Trabalhar em uma sala com outras pessoas é como fazer diariamente terapia de grupo. Sempre há um tema rolando e todos, meio que, como no analista, vão soltando frases, sem olhar uns pros outros, com o foco de atenção em outro lugar. Além disso, a privacidade chega a níveis ridículos, e é quase obrigatório saber dos detalhes mais sórdidos, da vida das pessoas que sentam ao seu lado.
Esta semana, durante dois dias o tema em questão teve um certo ar nostálgico. Conversamos sobre doces que gostávamos quendo éramos crianças, sobre quem assistia a qual programa, sobre quem era da época da corrida de cavalinhos do Bozo, sobre quem brigava com os irmãos, sobre qual era o pior castigo que nossas mães nos aplicavam, sobre qual era o nosso sonho de consumo em se tratando de brinquedos velhos, e por fim sobre qual era a nossa brincadeira preferida.
Devo dizer que por ser o único homem em uma sala com com mais 4 mulheres, as Barbies ganharam na preferência da amostragem, com larga vantagem. Ainda por cima a descrição das brincadeiras teve teve uma riqueza, jamais vista em outras dicertações. Ouvi durante toda uma tarde relatos do tipo: "Na minha época não tinha o Ken, nem os filhos da Barbie, então eu usava o Falcon do meu irmão como marido, e a Moranguinho era a filha!"; ou ainda: "A minha Barbie criava o Meu Querido Pônei no quintal da casa dela!"; ou melhor: "Meu Ken não servia pra nada, ele só ia trabalhar e ficava sentado no sofá, agora minha Barbie só se arrumava, se penteava e trocava de roupas o dia inteiro, sentada nos potes de Danete!".
Por ter uma irmã que sempre fez parte da minha vida e que sempre foi uma das minhas grandes amigas, eu sabia exatamente do que elas estavam falando, de todo esse "reaprovaitamento" da linha Estrela pra ajudar a criar o mundo da Barbie, da problemática das Barbies brasileiras serem branquelas e não poderem de forma nenhuma molhar o cabelo, da sucata de potes de iogurte, yakult e caixas de sapato que se tornava esse tipo de brincadeira e do poder de imaginação que era preciso pra tornar aquele monte de plástico, papelão e lixo numa fábrica de histórias de futilidade, ambição e desejo de consumo.
Isso tudo também me fez pensar onde estariam aquelas Barbies que fizeram a alegria da minha irmã durante tantos anos, e que enfeitaram o quarto dela em lugar de honra durante toda a infância. Todas aquelas Barbies, que tinham nomes intrasferíveis e importados, que sempre estavam lindas e sorrindo, paradas na prateleira. Quando fui perguntar à minha irmã onde estavam aqueles pilares do bom gosto da década de 80, a hoje já mulher de 27 anos, me respondeu displicente que estavam no sótão, em alguma caixa, junto com todas as roupas e com todos os acessórios que elas, as bonecas, usaram até gastar.
Pobres Barbies... Tão ricas e poderosas antes, e agora tão sozinhas e com furos nas roupas. Hoje, quando passo pela entrada do sótão, na casa da minha mãe, é impossível não pensar, que aquelas Barbies que eram "tudo que minha irmã queria ser" hoje, dariam de tudo para ser só um pouco do ela é.
Esta semana, durante dois dias o tema em questão teve um certo ar nostálgico. Conversamos sobre doces que gostávamos quendo éramos crianças, sobre quem assistia a qual programa, sobre quem era da época da corrida de cavalinhos do Bozo, sobre quem brigava com os irmãos, sobre qual era o pior castigo que nossas mães nos aplicavam, sobre qual era o nosso sonho de consumo em se tratando de brinquedos velhos, e por fim sobre qual era a nossa brincadeira preferida.
Devo dizer que por ser o único homem em uma sala com com mais 4 mulheres, as Barbies ganharam na preferência da amostragem, com larga vantagem. Ainda por cima a descrição das brincadeiras teve teve uma riqueza, jamais vista em outras dicertações. Ouvi durante toda uma tarde relatos do tipo: "Na minha época não tinha o Ken, nem os filhos da Barbie, então eu usava o Falcon do meu irmão como marido, e a Moranguinho era a filha!"; ou ainda: "A minha Barbie criava o Meu Querido Pônei no quintal da casa dela!"; ou melhor: "Meu Ken não servia pra nada, ele só ia trabalhar e ficava sentado no sofá, agora minha Barbie só se arrumava, se penteava e trocava de roupas o dia inteiro, sentada nos potes de Danete!".
Por ter uma irmã que sempre fez parte da minha vida e que sempre foi uma das minhas grandes amigas, eu sabia exatamente do que elas estavam falando, de todo esse "reaprovaitamento" da linha Estrela pra ajudar a criar o mundo da Barbie, da problemática das Barbies brasileiras serem branquelas e não poderem de forma nenhuma molhar o cabelo, da sucata de potes de iogurte, yakult e caixas de sapato que se tornava esse tipo de brincadeira e do poder de imaginação que era preciso pra tornar aquele monte de plástico, papelão e lixo numa fábrica de histórias de futilidade, ambição e desejo de consumo.
Isso tudo também me fez pensar onde estariam aquelas Barbies que fizeram a alegria da minha irmã durante tantos anos, e que enfeitaram o quarto dela em lugar de honra durante toda a infância. Todas aquelas Barbies, que tinham nomes intrasferíveis e importados, que sempre estavam lindas e sorrindo, paradas na prateleira. Quando fui perguntar à minha irmã onde estavam aqueles pilares do bom gosto da década de 80, a hoje já mulher de 27 anos, me respondeu displicente que estavam no sótão, em alguma caixa, junto com todas as roupas e com todos os acessórios que elas, as bonecas, usaram até gastar.
Pobres Barbies... Tão ricas e poderosas antes, e agora tão sozinhas e com furos nas roupas. Hoje, quando passo pela entrada do sótão, na casa da minha mãe, é impossível não pensar, que aquelas Barbies que eram "tudo que minha irmã queria ser" hoje, dariam de tudo para ser só um pouco do ela é.