São Paulo é uma cidade que abriga pessoas que só poderiam viver aqui. Conheço muita gente, que como eu, é tão estapafúrdia que não combina com outro lugar, elas simplesmente nasceram pra morar aqui mesmo não tendo nascido em São Paulo, o que não é o meu caso que sou paulistano nato. Mas esse é o caso da Roseana, que nasceu em Pinda e graças a essa cidade maluca veio cair na minha vida.
A estilo de louca-vida-louca da Roseana, pode se resumir em uma história: "A História do Cachorro", como ficou conhecida entre nossos amigos. Roseana vivia intensamente em Pinda, sempre teve uma vida atribulada pra uma cidade do interior e sempre foi conhecida por tudo que aprontou por lá. Por obra do destino, do acaso ou do ráio que o parta, a Roseana foi cair na mão do Sérgio, e como a coitada sofreu. O Sérgio era do tipo que falava que ia e não ia, que dizia sim quando era não e que aprontava com a inocencia de namoro da Rô. Um dia a Roseana cansou, arrumou suas malas e veio pra São Paulo. Esqueceu o Sérgio na primeira esquina e bola pra frente, fez jornalismo na G.V. e começou a trabalhar em um jornal legal. Anos depois, já uma mulher emancipada, multifacetada e evoluída, num domingo chato de visita à sua família, Roseana decidiu saír e visitar o Sérgio. Qual não foi sua satisfação ao ver que Sérgio continuava igual, mesmo trabalho, mesmos amigos, mesmos problemas, só que um pouco mais velho e sem aquela cara de novos ares.
O que Roseana não esperava é que estava havendo uma reunião de família na casa do Sérgio, ele muito amável, nem lembrando aquele Sérgio de antes, a convidou pra entrar, sentar, tomar café... e ela foi aceitando. Começou então a contar suas boas histórias de mulher bem vivida, emancipada, analisada e moradora da Capital. Em um momento que ficou sozinha na sala, Roseana notou que um cachorrinho, que devia ser de algum parente que estava ali, fez um pequeno cocô num cantinho do carpete. Quando todos voltaram com o café passado na hora, as bolachas amantegadas da Vó do Sérgio e uns docinhos fantástiscos, começaram a reclamar do cheiro do cocô. Roseana, que além de emancipada quis se mostrar observadora, contou aonde estava o dejeto pra desespero da Mãe de Sérgio. Toda a família então começou a brigar, uns porque tinham levado cahorro, uns porque não queriam limpar, outros porque achavam que o cachorro estava senil, uma verdadeira baderna.
Roseana então teve uma idéia. Foi até o banheiro, pegou um papel e se abaixou pra pegar o tão mal falado cocô. Afinal, uma mulher emancipada e a frente de seu tempo não tem problemas com um reles cocozinho. Mas, nem tudo sempre dá certo pra quem quer sair por cima, ao mexer no cocô, subiu um cheiro característico que fez Roseana vomitar ali mesmo, no carpete da Mãe do Sérigio, na frente de toda a família do Sérgio.
O final dessa história eu nunca consegui saber, pois quando a ouvi pela primeira vez, estava em um quilo sujinho daqueles que a gente vai no fim do mês, e a comida quase saiu pelo meu nariz! Infelizmente não convivo mais diariamente com essa baixinha que alegrava o meu dia com as suas trapalhadas, mas na última vez que nos encontramos ela tinha dado "forma" no cabelo e feito chapinha. Às vezes paro pra pensar em Roseana ainda morando em Pinda, aquilo tudo era pequeno demais pra alguém como ela, pessoas com alma grande e grandes histórias tem que viver em lugares grandes também, se não, não comporta. Ou como diria a Roseana: "Não orna!".
2 comments:
A Roseana que me desculpe a falta de solidariedade, mas eu tô aqui rolando de rir com história do cocô do cachorro e com o micão dela...
e ainda deve ter ido embora e as tiavéia do Sérgio comentando: ah, deve estar grávida, foi pra capital, já viu né? Se perdeu...
Ju, vc escreve como ninguém, uma delícia de ler!!!
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