Sunday, November 05, 2006

MINHAS FÉRIAS

Foi nas redações da escola com esse título típico de volta às aulas, que a Mônica pensou quando fechou a viagem com as amigas pra Fernando de Noronha. O pacote não foi barato, na verdade ela teria preferido Nova Iorque, mas suas amigas fizeram tanta pressão que no final a Mônica acabou topando, pois tudo que envolvia suas outras quatro amigas era divertido e acabava rendendo histórias para a vida toda. Além de tudo ia ser bom a Mônica viajar só com as meninas sem o Edu, seu namorado, ia ser uma despedida de solteira, já que eles estavam na beira do altar, só que sem os go-go boys.
Logo ao chegar, Fernando de Noronha lhe custou mais ou menos uns 8 cartões de memória da câmera, o lugar era lindo, com paisagens que elas nunca jamais tinham visto ao vivo. A preservação, a vida marinha e a precariedade do local também faziam parte do que era legal e parece que conspirava para criar o clima de descanso e beleza.
Nos dois primeiros dias as meninas nadaram com golfinhos, fizeram trilhas incríveis, viram tartarugas, tomaram sol em praias desertas e chegaram mortas de cansadas ao hotel, prontas para dormir a noite toda. O problema foi que nos outros 5 dias da viagem, as meninas também nadaram com golfinhos, fizeram trilhas incríveis, viram tartarugas, tomaram sol em praias desertas e também chegaram mortas de cansadas ao hotel. Pra concluir, na última noite em Fernando de Noronha, a Mônica e as outras meninas preferiam ver o capeta, à uma gangue de golfinhos ou tartarugas fofas.
Foi da Rêzinha a idéia de perguntar alguma coisa pra monga lesada que ficava na recepção da pousada. A moça indicou uma "gafieira simplezinha", onde os locais da região iam se divertir aos sábados. E lá foram as moças aventureiras achando que nada seria pior do que ficar olhando umas para as caras das outras, num sábado a noite.
Não era difícil se sentir como a Brigitte-Jones-vestida-de-coelha-da-Playboy, sendo loira, linda e entrando num lugar como aquele. O público literalmente parou. Não se deixando intimidar pela situação a Mônica foi ao bar, pediu algo, tentou relaxar e se divertir.
Além da cara de Letícia Spiller, a atitude da Mônica deve ter mexido com a libido do poderosão da balada, o Carlão chegou rápido, decidido e cheio de marra pra tirar a moça pra dançar. Como não é de bom tom "dar tábua", e além de tudo dessa resposta dependia como todas as outras seriam tratadas pelo resto da noite, a Mônica aceitou o convite do Carlão, mesmo sabendo que aquilo tinha aquela cara que não ia terminar bem.
O Carlão era a personifição do fetiche do pescador errante, de toda moça solteira e descompromissada com a vida, que vai sozinha a uma praia deserta. O rapaz se tratava de um negão retinto, bonito e trincado, vestido de branco e cheirando a colônia de tirar o chapéu. Os dentes de um branco e o molejo de jeito que qualquer outra das suas amigas, que não tivesse namorado, ia querer conferir de perto nem que fosse somente pra poder contar contar depois.
Ao puxar a Mônica pra pista, o Carlão se mostrou "respeitador", ela disse que tinha namorado e ele se colocou a dançar com a mão na cintura dela, com o um adolescente de 11 anos. Lá pelo meio da música o Carlão relaxou, deu lá suas encoxadas na Mônica e começou a debruçar mais e mais o seu corpo sobre o dela.
Como aquela música já quase se mostrava um "Faroeste Caboclo" do forró, o Carlão teve tempo suficiente pra começar a suar feito um louco e pressionar a cintura da Mônica contra seus dotes, já não tão "respeitadores" assim. Essa atitude serviu pra coroar o final da viagem da moça, aquilo era o que bastava pra ela ter a certeza de Nova Iorque teria sido sem dúvida nenhuma uma idéia melhor.
Saturada daquele bate-coxa, da falta de respeito e coberta pelo suor do Carlão, a Mônica chegou ao ouvido dele e disse: "- Você sua muito!". Não é preciso nem contar a cara que ela fez quando o Carlão abriu um sorriso e respondeu: "Eu também vô sê seu todinho!".
Depois disso só restou pra ela passar a mão nas amigas e sair voada de lá, deixando o cara sem entender nada na pista e rezando pra ninguém descobrir onde elas se escondiam. A Mônica só saiu da pousada no dia seguinte, na hora de ir embora, e até hoje ela ainda arrepia ao pensar que o Edu, andou falando por aí em passar a lua-de-mel em Fernando de Noronha.