Tuesday, June 12, 2007

A CASA DOS GATOS

Faz um tempo já. Na verdade parece que faz mais tempo ainda. Sabe aquilo que faz tempo, mas que por ser outra fase, parece que faz mais tempo do que realmente faz? Pois é... Essa história é dessas histórias. Era por coincidência dia dos namorados também, como hoje. E quatro amigos revoltados com a data foram comemorar o fato de serem solteiros, de passarem o mundo na cara e de se divertirem com desaventuras.
Nessa noite, na noite de rir de sí próprio, foi que esses amigos criaram um lugar muito especial. Nessas de "pra onde a gente vai?", "o que vamos fazer agora que estamos bêbados?", uma das meninas sugeriu a Casa dos Gatos. No cenário meio non sense que aquela noite estava virando, não foi estranho o fato daquela amiga começar a se abrir.
Ela disse que apesar da companhia se sentia só, que apesar das risadas se sentia triste e que apesar da bebida sentia medo. Um medo diferente, um medo de futuro que se aproximava do presente, um medo que a levasse à um fim na Casa dos Gatos.
A Casa dos Gatos dos pesadelos dessa amiga era um lugar escuro, onde provavelmente povoada por clichês da infância, a garota colocou a velha solteirona, de 73 anos, que cansada de ser sozinha, criava gatos pra amenizar a solidão. Não 1 nem 2 gatos não, coisa de 23, 47 bichanos loucos de fome e miando sem parar. E a velha conhecia cada um, pelo nome, cada mania, cada cicatriz e cada desafeto dos bichinhos.
Nem preciso dizer a cara dos outros 3 na mesa, passada a descrição do pesadelo de velhice infame que assolava a quarta integrante do grupo. Se fez silêncio por um tempo até que um dos 3 soltou um: "Relaxa, a gente vai te fazer companhia lá". E então, à partir desse momento, a Casa dos Gatos se tornou menos pesada, menos fúnebre e ganhou uma TV de plasma, uma mesa de carteado, uma infinidade de cd's, muitos passaportes carimbados e muita, mas muita mesmo bebida em estoque.
Desse dia em diante, todos os happys, todos os dias, esses amigos celebravam a idéia de que a Casa dos Gatos era um porto seguro, um lugar pra onde correr quando tudo desse errado, um lugar não tão ruim assim porque a gente tinha a gente.
Mas a vida separou a gente, a amiga assombrada hoje está cada dia mais longe da Casa dos Gatos, e numa saída recente com as duas com as quais ainda tenho contato dia desses uma delas soltou: "a gente se bastava né?". E era isso mesmo, a Casa dos Gatos perdeu seu poder de assustar porque a gente se bastava.
Óbvio que ainda hoje, às vezes eu ainda tenho medo da Casa dos Gatos, como nesse dia dos namorados sozinho, até porque na minha casa não teriam gatos, que são animais aos quais sou alérgico. Mas então, de lá de dentro vem um pensamento: "Será que eu me basto?", e aí vem a resposta: "Acho que sim..." e tudo fica mais tranquilo.

15 comments:

Lala said...

E quando, anos depois, os amigos se encontram e falam da Casa dos Gatos, eu pelo menos tenho muita certeza de que a gente continua se bastando!

Te amo lindo!

Zagaia said...

Ahhhh se basta mesmo!! Ô se se basta!!

MH said...

Que delícia essa turma que se basta... um segura a onda do outro, não precisa de mais nada.
Bom demais ter amigos assim!

E bom demais ver que vc reapareceu! Beijo!!!

mc said...

Após um longo inverno, uma bela reestréia!
Já tive uma turma dessas, mas a vida tratou de esparramar um pouco as pessoas pelo mundo. Uma coisa meio "e o vento levou". Difícil se bastar por e-mail...
Welcome back!

Renata Marques said...

Que saudade de ter uma turma assim. Aliás, que saudade de ter uma turma de verdade. Eu já tive. Nos amávamos tb, tb tínhamos nosso plano B, e acreditávamos que nos bastávamos, mas tudo acabou. Em meio a gente tão bonita, 2 pessoas podres conseguiram estragar tudo e a turma evaporou.

Mas tudo bem. A vida continua.

Que ótimo que vc voltou! Fico muito feliz. E agradeço o puxão de orelha no meu blog, vou fazer um esforço apesar da fase de desânimo em que estou.

Bjos, bjos, e muito carinho.

Isa said...

Julis! Ainda tenho licença para usar o apelido da Ju?

Tava me perguntando por onde vc andava, vc sumiu! Que bom que voltou.

Quanto à Casa dos Gatos, mesmo que eu me bastasse sozinha, a minha ainda teria uma piscina enorme e muito chocolate...rsrsrs...

bjos

Zagaia said...

Em primeiro lugar obrigado pela calorosa recepção... mas é tão foda quando falta inspiração e na boa, ninguém quer ler baboseira de gente sem idéia. Mas obrigado meninas.

Agora vamos aos individuais:

Mh, é uma delícia né? Turma boa é turma boa.

Mc, a vida sempre esparrama as turmas, mas quando a gente se encontra é tão bom...

Renataaaaaaa!!! Que desânimo é essse fia? Bora lá muié!!

Isa, ainda tem total permissão... Posso copiar a idéia da piscina?

Bjos

Cláudia said...

Posso ir pra casa dos gatos também?
Forneço o gato.
beijo

Zagaia said...

Ceiça!!!! Não te disse que eu sou alérgico?

Ana Téjo said...

Julis, meu lindonildo,
Vamos levar a gata da Clau, vai? Também não aprecio gatos, mas para tê-la perto da gente, eu até topava. A gente daria um jeito de deixar a Cindy presa num lugar bem quentinho, do tamanho dela - no micrrondas talvez... desligado, naturalmente, né? Que eu não sou monstro de fazer sofrer bichinho, mesmo os que eu não gosto.

Adorei a história, mas adorei mais ainda a volta!

Renatinha said...

que lindo!
Ter amigos que se bastam.... é incrível.
Lindo texto.
bjs
Re

Zagaia said...

Ana!! Ahhhh a Clau já tem o lugar dela lá... e Vc tb!! Sempre, sempre mesmo!!

Rê, vc me basta!

Renatinha said...

Eu te basto? ai meu deus.... corre uma lágrima....amo tu... bjs

Dê said...

Adoreiiii... Seu blog e esse texto em especial!!!! Meu sinto a própria dona da "Casa de Gatos",só que com gatos tbm imáginarios..rsrsrs

Denise said...

Oiiii...adorei seu blog,e esse texto em especial...
Me sinto a própria dona da "Casa dos GATOS",e todos eles imaginários!!! bjs