Monday, February 16, 2009

PEQUENOS ENCONTROS

A Adriana estava conversando com o Silvio fazia tempo na internet, papo vai, testemunhal no orkut vem, volta uma piadinha no msn e os dois começaram a pensar em se conhecer. Ligaram a camera e foi só alegria, ambos não mentiram, nem usaram o Photoshop e pra uma sexta enfim, marcaram a data do encontro.
Iriam se encontrar numa baladinha que a Adriana sempre ia com as amigas, se o cara fosse péssimo ela teria outras opções, se fosse bom ela beijaria e se fosse um maníaco as amigas estariam lá pra ajudar. Na hora e no dia marcado a Adriana posava de sentinela, com o olho vidrado na balada procurando o Silvio.
Como o Silvio estava demorando a aparecer, e as amigas da Adriana já estavam se dando bem ela resolveu pegar um drink, que logo se transformou em dois, três, cinco... até que ela sentiu um puxão no braço: "Adriana!?". Ela virou louca pra achar ali o cara que fazia tempo ela queria encontrar, mas não viu nada, até olhar pra baixo...
Sim o Silvio era uns 25 centímeros mais baixo que ela... Não que a Adriana fosse alta, e nem que homens mais baixos fossem um problema pra ela, não eram, até ela encontrar o Silvio. Como pode ser tão tapada! Nunca tinha perguntado a altura dele! O sorriso amarelo foi a única resposta que o cérebro dela achou naquela hora:
- Ahhh! Já sei! Você não gostou...
- Eu? Não, imagina Silvio... Não é isso não!! Adorei!
- Puxa que bom!! Eu também adorei você! - e já veio abraçando...
- Que legal! - disse a Adriana tentando se livrar do abraço. - Que bom que a gente se gostou né? Mas eu estou tão cansada hoje...
- Tudo bem, eu também estou... Podemos sair daqui e ir tomar alguma coisa...
- Melhor não eu já tomei demais.
- Um café.
- Melhor não!
- Poxa eu vim de tão longe pra te encontrar...
- É verdade... Liliput fica mesmo do outro lado do mundo.
Ao dizer isso a Adriana levou as mãos a boca, mas já era tarde demais. As palavras e a piada sairam sem pensar direto pro coração do jovem doende, que virou as costas e saiu sem deixar vestígios, sem nem mesmo precisar dizer seu nome ao contrário...
A Adriana ficou uns 15 minutos parada, tentando entender o motivo da sua frieza e da maldade da sua piada. Não entendeu, tentou se desculpar sem sucesso e até agora está pensando de que parte dela que saiu aquela flecha. Vai entender...

Tuesday, February 10, 2009

QUANTO TEMPO FAZ

Eu sei que é feio escutar conversa dos outros, mas tem horas que não dá... Quando o papo é baixaria, eu me torno uma espécie de minha mãe e vou embora no papo alheio. Duas mulheres, até que bonitas, sentadas na minha frente no avião:
- Nossa!
- Nossa o que?
- Meu só de entrar em avião eu penso em quanto tempo faz que eu não vejo um pinto!
- O que isso tem a ver?
- A última vez que eu vi um pinto foi quando eu fui pra Nova York, em novembro.
- Ishhh, nem te falo da minha vida então.
- Por que, faz mais tempo?
- Lembra quando eu fui a Espanha em outubro? Outubro? Estamos em fevereiro, faça as contas...
- Affff... Bom, ando tão desesperada que tem certos momentos que eu penso em pagar um cara. Pagar mesmo, um daqueles bem fetiche. Só pra ele me mostrar, deixar eu pegar e eu falar tchau.
- Ahhh não, se eu estiver pagando ainda tem que dizer que me ama.
- É! Boa! Tem que dizer que me ama... Depois ir embora e me ligar no dia seguinte. Só pra dizer que está com saudade.
- Posso falar? Isso eles não fazem nem pagando.
- Mas eu ia fazer assim: Pagava primeiro pela pegada, vistoria e diálogo e depois pagava pela ligação do dia seguinte.
- Boa tática!
- Eu sou boa nisso!
- Mas, agora sério... Você teria coragem?
- Só pra zerar o cronometro? Sim, acho que teria...
- É?
- É. Acho que sim... Quer dizer, sei lá... Se eu estivesse desesperada.
- Mas você não disse que estava desesperada?
- Mas não a esse ponto! Muito deprê!
- Também acho.
- Antes disso eu toparia até ligar pro Chicão!
- Credo!!
- Ahh sei lá, pelo menos eu não teria que pagar pra ele dizer que me ama!
Depois disso as moças foram em silêncio absoluto até o Rio de Janeiro. Se a viagem fosse até Palmas, eu acho que saberia mais...

Monday, February 02, 2009

PARAR NO MEIO

Tem certas coisas na vida que não podemos dessitir de fazer depois de um determinado momento. Saltar de paraquedas, andar em uma montanha russa alucinate ou pintar sozinho o seu apartamento são algumas delas... Não dá pra desistir, começou tem que ir até o fim. Deviam ter contado isso pro Guilherme!
A Paula conheceu o Guilherme num desses momentos da vida que era melhor continuar sozinha do que conhecer alguém. Mas fazer o que? Ela o conheceu e pronto. Ficaram uma, duas, dúzias de vezes e tiveram dezenas, centenas e milhares de problemas. Tudo que no começo dos dois foi bacana, depois de um tempo azedou, estragou ou virou merda... Eles não davam certo e pronto! Sempre que tentavam, que se encontravam ou ficavam, o final era sempre o pior.
O tempo passou, não se viram por um par de anos, um namorou umas, outra outros e numa bela noite a Paula tava lá: toda se esfregando na parede da boate com um peguete, quando o Guilherme apareceu!
Entre um beijo e outro a Paula olhava pra ver se o Guilherme continuava lá, pra ver se ele tinha visto ela com o cara, e sim, ele ainda estava lá e sim, estava olhando pra ela com o cara. Foi num segundo que o peguete deu um tempo que o Guilherme se aproximou e comprimentou a Paula e o cara. Conversaram civilizadamente, o Guilherme se afastou, mas continuou olhando... Foi num golpe de mestre do destino o peguete saiu de cena e a Paula se viu com o Guilherme sozinha... Conversando com um gin tônica na mão, o terceiro da noite:
- Tanto lugar na balada, e você tinha que ficar aqui do meu lado?
- É que eu queria atrapalhar.
- Conseguiu. O que mais você quer agora?
- Ir embora com você...
Nesse momento um filme com a história dos dois passou na cabeça da Paula, mas ela não prestou atenção, estava beijando o Guilherme...
No carro indo pra casa dele a tensão e o tesão eram enormes, finalmente eles iam fazer o que sabiam fazer muito bem, sem culpa sem problemas e sem pensar no amanhã... Ia ser ótimo e ambos iam lavar a alma de um passado conturbado e nem se ligar no dia seguinte.
Ia ser ótimo... Ia, no passado mesmo, vocês entenderam bem! Sim, porque no meio da coisa, com tudo conturbado como estava sendo, ela de calcinha, ele de cuecas, a Paula escuta um:
- Vai começar tudo de novo, né? Se veste. Eu vou te levar pra casa!
- Que? - isso só podia ser ou efeito do gin, ou o fato de ele ter achado que ela engordou.
- Eu não quero que comece de novo, eu vou te levar embora. Se veste!
Foi mais ou menos nessa hora que tudo ficou preto, e a Paula bateu no Guilherme. Bateu não! Ela socou o Guilherme. Socou mesmo, sem dó e pra valer.
Numa mistura de choro e gritos irados eu fiquei sabendo dessa história as 5h da manhã, com a Paula pendurada no telefone, enquanto provavelmente, em algum lugar de São Paulo o Guilherme pensava em como curar um olho roxo. A Paula jura que esse foi o fim da história deles, mas com certeza o Guilherme agora está sabendo que pra certas coisas , é melhor chegar ao fim do que parar no meio...