Tuesday, June 28, 2005

RESPEITÁVEL PÚBLICO, O CIRCO ORGULHOSAMENTE APRESENTA:
O ENGOLIDOR DE SAPOS

Engolir sapos nunca foi uma das minhas maiores virtudes. Sempre pensei que isso fosse coisa de quem quisesse puxar-saco ou de que não tivesse a coragem pra dizer o que pensa. Mas pra certas coisas é sempre bom pensar que existe a antiga filosofia de Vó: "A vida ensina.".
Não sei se isso é reflexo de uma maturidade, que eu não gostaria de ter, ou de uma certa necessidade que se cria de viver bem em sociedade, mas de uns tempos pra cá devo confessar que tenho engolido alguns sapos. Sapos diversos, de cores, formas, intensidades, idades, credos e sabores diferentes, praticamente um saco de m&m por dia (só que em vez de m&m's tem sapos).
Mas porque isso estaria acontecendo comigo? Será que eu virei um Zé Mané que nem consegue mais responder a altura? Será que agora, neguinho vai dar pra me falar o que quiser e eu simplesmente vou deixar passar? De repente a vida me fez ter sangue de barata?
Não é isso não! É que em certas ocasiões, de preferência na maioria delas, "malandro espera a vez". É melhor pensar em uma maneira de agir, se comportar ou responder, deixar passar por hora e dar uma digerida na coisa. Ninguém disse pra esquecer e relevar, o que muitas vezes não faz bem também, só pra pensar melhor.
Mas ontem, conversando com uma amiga no trabalho, que é o lugar onde mais se engole sapos na vida, no meio de um papo nada a ver, ela me solta: "Você fala o que quer! Você não engole nem um sapo!". "O que!?" pensei eu. A minha vontade era de gritar, batendo com o telefone na cabeça dela: "Como, não engulo sapos?!", mas não gritei (engoli o sapo). Fiquei olhando pra cara dela, pensando em como eu, que acho que engulo muitos, posso aparentar que não engulo nenhum? Para onde vão os sapos quando você engole? Será que eles são invisíveis aos olhos dos outros? Daí obviamente eu não prestei mais atenção em nada... Só pensava em sapos.
A noite, em num café "chulapa" conversando com um amigo, que no caso tem muito mais experiência de vida que eu, ele me disse a seguinte frase: "Claro que você engole e é só por isso que você os cospe!". Na hora, minha cabeça fez como um bum e tudo ficou claro! Quantas pessoas não engolem os sapos que eu atiro? Tudo bem que eu engulo alguns, mas pra todo sapo que eu engulo, deve ter sempre alguém que engole um meu também! Voltando à teoria de Vó, que nunca falha em se tratando de uma assunto tão antigo assim: "O mundo é redondo, um dia você está em cima, e outro está lá em baixo!". Pra variar, nesse caso se aplica essa grande máxima da humanidade.
Refletindo um pouco sobre isso, e com a cabeça pipocando entre coaxadas, rãs e cururus pensei que tenho sorte afinal, por conseguir administrar meus sapos. Ora soltando, ora engolindo e mantendo sempre a média aceitável para se dormir tranquilo. E pensando melhor, sobre aquilo que eu disse no começo, devolver sapo digerido é bem pior (nossa, quanta escatologia nesse trocadilho)!
Enfim, pobre daquele que engole todos os sapos de uma vez, o que deve ser péssimo, ou também daquele que cospe todos e depois, bem lá depois, vai ter que engolir de novo... um por um. Mas isso é filme velho, que todo mundo já viu.

2 comments:

Ana Téjo said...

Ebaaaaa! Texto novooooo!
Vamos fazer uma comunidade no Orkut? "Eu engulo sapo (mas depois eu cuspo)"?

Beijos, lindo,
JU...

Ana Téjo said...

Ou melhor ainda: "Sapo: você cospe ou engole?"
JU...