Friday, July 01, 2005

POINT OF NO RETURN

Pra quem não sabe, point of no return é o momento onde onde a decolagem não dá mais pra ser aboratada, mesmo que haja qualquer problema, o avião vai decolar. Um amigo piloto me disse uma vez, que tantas chacagens são feitas antes de ser "dada a partida" no avião, que é muito difícil ocorrer algum problema após o point of no return, já na nossa vida não acontece bem assim.
Na realidade que vivemos todos os nossos problemas começam a partir do point of no return, naquela relação indefinida, naquela frase que saiu sem querer e principalmente quando você pede aquele drink que achamos que será o último, e não será!
O problema é que você só sabe que passou da medida no álcool, quando já não há mais retorno (point of no return) e como seus sentidos estão alterados, como a conversa tá boa e como a Marisa Orth tá quase vindo sentar na sua mesa pra participar de tantas risadas, você continua bebendo firme sem ligar pra mais nada.
Num determinado momento você acha que está ficando japones, que todo mundo está reparando que você teve um dia difícil e que está relaxando demais pra uma quinta-feira. Mas pra que ligar para o que os outros acham não é? Afinal tá todo mundo que importa na mesma mesa e indo para o mesmo caminho. Em outro ponto crucial da noite, um amigo derruba todo o seu drink, você pensa: "É um sinal! Parei de beber.". Mas ele insiste em pagar outro, então você pensa: "É um sinal! Vou continuar." aceita e continua.
Ao longo da noite tudo vai ficando cada vez mais engraçado e você começa a receber vários convites para dormir na casa dos outros. Mas porque? Será que todos gostam tanto da sua companhia que querem ficar com você a noite toda? Depois todos se interessam pelo seu carro, com que você veio, quem mora perto de você... Tudo passa a soar estranho e você responde as perguntas não entendendo muito bem, nem ligando para a dormência que começa a se instalar na sua língua.
Até que, horas depois alguém toma a decisão final, pedir a conta. Quando você levanta da cadeira para ir passar o visa electron no caixa, parece que o mundo a sua volta está sendo atacado por ondas eletromagnéticas de torpor físico e mental, e tudo mais começa a fazer sentido. Você bebeu demais.
Você obviamente não lembra a senha do seu cartão, onde deixou seu carro, e a culpa de ter bebido tanto te consome a cada uma das perguntas básicas: "Você consegue ir dirigindo?", "Tem certeza que não quer dormir em casa?" e "Me liga quando chegar?".
Finalmente você consegue com o rádio alto, um chiclete, o vento na cara e a conciência pesada chegar (graças a Deus e a um anjo-da-guarda-baladeiro, que nem você) são e salvo na sua casa. A sua cama gira tanto que você precisa colocar o pé no chão para se sentir apoiado, você se corrói por não ter percebido antes que estava chegando a esse nível, como você pode beber tanto? Como pode passar tão desapercebidamente do point of no return?
Mas no dia seguinte você jura, com a cabeça doendo e com um gosto horrível na boca, que quintas-feiras são dias proibidos para o álcool, e que você nunca mais tomará "mojitos". Mas será que você vai se lembrar disso na próxima quinta-feira? Será que a semana que vem isso fará algum sentido? Ahhh pra que sofrer por antecipação? Na próxima quinta você pensa nisso...

No comments: