Maria Eduarda é linda, jovem, com o corpo todo no lugar, a altura boa, a roupa certa, sempre de grife, sempre discreta. Maria Eduarda também tem um nome de grife, quatrocentão, passeia feliz por festas fechadas, onde atende por Madú. Maria Eduarda também é inteligente, mais do que precisa e menos do que deveria ser, tem sempre uma opinião para cada assunto, personalidade forte. Maria Eduarada é bem relacionada, vai pra Angra com fulana, pra Punta com Ciclana e quando era pequena, era "assim" com os Diniz. Maria Eduarda conversa bem, estudou nas melhores escolas, fez as melhores viagens, frequantou as melhores rodas. Maria Eduarda ao primeiro encontro sempre se mostra completa, tudo que todo mundo sempre sonhara.
Maria Eduarda nas festas nunca está só, mesmo que para isso tenha que acorrentar um tadinho com falsas promessas, enquanto se usa dele para dar o bote em outros. Maria Eduarda faz coisas feias, mas diz que nunca fez, dissimula alterada, mente calada. Maria Eduarada coleciona inimigos, mas os comprimenta como numa grande festa, faz suspense sobre histórias, sustenta um ar de saber demais, se mostra confiável. Maria Eduarda conversa se colocando como comum, se faz modesta, sempre espera ser exaltada, ser elogiada, pois esse é o papel do homem para com uma moça de família. Maria Eduarada faz a linha carente sem noção de suas atribuições, estilo mais recomendado pela etiqueta tradicional para "mocinha casadoira". Maria Eduarda bebe, e bebe bem, e fica chata, como se já não fosse.
Maria Eduarda fez carreira rápido, pegou uns cinco, dez, vinte dos mais importantes e deixou passar. Maria Eduarda ostenta conquistas, que jura que nunca aconteceram, afinal ela gosta de acrediar que ainda é moça direita, que infelizmente caiu na boca do povo. Maria Eduarada age como se interpretasse um "Closer", só que com maquiagem e roupas melhores. Maria Eduarda se diz apaixonda, enebriada, entorpecida, sempre por alguém que não a olha, ou que é casado, ou mesmo por alguém que mora em Paris. Maria Eduarda joga contra, seu satélite safado busca as perspecitivas de outros, onde ela não pode ser passada pra trás, e a lança no humilhante vôo só de ida para o caminho dos solitários.
Maria Eduarda toma remédios, muitos remédios, uma coleção deles, pra acordar, pra dormir, pra emagrecer, pra parar de sofrer, pra ficar catatônica. Maria Eduarda te comprimenta reclamando, reclama que o drink está quente, que o vento está frio, que a balada está cheia, que a janela está aberta. Maria Eduarda pensa em suicídio, não que pense de verdade, mas acha que os outros acham que pensa. Maria Eduarda desenterra papos fúnebres, diz que vai morrer cedo em desastre de carro numa estrada de Mônaco, no melhor estilo Grace Kelly. Maria Eduarda desmascarada, agora tem um ar perdido, com um copo na mão no canto da noite, gira o olho nervoso em busca da próxima vítima. E você, olhando tudo de longe e já cansado desse filme repetido se pergunta: "Quem trouxe a Maria Eduarda?".
6 comments:
Noooosssa, Julis...
Que coisa amarga... que meda... que tristeza...
JU...
Não é amargo não!! É só um jeito diferentão de encarar a vida! Tem gente que prefere ser assim... Eu não!
Bjo
Tadinha da Maria Eduarda. Mas afinal quem a levou?
Ju, que texto do cacete que vc escreveu.
Adorei.
Nossa brigado Leo!! Mesmo!!
Dag a gente nunca sabe quem a leva, mas que ela vai , ahhh isso vai!!
bjos
Muito bom o seu texto, curti.
Madús, Marias Eduardas, Helena Patrícias... sempre existe uma, que alguém insiste em levar.
Sempre com uma máscara, para fingir que não é... quem é.
Quem é mesmo Maria Eduarda?
bjos
Rê
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