Tuesday, September 30, 2008

O NADA

Tudo que sobe, desce, tudo que é quente um dia esfria e tudo que começa, acaba... e dá lugar ao nada.
Simples assim, como uma verdade absoluta, um dia eu levanto da cama disposto a acabar com tudo. Se alguém me traiu? Não que eu saiba. Se a gente brigou? Não que eu tenha notado... O que foi então? Nada... Acho que é justamente isso, não foi nada! O nada chegou no meio da gente e disse "oi, eu vim pra ficar".
O nada é um negócio sério, faz perecer um relacionamento em segundos. Quando eu dei por mim, já não me interessava em contar nada, em compartilhar nada e o que é pior em escutar nada. O nada me cegou de tal maneira que eu só enchergava ele, fato que me deixou até um pouco apático, diante do que estava acontecendo:
- O que é que você tem?
- Nada.
- O que você quer fazer?
- Nada.
- Você comeu alguma coisa?
- Nada.
Acho um pouco óbvio que as duas pessoas são culpadas quando o nada se instala no meio da relação delas, mas na maior parte do tempo, acho que eu que o estava convidando a entrar... Se eu entendo por que fiz isso? Não! Se eu entendo ao menos o que me aconteceu? Também não!
A única coisa que eu vejo é uma série de pequenas fissuras que um dia deixaram o vaso quebrar e espalhar nada por todo que é lugar!
Faltou assunto eu acho. Faltou referência e admiração, o resto a gente tinha. Mas pensando bem... quem não tem assunto, tem alguma coisa? Acho que nada...

Thursday, August 28, 2008

AGENDAS

Hora do almoço, uma quinta-feira comum, o celular toca:
- Oi, nega!
- Oi amor... Tudo bem? Quer ir almoçar comigo?
- Não posso. Tenho aquela reunião que eu te falei... Ainda tenho que entregar uns arquivos no fim da tarde e arranjar um tempo pra ir ao banco.
- Hoje é o aniversário da sua amiga né?
- É. Lá pelas dez horas eu te encontro na frente do teu curso e a gente vai de lá. Tô tão cansado... Esse fim-de-semana nós vamos ficar tranquilos né? Só nós dois?
- Vamos claro! Mas amanhã tem a despedida da Bia sua amiga e depois o aniversário do meu chefe.
- Ahh é! E minha mãe está me cobrando um almoço, vou almoçar com ela no Sábado. Sábado você trabalha?
- Trabalho, mas é só até as cinco. Depois a gente não vai no lancamento do livro do meu amigo? A gente pode ficar sem fazer nada a noite...
- A noite não vai dar... Tem o aniversário do Thales e a festa do João que vai chegar de viagem.
- Domingo então...
- Domingo você vai almoçar com a sua mãe e eu vou no churrasco do pessoal da faculdade...
- Isso sem contar que domingo a noite é a última apresentaçnao da peça do Bruno e ele mata a gente se não aparecermos por lá.
- E segunda?
- Segunda você tem inglês e eu tenho curso de novo...
- E dezembro? Em dezembro vamos conseguir ficar só nós dois?
- É... acho que sim... Pra dezembro eu não tenho nada marcado.
- Que bom, até lá a gente pode se ver nos intervalos das séries de musculação na academia.
- Boa! Falando nisso, já que você não vai almoçar comigo eu vou à academia na hora do almoço. Beijo gato! Até a noite.
- Beijo!
Começo a entender quem tem icompatibilidade de agendas... Sorte que ainda estamos nos encaixando um na agenda do outro.

Thursday, August 14, 2008

NÃO SEI

Então em um belo dia, acontece tudo como sempre acontece, só que com uma diferença: você passa a ir às festinhas acompanhado, sempre com a mesma pessoa. Isso não aconteceu por pressão, nem por falta de locomoção... Você começa a ser visto em público sempre com alguém que você não conhecia antes, que passou a conhecer e que passou a dormir com você, te contar o dia dela, mandar mensagens bonitinhas... Essa sua nova companhia além disso gosta de alguns defeitos seus, acha o seu beijo incrível, acha bonitinho você tremer o pé pra dormir, gosta da sua comida, te liga do nada pra falar nada e você acha legal, dorme no seu peito quando não entende o filme e te chama de um apelido que só vocês entendem. É mais ou menos nessa hora, que entram os amigos:
- Oooooooooi - dizem os amigos, sempre encompridando o "o".
- Oi - você responde, depois de fingir que ninguém está te olhando com cara de eu-sei-que-vocês-estão-namorando-mas-ainda-não tiveram-aquela-conversa. Até que alguém pergunta...
- Escuta - como se fosse falar do tempo - Vocês estão namorando?
- Não sei - você responde com medo.
- Não sei também - do outro lado a insegurança também é clara.
- Ahhh, ainda não tiveram aquela conversa?
- Não! Quer dizer, que conversa? Não, acho que não... Ou já? Já tivemos?
- Não, acho que não! Conversa?
- Ahh então está na hora de ter! Vamos lá! Tenham! Não doi nada ter "a conversa". Vamos nós não temos a festa toda! - e seus amigos, como uma corja de idiotas, se prostram na sua frente e se montam como uma platéia de circo de horror, só que com os olhinhos apaixonados.
Você resolve que não há saída e pergunta:
- A gente tá namorando?
- Não sei! Acho que estamos... Estamos?
- Não sei, acho que estamos... Então vamos dizer que estamos?
- Vamos?
- Ahhh, namora comigo então?
- Tá! Namoro!
Preciso dizer a cara dos amigos nessa hora? Não, né? Se bem que se for pensar bem, eu não sei. Porque estava olhando pra outro lugar!

Thursday, July 10, 2008

JUNTAR AS ESCOVAS

Tarde de sábado, dia lindo e frio, você arrumando umas gavetas, toca seu telefone:
- Oi!
- Oi! Tudo bem? Você tá ocupado?
- Um pouco, mas pode falar... Estou arrumando umas gavetas.
- Arrumando gavetas? Com um dia desses? Só você mesmo... O que aconteceu? Colocaram as meias no lugar errado?
- Não... É que a moça passou as camisetas diferente do que estão na pilha... Acho que ela esqueceu de usar o gabarito que eu dei pra ela... Estou dobrando todas do mesmo tamanho... Ahh vc me conhece. Mas fala! Tá tudo bem?
- Tá sim... Quer dizer... Eu queria conversar com você...
- Ai que medo desse "quer dizer"! Conversa! Aconteceu alguma coisa? Quer vir pra cá?
- Bom, na verdade quero sim... Foi por isso que eu liguei...
- Então vem. Vem agora! Você está me deixando preocupado...
- Agora eu não vou... Posso ir daqui uns 20 dias?
- Que?
- É... Ir daqui uns 20 dias e ficar por seis meses?
- QUE? Como assim? Quer pelo amor de Deus dizer coisa com coisa? Você tomou algum remédio forte? Bateu a cabeça? Sua vista está escura?
- Péra Zagaia... Vou te explicar... Meu contrato de aluguel acabou, eles subiram muito o preço de onde eu estou morando. O apartamento que eu estou comprando só fica pronto em janeiro. Eu queria que você me deixasse morar com você por 6 meses... É isso...
- Nossa! Hãaa! Claro! Tudo bem... Mas como assim? Desculpa, você me pegou muito desprevinido. Morar comigo? Você sabe como eu sou neurótico? Eu arrumo gavetas em um dia como hoje! Eu tenho uma esponja pra cada tipo de louça! Eu separo meias e cuecas por cor, eu lavo todas as roupas separadas de acordo com que está escrito na etiqueta, eu faço arroz e feijão pra semana inteira as 3 horas da manhã, eu faço tortas e bolos quando eu estou com tédio, meu guarda-roupa é em degradê, eu uso o vaporeto no sofá, eu tiro o pó antes de a moça vir porque eu acho que ela não liga pra isso, eu muitas vezes refaço o trabalho dela e eu fico doente quando tiram minhas coisas do lugar! Você tem certeza que quer morar comigo? Eu vou transformar sua vida em um inferno!
- Tudo bem...
- Tudo bem? Eu te conto minhas piores manias e você fala "tudo bem"?
- Ah Zá... Tudo bem... Eu quero assim mesmo...
- É?
- É...
- Mesmo tendo tudo isso de ruim?
- Sim. Sabe por que?
- Porque você bebe?
- Não. Porque você é meu amigo e a gente vai superar isso tudo.
Fofo né? Primeiro de agosto eu vou ter um roommate.

Friday, June 13, 2008

A CUECA FANTASMA

Semana passada eu tive um hóspede, um amigo estava reformando o apartamento dele e resolveu trocar o horror de uma obra, por uma boa companhia e risadas até cair no sono. Eu nunca tinha hospedado ninguém na vida e não sabia como me portar, o que oferecer, então fiz como a minha mãe, enchi a geladeira de doces, tortas, e bolos e achei que estava tudo bem. Nem preciso dizer que sobrou muita comida ao final dessa semana e que nós pouco nos vimos, há não ser pelas risadas que realmente rolavam até cairmos no sono.
Essa semana, o anjo que trabalha em casa foi lá no dia de costume, pra botar em ordem a casa depois que dois homens dividiram o apartamento. Quando eu cheguei do trabalho havia um bilhete com uma cueca em cima da cama: "seu amigo deve ter esquecido essa cueca", dizia o bilhete. Sim obviamente aquela cueca não era minha, ainda bem que o Anjo tem noção, ela não entraria nem na minha coxa. Liguei pro meu amigo e falei:
- Oi Nego, você esqueceu uma cueca aqui em casa.
- Eu? Eu não senti falta de nada...
- É mas tá aqui... É uma preta, com uma etiqueta da bandeira da Suiça.
- Bandeira da Suiça?
- É... Quando a gente se encontrar eu te levo a cueca.
- Como bandeira da Suiça?
- Como assim? Uma bandeira da Suiça, na etiqueta... Uma cueca preta com a bandeira da Suiça!
- Zagaia... - houve uma pausa dramática - Essa cueca não é minha...
Sim, eu me senti como naqueles episódios das histórias de terror que o Mário Lago apresentava no Fantástico, onde a "mãe da Berenice" levava flores pra alguém e uma outra pessoa acabava dizendo que a "mãe da Berenice" já havia morrido.
- Como não é sua? Como que uma cueca que não é minha veio aparecer na minha casa? Se a "moça" que trabalha aqui estivesse lavando roupa pra outros moradores do meu prédio ela não ia se denunciar me mostrando a cueca... e isso também não pode ter caido na minha área de serviço... tem uma rede lá!
- É Zagaia, eu sei... Você não levou ninguém aí? Alguém pode ter esquecido...
- Como assim? Você está achando que eu organizei uma suruba na minha casa? E alguém por acaso acabou esquecendo a cueca? Isso é impossível, ninguém entrou aqui nesses dois meses! Que juízo você está fazendo de mim?
- O de alguém que se diverte... Bom, deixa eu desligar que eu estou entrando na academia... Boa sorte com o "mistério da cueca".
Pode? O cara mora comigo por uma semana e ainda duvida da minha boa reputação? Até o final desse post, o Mistério da Cueca Fantasma ainda não teve solução...

Friday, May 16, 2008

QUEM RECLAMA...

Faz algum tempo, postei uma história sobre o barulho que meus vizinhos do 81 faziam ao transar no meio da madrugada. Achei que isso me incomodava... Ledo engano.
Os antigos vizinhos foram perturbar outros mortais com suas noites de sexo alucinantes, o 81 ficou desalugado meses, passando por reformas que tiravam o meu sono aos sábados de manhã, até que um novo casal mudou para o famigerado apartamento em cima do meu. Nos primeiros dias claro, eles tinham acabado de mudar, era normal fazerem muito barulho, dei um desconto. Aí veio o feriado, eu viajei, nem liguei se eles pularam até cair dentro da miha sala, mas ao chegar na segunda a noite senti que o barulho de 'estamos mudando' ainda se fazia presente.
Manhã de terça, 7h15: Um saltinho frenético passeava em cima da minha cabeça. Não é analogia não, é em cima da minha cabeça mesmo. Toc, toc, toc, algum tempo no lugar, toc, toc, toc, outra paradinha. Eu podia saber onde a desgraçada estava. Se estava no banheiro, na sala, cozinha, quarto. De repente ela deixou cair alguma coisa no banheiro, sim porque ela é estabanada, e eu a escutei catar coisa por coisa do que parecia ser um estojo de maquiagem.
Quando deu mais ou menos 15 para as 8 ela começou a corrrer, a maldita devia estar atrasada. E não parou mais de correr até as 8h15 mais ou menos. Sim eu acordo as 8, mas quem disse que eu gosto de acordar com um terremoto acontecendo no andar de cima? Isso vem se repetindo diariamente.
Além disso, quando eu chego da academia, morto de mal humor porque eu odeio ser obrigado pela sociedade a malhar, deve ser a hora que a desalmada treina com bolas de golf no chão da sala, sem me deixar ouvir o a Dra. Grey está dizendo na TV.
Sinto que meus dias de 'vizinho bacana' estão chegando ao fim, a 'Bruxa do 71' vai nascer com fúria e será odiada por 10 entre 10 moradores desse edifício. Quem mandou reclamar dos vizinhos que transavam? Pelo menos era divertido...

Friday, May 09, 2008

CLASSIFICAÇÃO DE FILMES

Tarde chuvosa, nenhuma vontade de trabalhar, por volta das 5h. A conversa com um amigo rolava solta no MSN:

Amigo: Você lembra de uma seriado que tinha uma bruxa? Que quando ela estava pra baixo, abria uma porta de onde saíam vozes gritando: "Linda! Gostosa!"? Gente assobiando? E de onde também vinham flashes de câmeras?
Eu: Não! Mas bem que eu queria uma porta dessas em casa.
Amigo: Com todo mundo te chamando de gostoso? Só pra se jogar lá dentro né?
Eu: Ou pra puxar alguém pra fora. Eu não preciso de muito não. Uma pessoa só basta.
Amigo: Aí no dia seguinte você abre de novo a porta e troca, né?
Eu: Não... Eu pego amor! Eu sou daqueles que nunca devolvem os filmes no dia certo na locadora! Sempre devolvo com atraso.

E foi aí que começou uma das melhores analogias que eu já tive com um amigo em uma conversa de MSN.

Amigo: Quando devolve, né? Se o filme for muito do seu interesse você nem devolve.
Eu: É. Mas as vezes o filme foge. E volta pra prateleira, de onde nunca deveria ter saído. Tem filme que nasceu pra prateleira.
Amigo: Também tem aqueles que você assite uma vez, acha maravilhoso, e depois de 10 vezes não aguenta mais.
Eu: É! E tem filme fácil de esquecer, filme trash, filme melado demais, filme com mensagem subliminar.
Amigo: É tem mesmo! E tem também uns que são bem ruinzinhos, que a gente passa longe e aqueles que achamos tão bons que temos medo de ver!
Eu: Tem aqueles que você se apaixona, aqueles que você nunca mais esquece...
Amigo: Tem os de comédia, os de aventura... Os pornozinhos, que não são nada ruins, os tristes que te fazem chorar muito, os que te dão medo, os que te fazem rir. Tem os de arte, que você tem que colocar o óculos pra entender. Tem os clássicos, os mudos. Tem aqueles que o trailler é muito bom, mas quando você vai assistir não tem conteúdo nenhum. Tem aqueles que do nada, você nem sabia que ia assistir e te surpreendem...
Eu: Tem aqueles que são previsíveis, que você já sabe onde vai dar. Tem os com muito efeito especial. Tem os filmes de viagem, os que duram um dia, os em tempo real...
Amigo: Tem aqueles que você não entende nada...
Eu: Tem os com final feliz...
Amigo: Tem aqueles que não tem final, os que tem continuação...
Eu: É, e que viram trilogias...
Amigo: Tem aqueles que você começa a assistir num dia, depois continua na outra semana e só vai terminar de ver depois de um mês.
Eu: Eu acho que já fui um desses, mas deixa pra lá... E tem também aquele que só serve pra te fazer esquecer o último filme que você viu. Aquele que volta lá sempre só pra dar uma assistidinha nas melhores partes.
Amigo: Tem mesmo! E tem também aqueles que está tudo pronto, pipoca comprada mas não tem filme.
Eu: E tem sempre aquele que ninguém nunca ouviu falar, ou não sabe o nome...
Amigo: É mas tem também aquele que todo mundo já viu! Os blockbusters!
Eu: Ahhh esses sempre vão existir... Mas outros que também vão sempre existir são os filmes da nossa vida. Aqueles que a gente não esquece nunca, que sempre vai lembrar com carinho...

Ruim catalogar seus relacionamentos como se catalogam filmes? Pois é, mas muitas vezes eles não são mais do que isso... Histórias pra contar.