Monday, July 25, 2005

REENCONTRO CULTURAL

Uma coisa que nós paulistanos não estamos acostumados é receber pessoas de outras cidades para fazer turismo por aqui, sempre ficamos meio acanhados pra indicar lugares, coisas pra fazer mas nunca titubeamos quando nos perguntam onde comprar. Em janeiro tive o prazer de conhecer Salvador por mãos sábias, fui recebido junto com outros dois amigos por um baiano nato, que a princípio nem conhecíamos direito, que nos mostrou o que é ser um bom cicerone e anfitrião. Ao final dos dias que passamos na cidade esse soteropolitano tinha se tornado um novo irmão pra gente, não conseguiamos imaginar como tinhamos vivido sem suas piadas, sem seus novos verbetes e sem o "nescau engrossado" que ele nos ensinou a fazer. Mês passado ele nos escreveu dizendo que vinha ficar duas semanas de férias por aqui, por isso semana passada começamos a nos organizar para mostrar a esse amigo as belezas de São Paulo e tudo de bom que uma cidade grande pode oferecer.
Começamos organizando um "esquentinha" na sexta, mas eu errei o dia de sua chegada e a festa aconteceu sem o grande homenagiado. Quando ele finalmente ele chegou, no domingo, ligou no meu celular várias vezes com um telefone daqui, que eu não conhecia, por isso eu não atendi. No fim do dia o cara finalmente conseguiu me achar, me xingou muito e depois todos fomos nos reencontrar. Nós atrasamos, demos várias voltas pra chegar no lugar, mas conseguimos enfim achar, depois daqueles abraços adolescentes e dos gritos de alegria que causaram vergonha em quem não nos conhececia, o levamos à uma sorveteria, bem na hora da chuva. Em resumo, eu me revelei um verdadeiro fiasco na arte de receber bem. Primeiro demos uma festa pra ele em um dia que ele ainda não estava aqui, depois não atendi o telefone e por último ainda o levei em um lugar completamente por fora das condições climáticas atuais.
Apesar de ainda não ter aprendido a receber, simplesmente o fato de estar com amigos de outros lugares já é senscional. Só o encontro cultural de idéias, piadas e gírias já valem um ano de boas pesquisas no assunto, seria capaz de listar um milhão de coisas que aprendi em um só papo, é como se você lesse um novo capítulo do "livro de variedades" e percebesse que é só "dar ósadia" que o papo passa do mais culto ao mais tosco em questão de segundos e você se enche de novo conteúdo. Esses reencontros acabam sempre sendo tão bons, que dá até uma certa raiva das companhias aéreas que os tornam menos frequentes.
O que eu fiquei pensando é que devia existir um tipo de tarifa especial para matar saudades de amigos e parentes distantes. Seria ótimo poder ir à cidades que você já cansou de visitar só ficar com as pessoas que você conheceu lá, por um precinho bem camarada e sem perder dias em um ônibus. Bom, enquanto isso não acontece, até porque acho que está bem longe, vamos tendo que matar a saudade desses amigos quando o tempo e o dinheiro colaboram... Mas analisando melhor, pode ser isso que torna esses reencontros tão especiais.

1 comment:

Anonymous said...

Bem...
Concordo muito com a parte de sermos péssimos cicerones. Nós paulistanos muitas vezes só sabemos reclamar da nossa cidade, sem conhecermos o que ela tem realmente a oferecer.

Mas aqui vai uma pequena dica nada usual. Você já visitou uma favela, com algum morador da comunidade??
Eles conhecem os melhores lugares de lá (e acredite, estes lugares existem), ao melhor lugar para comer, aos amigos, as festas que acontecem e que é bacana ir ou aquelas que são uma furada.

Te levam ao boteco e conhecem o dono de cada lugar e ainda mostram os eventos culturais que acontecem (dança, música, rádio comunitária...) Enfim... parece que não estamos em São Paulo e que aquelas pessoas não existem.

É um bom lugar para se aprender.

Gostei do seu blog, até mais

bjos

Renata