era importante...
Eu: Era? Por quê? Não é mais?
Amiga: É, lógico que é! Eu tô sofrendo um absurdo! O Andrew foi embora...
Eu: Por Deus... Quem é Andrew?
Amiga: O gringo que eu conheci no carnaval...
Eu: Ahhh então você conheceu um gringo no carnaval do Rio? Que original!
Amiga: Conheci, me apaixonei, dormi no hotel com ele até hoje as 4 da tarde, quando o maldito pegou um taxi pro aeroporto. Não fui nem trabalhar! Voltei do Rio na quinta, com o Andrew colado em mim e só desgrudei hoje. Me ajuda?
Eu: Te ajudar? Como? Quer que eu te sustente no estrangeiro enquanto você procura o grande amor? Como eu poderia te ajudar? Foi pra isso que você me ligou as 5 horas?
Amiga: Foi, você tem experiência em se apaixonar por pessoas de outros paises... e eu precisava conversar com alguém que entendesse a minha dor.
Eu: Olha nega... Só tenho duas coisas pra te falar...
Amiga: O que?
Eu: Primeira, sorte a sua que ninguém me deu o recado hoje a tarde, porque se eu te ligasse e você ainda me viesse com esse problema, com a tarde que eu tive, com certeza eu te matava! E segunda, vou passar aí na porta do seu prédio agora pra te arrebentar a cara, e me espera na rua porque eu não vou subir!
Amiga: Credo!! Vexame!! Ainda vou ter que apanhar na rua?
Eu: Vai! Só pra largar a mão de ser tonta! Aproveita e veste uma roupa decente, que eu te levo pra tomar um café depois da surra! Mas se tocar no assunto do gringo, apanha de novo!
Amiga: Tá bom... dá um toque no meu celular que eu desço... Bjo
Eu: Té já!
Era só o que me faltava virar consultor para "relacionamentos importados com data de validade vencida"! Tem coisas que só com um tratamento de choque resolve pra manter a amizade, mas sei lá, as vezes a gente faz por merecer...

Wednesday, March 01, 2006

NEW YORK ADVENTURES III - MONEY, MONEY, MONEY

Pra viajar sem dinheiro é melhor nem ir, pra viajar com dinheiro contado é melhor nem olhar pro lado, mas pra viajar com algum dinheiro, eu descobri que é preciso de mais dias pra não se afobar e decidir o que levar.
Vamos supor que você tenha uma certa quantia a gastar. Uma quantia até que boa, bem razoável de onde você deve tirar dinheiro para os presentinhos da família, encomendas de amigos e "mimos próprios".
E é aí mesmo, no quesito de "mimos próprios" que você se vê na maior enrascada! O que levar para você mesmo? O que você, que já está viajando e feliz da vida, vai querer do destino que você mesmo foi? O que levar pra agradar esse seu ego enjoado e mimado, que já está cheio de sí e duro de inflado por realizar muitos desejos ao mesmo tempo?
Bom, em resumo, toda e qualquer quantia se torna pouca. Pensando bem, muito pouca ou melhor, quase nula. Nada é o bastante pra te satisfazer! Você se sente meio que um alcoólatra no departamento de bebidas do freeshop.
Seu ego se torna cada vez mais ganancioso e perverso e judia dos cartões de crédito, com requintes de crueldade. Cada nova loja é uma nova tortura, um novo sonho de consumo e uma nova sacola. Os finais dos dias são cheios de pacotes pesados, recheados de desejos supérfulos, caros, passageiros, e pequenos desfiles na frente de um espelho conhecido. Você perde completamente a noção, e a cada dia o buraco negro que tem dentro de você parece estar maior.
Você compra, compra, compra como se não houvesse amanhã, mas o amanhã existe. Um amanhã cinzento, envolto em faturas negras, com valores em duas moedas distintas. Agora não há o que fazer, só te resta esperar a tempestade passar, ponderar mais suas novas despesas, e trabalhar. Trabalhar muito, pra poder pagar essa orgia e quem sabe até entrar em uma outra, num futuro bem próximo.

Friday, February 24, 2006

NEW YORK ADVENTURES II - IT'S BEGINNING TO SNOW

- Ahhh. Pena que você vai pra Nova Iorque em fevereiro. Não tem neve...
- É muito difícil nevar em fevereiro. Quase impossível!
- Bom se você chegar a ver neve, vai ser bem pouca. Afinal, o inverno deles já está acabando...
Pois é meus caros, mesmo sendo difícil, mesmo sendo quase impossível e mesmo em se tratando das chances de se ver neve em fevereiro em Nova Iorque serem quase nulas, eu peguei uma nevasca. Bom, uma nevasca só, não! Eu peguei simplesmente a maior nevasca em 180 anos.
Quando os primeiros flocos começaram a cair, num fim-de-tarde de compras no Soho, achei interessante, bonito, diferente, fiquei emocionado, abri a boca pra sentir o gosto, tirei muita foto, liguei pra casa pra contar, e isso tudo pra mim, na boa, teria bastado.
Mas a cidade resolveu me dar mais um presente, mais histórias pra contar, e na manhã seguinte, quando eu coloquei o pé pra fora, estava tudo coberto de um branco bem branco, que chegava mais ou menos até a metade das minhas coxas.
Parecia que o Natal tinha chegado novamente. Parecia que eu era parte de um filme, de uma dessas comédias romanticas que lançam sempre no fim do ano, ou de algum seriado que eu sempre assisti.
Mais uma vez, o caipira do sítio que mora em mim não se contentou apenas com visão, e teve que tocar, apertar, deitar e rolar na neve ainda limpa, pra sentir se era de verdade, meio que pra ver que o "filme" era real e meio que pra guardar aquilo sempre na memória.
No final todo molhado e gelado, louco pra tomar um banho quente, me agasalhar e voltar a sentir os meus dedos, eu gostei de pensar que já podia riscar um daqueles itens de "coisas para fazer nessa vida". "Brincar na neve" agora já tem um visto, do lado.

Friday, February 17, 2006

NEW YORK ADVENTURES - LET'S PAINT THE TOWN

Mal podia esperar as 9 horas de vôo para poder aterrisar logo em solo americano, mal consgui dormir nas duas cadeiras da economica que eu tinha conseguido arrebatar e mal pensava em tudo que eu tinha para fazer. Era uma emoção esquisita, uma sensação "caipira" de quem parece que nunca saiu do sítio, misturada a um certo medo de não saber o fazer, o que dizer ou até mesmo o que pensar!
A primeira coisa que eu fiz quando cheguei em Nova Iorque, foi passar pela imigração americana, até porque é o que todo mundo que não é americano faz quando chega lá, e eu não podia fugir dessa...
Não sei se por muita empolgação ou carga energética demais na minha cabeça, na hora que ficamos só eu e o chefe de polícia para as averiguações e a "carimbada" do infame papelzinho, o sistema "inexplicavelmente" saiu do ar. É isso mesmo, o sistema de checagem das pessoas que chegam no aeropoto deu "tilt". Justo na minha vez! Bem em mim que estava querendo tanto entrar e ficar tranquilo na Big Apple!
Juro que na hora pensei que tivesse aparecido alguma coisa estranha na tela, como: "Segurem esse cara" ou "ele não tem crédito no banco", mas não. Notei que em todas as cabininhas tinha gente parada olhando, como eu pro chefe de policia. Perguntei pro cara se isso sempre acontecia, e ele disse que, pelo que ele sabia, aquela era a primeira vez! Os minutos na frente do homem foram intermináveis. Também pudera, foram mais de vinte longos minutos parado na frente do cara, com uma tela branca entre a gente, em total silencio.
Quando o sistema finalmente voltou o homem perguntou: "Quantos dias você vai ficar?" e eu respondi "Dez". Ai ele disse: "dedo direito", apontando a maquininha na minha frente, e eu coloquei o dedo esquerdo. Então ele falou: "aperta forte cara" e eu troquei de dedo. Foi então que ele disse com a cara mais novairquina possível, e no mais perfeito palavreado do Bronx: "Você não vai durar nem 3 dias por aqui, irmão", me entregando o cartão com validade até agosto.
Saí de lá pensando: "Não vou durar nem 3 dias? Você que me aguarde guardinha... Vou chegar aqui nesse aeroporto com uma banda pedindo que eu fique". Será que esse cara não sabe que eu confundo direita e esquerda até mesmo em português? Vai se danar!
Peguei uma van e sai do aeroporto sentido Downtown... Na minha cabeça só tinha mais um pensamento agora: "Será que eu vou encontrar a Nova Iorque que eu espero? Ou será que em 3 dias a cidade iria mostrar que nao era bem o que eu vinha procurar, e me engoliria como fez com tantos outros?". Não sei, só sei que três dias, por enquanto, era ainda muito tempo.

Thursday, February 09, 2006

FORA DO AR
Por ter ido realizar um sonho, o humilde postador desse blog, durante toda a semana que vem e mais um pouquinho da outra vai estar completamente fora do ar, numa cidade que nunca dorme e que muitos chamam de Grande Maça.
Prometo voltar cheio de novidades e idéias legais pra dividir com vocês! Se isso não acontecer, pode ser, que eu tenha decidido ficar por lá ou esquecido de voltar!
Bjos e obrigado a todos

Sunday, February 05, 2006

PROGRAMA DIFERENTE
Essa semana um amigo resolveu comemorar o aniversário de uma maneira bem inusitada. Como ele já vinha convidando a tempos o nosso pessoal pra ve-lo tocar com sua banda cover do Metallica, e ninguém andava lá muito empolgado pra participar desse evento, o cara resolveu só pra sacanear, levar todo mundo pra assistir ao show, no dia do aniversário.
Alguns toparam logo de cara, outros tiveram que ser convencidos, outros falaram que estavam loucos pra ir e não apareceram e outros até trocaram o número do celular pra não poder serem encontrados.
A chegada até o show em sí já foi uma aventura. Pra começar fomos avisados que deveriamos ir de preto, pois assim nos "sentiríamos melhor". Outra coisa é que deveríamos ir todos junto com o dono do aniversário, em carreata e em poucos carros, pois nunca, jamais e em tempo algum conseguiríamos chegar sozinhos àquele lugar.
Na data e na hora marcada estávamos lá, todos os cinco e fervorosos amigos do aniversariante, vestidos de preto, com latas de cerveja na mão, ajudando a carregar o equipamento da banda, num galpão de motoqueiros que nem por sonho eu passaria perto em um dia comum e tudo isso num espaço logo alí, em Osasco.
Logo que entramos um amigo me disse: "Acho que eu estava imaginando algo pior!" e eu pensei comigo que jamais conseguiria sozinho, imaginar um lugar pior, não sem antes ter conhecido aquela balada. Vamos dizer que o público era figuração tipo C, que condicionador o pessoal não usava desde 83, que colete de couro com franja era a última moda, que a vodka tinha um nome impronunciável, que brigas saíam a torto e a direita e que o tal galpão era tão quente que o suor escorria por dentro do jeans. Na boa, nunca tinha me imaginado num cenário assim.
Só sei que quando chegamos a banda de abertura estava tocando, era um cover do Iron Maiden, e ao ver a reação do público eu pude constatar que ainda tem gente que gosta de rock "pauleira", que era uma coisa que tinha sido simplesmente abortada do meu IPod logo depois que o Guns'n'Roses lançou November Rain. Ver a comoção daqueles garotos, batendo cabeça, e cantando aquelas letras que nem de perto meu inglês consegue entender, me fez pensar que eu realmente tinha deletado uma parte da música mundial durante dácadas.
Nessa altura meu saco já estava tão na Lua de tantos solos estridentes, gritos de garganta, "chifrinhos" feitos com a mão e danças com "guitarras imaginárias" (sim eles dançam com guitarras imaginárias) que eu já estava pensando seriamente em gastar o meu décimo terceiro com um taxi até alguma travessa da Nove de Julho.
Foi então, que meu amigo subiu no palco, e toda a minha concepção do local mudou. Só de ver o cara lá em cima já deu um puta orgulho, eu não entendia patavina do que a banda cantava, não conhecia nenhuma música e não tinha idéia do que viria a seguir, mas sei que o pessoal da balada estava curtindo horrores e no fundo alguns deles gritavam o nome do meu amigo. Nessa hora então eu consegui relaxar, sacudir a cabeça, me deixar animar com o som e começar a curtir. Devo confessar que cheguei até a gostar, e pensar que asssitiria à mais quando acabou.
Pude ver que mudar um pouco de ares e conhecer novas coisas não tira pedaço, que na verdade, cercado de quem eu gosto eu consigo me divertir em qualquer lugar e isso pode ser bom pra todo mundo. Pude me ligar também que no meio daquele pandemônio existia uma cultura que eu não conhecia, com uma filosofia de vida que eu não acredito ou que por ignorância, nunca soube respeitar, que tem uma galera que participa ativamente dessa cena, que faz sua parte muito bem, e que um deles é o meu amigo.

Saturday, January 21, 2006

A PEQUENA CIDADE DE SÃO PAULO

Sempre achei que São Paulo não passa de uma grande cidadezinha do interior. Amo esta cidade com todas as minhas forças e com todos os problemas dela, e acho que esse fato não a desmerece nem um pouco, mas cada dia tenho mais a certeza de estar vivendo num lugar onde todo mundo se conhece e onde todo mundo, querendo ou não, pode estar por dentro da vida dos outros.
Só sei que vivendo nessa aldeia, temos que tomar muito cuidado com tudo que fazemos, pois nunca se sabe onde vai se cruzar com o próximo amigo-do-amigo que por um infortúnio lembra de você, ou com aquela menina que você saiu um tempo, ou mesmo com a mãe carola daquele seu amigo de presepadas.
Sempre achei que essas coisas só aconteciam comigo, depois conversando com os outros, trocando esse tipo de história, parei com a mania de perseguição e ví que era com todo mundo que acontecia, mas ao conhecer o Sérgio eu tive a certeza que comigo acontece muito pouco.
O Sérgio é um cara bacana, sensível, tem um bom emprego, um bom apartamento, um bom papo, cozinha bem, discursa bem e já passou por esse tipo de histórias tantas vezes que nem lembra qual delas foi a pior, mas com certeza a última vai ficar na cabeça dele por um bom tempo.
Digamos que por estar passando por um período meio foda no trabalho o Sérgio não saia com ninguém fazia tempo. Depois que a pressão aliviou um pouco, numa balada meio aniversário de um amigo nosso, o Sérgio conheceu a Karine e começaram a sair. O Sérgio não achava a Karine tudo isso, mas ela era linda, o fazia rir, era arquiteta, morava com uma amiga perto da casa dele, transava legal, as coisas foram se levando uma a outra e quando ele se deu conta já estava saindo com ela há umas duas semanas. As saídas dos dois nunca eram muito profundas, ele nunca tinha ido na casa dela, nunca tinha a levado em festas. No fundo o Sérgio não sentia firmeza na Karine, a achava meio sem sal, não rolava muita química, mas como o lance tava indo bem ele não reclamava e esparava a fila andar.
Dia desses, num esquentinha de outros amigos onde a bebida tava rolando solta, o Sérgio esbarrou com a Márcia e foi amor a primeira vista. Se atracaram na festa com requíntes de um vexame duplo e pra não piorar as coisas decidiram ir pra casa da garota, o Sérgio tava meio com medo da Karine ligar e coisa e tal, então preferiu um território neutro.
A noite do cara foi incrível, a Márcia se mostrou ser tudo que o Sérgio esperava, ela era tudo que a Karine era, mas nela ele sentiu a química que faltava na Karine. Na manhã seguinte, acordadando de cuecas o Sérgio saiu pelo apartamento em busca da mulher da sua vida. Qual não foi a surpresa do moço ao encontrar a Márcia e a Karine sentadas na copa do apartamento?
As amigas que moravam juntas, enganadas pelo mesmo calhorda, tudo se juntou na cabeça dele. Como ele podia ter saído com as duas, que conheceu em lugares completamente diferentes, em festas de amigos completamente opostos, e ter transado com as duas em menos de duas semanas? O que ele ia falar agora? Na minha opinião, o Sérgio tomou a única atitude que um macho de respeito poderia tomar numa hora dessas: passou a mão nas calças e foi embora, sem dizer uma palavra. Ele nunca mais as viu, e nem ligou pra nenhuma das duas.
É, tem situações que nem morando numa grande metrópole, a gente consegue escapar. Vai explicar uma história dessas! Só vivendo numa cidadezinha dessas bem pequenas, como São Paulo por exemplo, pra poder entender...

Thursday, January 19, 2006

NÃO, VOCÊS NÃO SABEM

E o pior é que eu tenho certeza que não sabem mesmo a arapuca em que estão se metendo. Lembram da expressão: "Não cutuque a onça com vara curta", pois ela se aplica muito bem a esse caso. Posso parecer aloprado, esquecido e o caralho, mas de bobo eu só tenho a cara e o jeitão de andar, e ainda bota memória nisso pra lembrar de quem mancou comigo.
Além de tudo, existem dois tipos de brincadeira, as que a gente faz, e as que a gente nem sonha em fazer. E essa daí, meus queridos, com certeza faz parte do segundo grupo.
Faço questão ainda, de deixar bem claro que não fui eu que comecei, mas que sou eu sim, que vou fazer de tudo pra terminar. E pode deixar, que farei questão também de declarar a hora que a "brincadeira" acabar.
Vinganças corriqueiras podem parecer babagem e uma coisa fora de moda nos dias de hoje, onde se ri de tudo e o mais passa desapercebido, mas pra pessoas como eu, que leram O Conde de Monte Cristo e que gostam desse tipo de jogo, elas ainda são um prato cheio de atrativos.
Gostaria também de chamar a atenção "daqueles que não fazem a menor idéia", para os perigos de quem vive numa cidade como São Paulo, como o estacionamento escuro, o elevador vazio, o banco de trás do carro filmado, um monte armadilhas... O jacaré do Rio Pinheiros por exemplo é uma delas, ninguém até hoje conseguiu saber do que ele se alimenta. Mas aos que quiserem descobrir, fica fácil: é só continuar com a bobeira.
Esta carta foi mais ou menos deixada na soleira de porta de umas pessoas hoje de manhã. Alguns deles podem não ter lido, por isso eu achei por bem publicar. No lugar da assinatura, além de um risco ilegível tinha também um resto de baba, algumas marcas de tinta borrada, e um pedaço de ingresso de O Fantasma da Ópera... Não sei o que isso tudo quer dizer, mas eu no lugar de quem recebeu, ficaria bem com medo e pararia de vez com o que quer que fosse.

Wednesday, January 18, 2006

PERDA DE MEMÓRIA RECENTE

Nunca fui um cara conhecido por lembrar das coisas. Muito pelo contrário, quando eu lembro de alguma coisa, é aí que as pessoas se espantam. Esqueço datas, nomes, telefones, senhas de banco, de onde eu conheço alguém e principalmente, sempre esqueço o que eu fui fazer em algum lugar.
A minha memória precária já me rendeu histórias incríveis, que infelizmente eu não esqueço de jeito nenhum. Já anotei códigos na minha mão para lembrar de coisas, e depois esqueci o que o código queria dizer, já marquei encontros com pessoas e na hora e no lugar marcado simplesmente achava que tinha esbarrado com elas por acaso, já fiquei domingos em casa, puto da vida por não ter nada pra fazer, enquanto todos os meus amigos me esperavam num churrasco que eu inesperadamente esqueci de ir.
Eu sou assim, quem me conhece sabe pra nunca confiar na memória que me falta, mas depois dessa última eu realmente ví que tenho que começar a me preocupar mais com isso!
Numa manhã dessas estava indo pra uma reunião fora, só que antes tinha que passar na casa de um cara que trabalha comigo que ia também. Tomei as medidas necessárias, anotei no alarme do celular, coloquei post it na direção, tudo pra não esquecer de pegar o moço. No horário marcado, eu apareci para pega-lo e tudo bem, fomos em direção ao Alphaville.
Lá pelo meio do caminho, naquele cenário de marginal parada e coisa e tal, eu lembrei que não tinha um só puto pro pedágio, e o cara me falou que não tinha também. Saí da pista expressa e caí na via normal, afim de encontrar um posto onde pudessemos tirar dinheiro e eu pudesse também comprar um cigarro, que naquela altura já estava me fazendo falta.
O cara insistiu em tirar o dinheiro, pois quem estava indo de carro era eu e tudo mais. Eu aceitei, fui comprar o meu cigarro, ainda levei mais um suco e voltei pro carro, dei a partida e fui embora, pegando a pista expressa novamente.
Mal consegui respirar quando notei a pasta do cara, no pé do banco do passageiro sem o cara segurando a alça. Um arrepio gelado me subiu pela espinha!! Como eu podia ter esquecido o cara lá? Onde eu estava com a cabeça!? E onde eu estava agora? Em que parte da marginal Tietê que eu não conheço? Como eu fazia pra voltar aonde eu estava?
A única atitude decente que eu pude tomar na hora foi ligar no celular do cara, que nem tinha notado minha ausência porque ainda estava na fila, e dizer pra ele esperar um pouco que eu já voltava. O tadinho nem podia acreditar quando eu apareci no posto, mais ou menos uns 20 minutos depois pra buscá-lo.
Tenho pensado ultimamente em andar com um crachá, que tenha o telefone da minha casa e de familiares próximos para o caso de eu esquecer quem sou ou como volto. No crachá também pode ter um avisinho em letras garrrafais, que diga que seu portador tem perda de memória recente, mas que se a pessoa fizer eu me esforçar um pouco, tenho certeza que vou acabar lembrando de tudo no fim.

Wednesday, January 11, 2006

AMARGO RETORNO

Então num belo dia você está lá, largado na areia com protetor 4, que nem de longe é o recomendado para o seu tipo de pele, tomando uma água de coco que custa 0,75, enchendo a cara de um camarão que é praticamente do tamanho da sua mão esquerda, almoçando lagosta a preço de feijão, olhando aquele mar de um pantone que você nem sabia que existia na nauteza e no dia seguinte: PUMBA! Está de volta ao trabalho.
Tamanha violência deveria ser prevista no código penal! As pessoas tinham que voltar de férias gradativamente. Ninguém volta pra rotina no tapa, aos poucos seria muito melhor. No primeiro dia deveriamos só ficar meio período pra contar as novidades, no segundo dia, meio período também só pra ler os e-mails e ouvir as novidades dos outros, no terceiro dia você teria que ficar até as 3 da tarde, mas poderia levar um amigo e fazer um almoço de 4 horas. No quarto dia as coisas seriam um pouco mais puxadas, portanto no final do dia, lá pelas 4 da tarde, você ganharia uma massagem revitalizadora que começaria a colocar todos os seus neurônios no lugar. E finalmente no quinto dia, que geralmente cai numa sexta-feira, você poderia fazer um almoço de apenas 3 horas, mas pra compensar poderia sair 2 horas mais cedo.
O mundo seria bem melhor se fosse assim... Já imaginou a cara das pessoas que acabaram de voltar de férias indo embora mais cedo? Em algumas empresas mais familiares, os funcionários poderiam até levar suas mães, filhos, gatos, cachorros e papagaios nos primeiros dias.
Mas, como as coisas ainda não chegaram a esse nível de humanidade, como os grandes empresários ainda não tesse esse tipo de visão do funcionário, você volta do paraíso, meio que ainda cheirando a sal, pra sentar direto na sua cadeira sem vista para o mar, e puxar os seus 784 e-mails. Nossa, como as coisas podem ser tão cruéis logo no começo do ano?