Friday, February 24, 2006

NEW YORK ADVENTURES II - IT'S BEGINNING TO SNOW

- Ahhh. Pena que você vai pra Nova Iorque em fevereiro. Não tem neve...
- É muito difícil nevar em fevereiro. Quase impossível!
- Bom se você chegar a ver neve, vai ser bem pouca. Afinal, o inverno deles já está acabando...
Pois é meus caros, mesmo sendo difícil, mesmo sendo quase impossível e mesmo em se tratando das chances de se ver neve em fevereiro em Nova Iorque serem quase nulas, eu peguei uma nevasca. Bom, uma nevasca só, não! Eu peguei simplesmente a maior nevasca em 180 anos.
Quando os primeiros flocos começaram a cair, num fim-de-tarde de compras no Soho, achei interessante, bonito, diferente, fiquei emocionado, abri a boca pra sentir o gosto, tirei muita foto, liguei pra casa pra contar, e isso tudo pra mim, na boa, teria bastado.
Mas a cidade resolveu me dar mais um presente, mais histórias pra contar, e na manhã seguinte, quando eu coloquei o pé pra fora, estava tudo coberto de um branco bem branco, que chegava mais ou menos até a metade das minhas coxas.
Parecia que o Natal tinha chegado novamente. Parecia que eu era parte de um filme, de uma dessas comédias romanticas que lançam sempre no fim do ano, ou de algum seriado que eu sempre assisti.
Mais uma vez, o caipira do sítio que mora em mim não se contentou apenas com visão, e teve que tocar, apertar, deitar e rolar na neve ainda limpa, pra sentir se era de verdade, meio que pra ver que o "filme" era real e meio que pra guardar aquilo sempre na memória.
No final todo molhado e gelado, louco pra tomar um banho quente, me agasalhar e voltar a sentir os meus dedos, eu gostei de pensar que já podia riscar um daqueles itens de "coisas para fazer nessa vida". "Brincar na neve" agora já tem um visto, do lado.

Friday, February 17, 2006

NEW YORK ADVENTURES - LET'S PAINT THE TOWN

Mal podia esperar as 9 horas de vôo para poder aterrisar logo em solo americano, mal consgui dormir nas duas cadeiras da economica que eu tinha conseguido arrebatar e mal pensava em tudo que eu tinha para fazer. Era uma emoção esquisita, uma sensação "caipira" de quem parece que nunca saiu do sítio, misturada a um certo medo de não saber o fazer, o que dizer ou até mesmo o que pensar!
A primeira coisa que eu fiz quando cheguei em Nova Iorque, foi passar pela imigração americana, até porque é o que todo mundo que não é americano faz quando chega lá, e eu não podia fugir dessa...
Não sei se por muita empolgação ou carga energética demais na minha cabeça, na hora que ficamos só eu e o chefe de polícia para as averiguações e a "carimbada" do infame papelzinho, o sistema "inexplicavelmente" saiu do ar. É isso mesmo, o sistema de checagem das pessoas que chegam no aeropoto deu "tilt". Justo na minha vez! Bem em mim que estava querendo tanto entrar e ficar tranquilo na Big Apple!
Juro que na hora pensei que tivesse aparecido alguma coisa estranha na tela, como: "Segurem esse cara" ou "ele não tem crédito no banco", mas não. Notei que em todas as cabininhas tinha gente parada olhando, como eu pro chefe de policia. Perguntei pro cara se isso sempre acontecia, e ele disse que, pelo que ele sabia, aquela era a primeira vez! Os minutos na frente do homem foram intermináveis. Também pudera, foram mais de vinte longos minutos parado na frente do cara, com uma tela branca entre a gente, em total silencio.
Quando o sistema finalmente voltou o homem perguntou: "Quantos dias você vai ficar?" e eu respondi "Dez". Ai ele disse: "dedo direito", apontando a maquininha na minha frente, e eu coloquei o dedo esquerdo. Então ele falou: "aperta forte cara" e eu troquei de dedo. Foi então que ele disse com a cara mais novairquina possível, e no mais perfeito palavreado do Bronx: "Você não vai durar nem 3 dias por aqui, irmão", me entregando o cartão com validade até agosto.
Saí de lá pensando: "Não vou durar nem 3 dias? Você que me aguarde guardinha... Vou chegar aqui nesse aeroporto com uma banda pedindo que eu fique". Será que esse cara não sabe que eu confundo direita e esquerda até mesmo em português? Vai se danar!
Peguei uma van e sai do aeroporto sentido Downtown... Na minha cabeça só tinha mais um pensamento agora: "Será que eu vou encontrar a Nova Iorque que eu espero? Ou será que em 3 dias a cidade iria mostrar que nao era bem o que eu vinha procurar, e me engoliria como fez com tantos outros?". Não sei, só sei que três dias, por enquanto, era ainda muito tempo.

Thursday, February 09, 2006

FORA DO AR
Por ter ido realizar um sonho, o humilde postador desse blog, durante toda a semana que vem e mais um pouquinho da outra vai estar completamente fora do ar, numa cidade que nunca dorme e que muitos chamam de Grande Maça.
Prometo voltar cheio de novidades e idéias legais pra dividir com vocês! Se isso não acontecer, pode ser, que eu tenha decidido ficar por lá ou esquecido de voltar!
Bjos e obrigado a todos

Sunday, February 05, 2006

PROGRAMA DIFERENTE
Essa semana um amigo resolveu comemorar o aniversário de uma maneira bem inusitada. Como ele já vinha convidando a tempos o nosso pessoal pra ve-lo tocar com sua banda cover do Metallica, e ninguém andava lá muito empolgado pra participar desse evento, o cara resolveu só pra sacanear, levar todo mundo pra assistir ao show, no dia do aniversário.
Alguns toparam logo de cara, outros tiveram que ser convencidos, outros falaram que estavam loucos pra ir e não apareceram e outros até trocaram o número do celular pra não poder serem encontrados.
A chegada até o show em sí já foi uma aventura. Pra começar fomos avisados que deveriamos ir de preto, pois assim nos "sentiríamos melhor". Outra coisa é que deveríamos ir todos junto com o dono do aniversário, em carreata e em poucos carros, pois nunca, jamais e em tempo algum conseguiríamos chegar sozinhos àquele lugar.
Na data e na hora marcada estávamos lá, todos os cinco e fervorosos amigos do aniversariante, vestidos de preto, com latas de cerveja na mão, ajudando a carregar o equipamento da banda, num galpão de motoqueiros que nem por sonho eu passaria perto em um dia comum e tudo isso num espaço logo alí, em Osasco.
Logo que entramos um amigo me disse: "Acho que eu estava imaginando algo pior!" e eu pensei comigo que jamais conseguiria sozinho, imaginar um lugar pior, não sem antes ter conhecido aquela balada. Vamos dizer que o público era figuração tipo C, que condicionador o pessoal não usava desde 83, que colete de couro com franja era a última moda, que a vodka tinha um nome impronunciável, que brigas saíam a torto e a direita e que o tal galpão era tão quente que o suor escorria por dentro do jeans. Na boa, nunca tinha me imaginado num cenário assim.
Só sei que quando chegamos a banda de abertura estava tocando, era um cover do Iron Maiden, e ao ver a reação do público eu pude constatar que ainda tem gente que gosta de rock "pauleira", que era uma coisa que tinha sido simplesmente abortada do meu IPod logo depois que o Guns'n'Roses lançou November Rain. Ver a comoção daqueles garotos, batendo cabeça, e cantando aquelas letras que nem de perto meu inglês consegue entender, me fez pensar que eu realmente tinha deletado uma parte da música mundial durante dácadas.
Nessa altura meu saco já estava tão na Lua de tantos solos estridentes, gritos de garganta, "chifrinhos" feitos com a mão e danças com "guitarras imaginárias" (sim eles dançam com guitarras imaginárias) que eu já estava pensando seriamente em gastar o meu décimo terceiro com um taxi até alguma travessa da Nove de Julho.
Foi então, que meu amigo subiu no palco, e toda a minha concepção do local mudou. Só de ver o cara lá em cima já deu um puta orgulho, eu não entendia patavina do que a banda cantava, não conhecia nenhuma música e não tinha idéia do que viria a seguir, mas sei que o pessoal da balada estava curtindo horrores e no fundo alguns deles gritavam o nome do meu amigo. Nessa hora então eu consegui relaxar, sacudir a cabeça, me deixar animar com o som e começar a curtir. Devo confessar que cheguei até a gostar, e pensar que asssitiria à mais quando acabou.
Pude ver que mudar um pouco de ares e conhecer novas coisas não tira pedaço, que na verdade, cercado de quem eu gosto eu consigo me divertir em qualquer lugar e isso pode ser bom pra todo mundo. Pude me ligar também que no meio daquele pandemônio existia uma cultura que eu não conhecia, com uma filosofia de vida que eu não acredito ou que por ignorância, nunca soube respeitar, que tem uma galera que participa ativamente dessa cena, que faz sua parte muito bem, e que um deles é o meu amigo.