E então chega a hora do almoço no sábado eu estou sem nada para fazer. Um amigo me liga e diz que está indo com umas amigas cariocas à Liberdade, passear e almoçar por lá. No geral o programa já cheira a roubada, mas eu acabei aceitando, nem imaginando que aquele almoço iria mudar minha vida para sempre.
Depois de almoçar num daqueles restaurantes japoneses sujinhos, em meio a passeios por lojas que não vendiam nada que eu estivesse com vontade comprar e mercadinhos que não oferecessem nenhum alimento facilmente identificado, uma das amigas do seu amigo começa desesperadamente a perguntar em alguns lugares por um tal de: sorvete de melão.
Era o que me faltava né? Ter que rodar no meio daquele monte de gente, procurando um sorvete de melão! Com o Sol a pino, a garganta já seca e os sashimis recém comidos, boiando no meio do misoshiro que eu arrematei no final do almoço. A essa altura eu já estava completamente arrependido de ter aceito o convite e pensava seriamente em me jogar do viaduto ou em rolar pela calçada dando gargalhadas histéricas. Desisti de rolar pela calçada, porque os ratos somados ao cheiro de peixe e lixo eram capazes de me transformar em alguma espécie mutante de besta mal-humorada. Foi aí que a amiga do meu amigo, chegou com notícias:
– Olha pessoal! Osh carash (ela era carioca!), alí daquela lanchonete disseram que o carregamento deles já vai chegar, que é só a gente esperar um pouquinho.
Ficamos parados então na frente do botequinho. As cariocas animadas, o meu amigo fazendo o meio de campo e eu com um bode preto amarrado na perna, louco de vontade de deitar e dormir, até que, eu vejo de longe um "chinezinho" carregando mais ou menos o dobro da altura dele em caixas. Ele entra no boteco, nós entramos também e imediatamente atrás de nós se formou uma imensa fila de gente desesperada perguntando: "Vocês estão na fila? É pro sorvete?".
Preciso falar que eu fiquei abobado? Um monte de viciados em sorvete de melão, que deviam estar rodando a Liberdade inteira, começaram a tirar dinheiro sabe Deus de onde e gritar na fila que já não cabia no lugar! Minha primeira reação obviamente, foi tirar 5 reais da carteira e provar o motivo que deixava aquelas pessoas tão loucas. Claro que tive que fazer uso de cotoveladas, tentar impor respeito com meu tamanho para finalmente colocar em minhas mãos, o Melona.
Sim, esse era o nome do sorvete. Melona. A embalagem era bonita, transmitia confiança, a fabricação é coreana e o formato era mais ou menos parecido com aquele sorvetão de Itú, só que quadrado dos lados e ele tinha mais ou menos a cor de um creme de abacate fresquinho.
Quando eu coloquei o Melona na boca, o mundo parou de existir ao meu lado.
Dei um espaço a mais, porque realmente uma lacuna no tempo se abriu enquanto aquela massa gelada se desmanchava na minha boca. O sabor era... Como eu posso descrever...? Era como se Deus, depois de ter criado flores, pássaros, rios, humanidade e tudo mais, tivesse criado algo realmente perfeito, uma fruta divina, um néctar da existência e depois disso fizesse um sorvete com essa fruta. Era indescritível. Era o mais puro gosto do melão que alguém já podia ter provado. Aquele sabor justificava tudo. Minha única idéia quando aquele sorvete acabou, era que eu só seria feliz se um dia eu nadasse em uma piscina de Melona.
Tentamos comprar mais, mas já estava acabando e a fila estava cada vez pior. Então decidimos voltar para casa e no caminho acho que todos sentimos um mesmo vazio, precisarímos ter o Melona ao nosso lado para sempre.
E pelo visto não fomos só nós que nos sentimos assim... Isso aconteceu mais ou menos há uns dois meses e hoje o Melona já ficou famoso, conhecido entre os absurdinhos e pode ser comprado até no Conjunto Nacional. Se eu soubesse que seria assim hoje em dia, com certeza não teria perdido tempo com meus amigos, bolando o sequestro do chinezinho que carrega o Melona.
Depois de almoçar num daqueles restaurantes japoneses sujinhos, em meio a passeios por lojas que não vendiam nada que eu estivesse com vontade comprar e mercadinhos que não oferecessem nenhum alimento facilmente identificado, uma das amigas do seu amigo começa desesperadamente a perguntar em alguns lugares por um tal de: sorvete de melão.
Era o que me faltava né? Ter que rodar no meio daquele monte de gente, procurando um sorvete de melão! Com o Sol a pino, a garganta já seca e os sashimis recém comidos, boiando no meio do misoshiro que eu arrematei no final do almoço. A essa altura eu já estava completamente arrependido de ter aceito o convite e pensava seriamente em me jogar do viaduto ou em rolar pela calçada dando gargalhadas histéricas. Desisti de rolar pela calçada, porque os ratos somados ao cheiro de peixe e lixo eram capazes de me transformar em alguma espécie mutante de besta mal-humorada. Foi aí que a amiga do meu amigo, chegou com notícias:
– Olha pessoal! Osh carash (ela era carioca!), alí daquela lanchonete disseram que o carregamento deles já vai chegar, que é só a gente esperar um pouquinho.
Ficamos parados então na frente do botequinho. As cariocas animadas, o meu amigo fazendo o meio de campo e eu com um bode preto amarrado na perna, louco de vontade de deitar e dormir, até que, eu vejo de longe um "chinezinho" carregando mais ou menos o dobro da altura dele em caixas. Ele entra no boteco, nós entramos também e imediatamente atrás de nós se formou uma imensa fila de gente desesperada perguntando: "Vocês estão na fila? É pro sorvete?".
Preciso falar que eu fiquei abobado? Um monte de viciados em sorvete de melão, que deviam estar rodando a Liberdade inteira, começaram a tirar dinheiro sabe Deus de onde e gritar na fila que já não cabia no lugar! Minha primeira reação obviamente, foi tirar 5 reais da carteira e provar o motivo que deixava aquelas pessoas tão loucas. Claro que tive que fazer uso de cotoveladas, tentar impor respeito com meu tamanho para finalmente colocar em minhas mãos, o Melona.
Sim, esse era o nome do sorvete. Melona. A embalagem era bonita, transmitia confiança, a fabricação é coreana e o formato era mais ou menos parecido com aquele sorvetão de Itú, só que quadrado dos lados e ele tinha mais ou menos a cor de um creme de abacate fresquinho.
Quando eu coloquei o Melona na boca, o mundo parou de existir ao meu lado.
Dei um espaço a mais, porque realmente uma lacuna no tempo se abriu enquanto aquela massa gelada se desmanchava na minha boca. O sabor era... Como eu posso descrever...? Era como se Deus, depois de ter criado flores, pássaros, rios, humanidade e tudo mais, tivesse criado algo realmente perfeito, uma fruta divina, um néctar da existência e depois disso fizesse um sorvete com essa fruta. Era indescritível. Era o mais puro gosto do melão que alguém já podia ter provado. Aquele sabor justificava tudo. Minha única idéia quando aquele sorvete acabou, era que eu só seria feliz se um dia eu nadasse em uma piscina de Melona.
Tentamos comprar mais, mas já estava acabando e a fila estava cada vez pior. Então decidimos voltar para casa e no caminho acho que todos sentimos um mesmo vazio, precisarímos ter o Melona ao nosso lado para sempre.
E pelo visto não fomos só nós que nos sentimos assim... Isso aconteceu mais ou menos há uns dois meses e hoje o Melona já ficou famoso, conhecido entre os absurdinhos e pode ser comprado até no Conjunto Nacional. Se eu soubesse que seria assim hoje em dia, com certeza não teria perdido tempo com meus amigos, bolando o sequestro do chinezinho que carrega o Melona.