Monday, July 04, 2005

MEIGO, SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO

É muito difícil não gostar de algo que a grande maioria das pessoas com as quais você convive gosta, como gente meiga por exemplo. Não suporto a idéia de alguém que seja meigo ou fofo 100% do tempo, alguém que tenha atitudes nobres e louváveis na maior parte dos seus dias ou mesmo alguém que só seja lembrado por ser "um amor". Tem coisa mais sem sentido do que dizer que alguém é "um amor" ou "meigo"? Aquela pessoa não tinha nada mais substancial que pudesse ser dito dela? Não tinha nada melhor para acrescentar? Enfim, pra quem me conhece, é melhor nunca dizer isso de mim, ou eu tomo como ofensa pessoal.
Mas na minha opinião existem dois tipos de meigos: o meigo nato, que é aquele que nasceu assim, não tem culpa nem noção, é aquele que faz porque tem que fazer, porque não sabe outro modo de agir e porque é a sua forma de interagir com o mundo. Não somos obrigados a aceitar esse tipo de meigo, mas temos que respeitar seu jeito de ser e sua maneira de agir, as vezes até muito engraçada.
E existe também o segundo tipo, o meigo de ocasião, e esse é o pior. Pra falar a verdade, de certa forma, a meiguice de ocasião é um tipo de falsidade oportunista que deve ser farejada de longe, um tipo de arma que alguns seres humanos desenvolveram pra continuar rodeados de outros seres humanos, sem se mostrarem por inteiro, é uma defesa moderna para pessoas que por total ausência de opinião emitem um sorrizinho número 13 e uma risadinha ou uma frase feita do tipo fofa.
Por princípio eu desconfio de todos os tipos de atitudes fofas ou meiguices em geral, até conhecer bem o tipo de meigo, mas de uns tempos pra cá tenho me surpreendido com a minha reação em certas ocasiões. Receber uma ligação no meio da noite só pra ouvir que alguém está com saudades, conversar por horas no msn mandando aqueles bichinhos que fazem coisas (não só os que cospem, demosntram raiva ou desconfiança), um abraço numa hora carente, ouvir um "eu gosto de você" no meio de uma discussão inflamada, ouvir que alguém ouviu tal música e lembrou de você, um beijo roubado, uma tremedeira instantânea, uma gagueira errada e um parar de falar começando a rir só porque alguém está te olhando com o olhar mais melado do mundo não dando a mínima pro seu discurso, são coisas que tem literalmente me quebrado as pernas.
Começei então a prestar a atenção num tipo de meiguice que eu nunca tinha parado antes pra listar ou classificar e que só aparece quando estamos envolvidos até o pescoço em um tipo de situação e que em nada podemos controlar: o meigo esporádico.
Quem passou por uma grande perda com certeza estava com um meigo esporádico do lado pra dar um abraço, pra deixar chorar no ombro ou pra falar alguma coisa sem sentido e fazer rir. Quem é duro demais, com certeza também foi algum dia baqueado por algumas dessas atitudes do meigo esporádico, alguma demonstração de amizade mais tacanha ou por um apoio que era há muito aguardado.
Na verdade, acho que a vida nos ensina, que essa meiguice espontânea é passivel pra qualquer demosntração de carinho ou amizade, enfim, pra qualquer demonstração de amor para com o próximo e é justamente isso, a espontaneidade, é faz a diferença entre todos os tipos meigos que estão a nossa volta... Acho que pensar sobre isso nos amolece um pouco pra certas coisas, não sei dizer se isso é bom ou ruim, mas que a surpresa é gostosa, é! E olha que pra uma pessoa como eu parar pra pensar em meiguice, é que o assunto anda mesmo presente no meu dia-a-dia. Mas não é porque todos nós somos meigos em um momento ou outro, que devamos aceitar que se diga isso de alguém, aí já é demias.

1 comment:

Ana Téjo said...

Vivaaaaaaaa!
Tex-to! Tex-to! Tex-to!
Seus textos são deliciosos, querido, mas demoram taaaanto pra sair!!!!
Que conste nos autos: eu TAMBÉM DETESTO GENTE MEIGA A MAIOR PARTE DO TEMPO! Odeio pessoinhas que falam as coisinhas no diminutivinho, que passam a mãozinha de levinho no cabelinho da gente e que fazem aquele carinhozinho que mais parece um insetozinho subindo pelo nosso bracinho.
Claro que um belo abraço de um amigo querido quando a gente está láááá embaixo, que as palavras certas na hora certa são tuuudo de bom, mas se vier me consolar falando feito bebezinho, eu dou uma muqueta!

Beijos, dear,
JU...